Reflexões e Inquietudes
Por Augusto Moita
07-10-2015 às 16:39
Caro leitor. Abordo nesta crónica, dois temas emergentes, a saber:
1º. ELEIÇÕES LEGISLATIVAS E REPRESENTATIVIDADE DEMOCRÁTICA:
Será já no próximo dia 04 de outubro, que seremos chamados a votar um novo governo e uma nova assembleia legislativa.
A decisão dos eleitores não se afigura nada fácil. Senão vejamos:
a) Não existe uma verdadeira alternativa de poder, porque a política portuguesa está bipolarizada (dois partidos para a governabilidade - a coligação PSD/CDS e o PS). A direita e a esquerda radicais não são, obviamente, opção;
b) Também não existe na sociedade portuguesa uma verdadeira cultura de compromisso (senão, os partidos mais votados estariam a governar-nos), como nos países nórdicos, onde o interesse do estado e consequentemente do seu povo, está acima dos interesses pessoais e partidários. Em Portugal, os partidos visam apenas o poder pelo poder, a qualquer preço, como forma de garantir a manutenção dos privilégios da classe e, a defesa dos “lobbies” económicos, financeiros e corporativos, que os sustentam;
c) A situação afigura-se-me tanto mais complicada, quanto sabemos que, quem realmente nos irá governar, será a “troika”, e não o governo saído das eleições. E disto, não tenhamos qualquer dúvida! O governo que vier a ser eleito, será, para uma vez mais, cumprir subservientemente, os ditames da “troika”, e não aplicar os seus programas de governo, não assumindo o cumprimento das promessas, isto, para além de, nenhum deles obter maioria absoluta. E depois… se não se entenderem, qual será o destino próximo (aberta a crise política; novas eleições)?
d) Depois! Bom, depois … temos as incongruências da democracia:
1º. A abstenção nas últimas eleições legislativas, foi de 41,93% (não votaram 4.035.539 eleitores inscritos, em um universo de 9.624.133)! Algum partido ou político valorizou este facto? Não significará que 41,93% dos eleitores não se reveem no sistema político e nos partidos do arco da governação e consequentemente quase metade dos eleitores não pretendem participar no regime político vigente! Que representatividade democrática (não está em causa a legitimidade) tem o partido vencedor para governar com estes resultados (relembro que o PPD/PSD, alcançou 38,65% dos votos e o CDS/PP apenas 11,70%). Conclui-se portanto, que a atual coligação no poder, representa apenas 2.793.069 de portugueses (alguma classe média, classe média-alta e classe alta), em um universo de 9.624.133 de eleitores inscritos, o que, convenhamos, representam uma minoria dos portugueses.
2º. Mas … em termos de incongruências em democracia, há mais! Como é possível em democracia, um partido que tem apenas 11,70% = 653.888 votantes (números absolutamente irrisórios) esteja na governança, com alguns ministros e, acima de tudo, com um vice-primeiro ministro.
3º. E não venham com ideologias (de esquerda e de direita). Então o nosso povo umas vezes é de direita, outras de esquerda? Não, trata-se apenas de falta de alternativas credíveis e, as que vão surgindo, são sempre de esquerda e radicais, o que facilita e promove a bipolarização. Ou me engano muito ou a abstenção vencerá, de novo, as próximas legislativas e as vindouras, se nada se alterar no atual sistema eleitoral (porque não, o voto obrigatório?), até lá.
A pré-campanha que temos vindo a assistir, deveria envergonhar os políticos que a protagonizam.
O atual governo deveria pedir desculpas aos portugueses pelas falácias proferidas nesta pré-campanha e não só (números do desemprego; encargos com a dívida, contratos PPP, entre outras).
Este foi um mero exercício de retórica especulativa. A minha inquietude reflexiva leva-me, por vezes, a especular sobre assuntos incomuns. Mas… reflitam sobre isto e votem!
2º. UNIVERSIDADE OU ACADEMIA? CREDIBILIZAÇÃO DO ENSINO SENIOR:
- Volto a este tema, por me parecer que tenho algo mais a opinar. Assim:
a) Desde sempre, não concordo com o sintagma: UNIVERSIDADE DA TERCEIRA IDADE!
As Universidades tradicionais são estabelecimentos de ensino e formação de alunos (sujeitos a avaliação permanente) para a vida ativa, i.e, licenciados (licença para o exercício de determinada profissão) e outros graus (mestrado e doutoramento) e, apresentam três vetores essenciais: o ensino, a pesquisa e o serviço à comunidade, através da investigação e de parcerias com as organizações, nomeadamente empresas (Ex.: I&D = Investigação & Desenvolvimento de novos produtos).
As chamadas Universidades para a Terceira Idade teem como objetivos primordiais, proporcionar o envelhecimento ativo e saudável com a realização de atividades intelectualmente estimulantes visando a melhoria da qualidade de vida da população sénior (reformados), proporcionando-lhes convívio e aprendizagens informais, por forma a sentirem-se úteis e capazes de interagirem em atividades socioculturais. Não são sujeitos a avaliações e consequentemente não são atribuíveis graus académicos.
Na minha modesta opinião o sintagma que se coadunava, seria: ACADEMIA PARA A TERCEIRA IDADE ou preferencialmente ACADEMIA SÉNIOR, porque efetivamente, os objetivos de ambas, são díspares (teem inegavelmente diferentes propósitos). Até para evitar-se confusões!
Posto isto e antevendo um futuro próximo, foco-me agora em um outro tema que reputo de muito importante e do qual já manifestei a minha opinião, em privado. Introduzo agora à “discussão pública”, se assim se pode apelidar, que se pretende construtiva, através desta crónica.
Trata-se da introdução nas UTI’s de uma Unidade Curricular (UC), a FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA SENIORES, com vista à formação inter-relacional e gerontagógica (conceituo, como o processo de ensino e aprendizagem da pessoa idosa) dos professores voluntários que assumissem, por honestidade intelectual, terem insuficientes qualificações/competências nas áreas descritas e serão muitos, dado não existir, estatutariamente, nas UTI’s a exigência de um mínimo de formação académica, ou estabelecer-se um perfil para o candidato a professor ao ensino sénior. Tanto quanto julgo saber, também não existe no nosso país quem dê formação a quem pretenda enveredar pelo ensino de seniores. Não estou englobando os artesãos, artesãs e/ou outras atividades de cariz prático (fazer-fazer). Também penso que os candidatos a professores deveriam estar obrigados à apresentação do plano de ação da sua Unidade Curricular (UC), bem como dos planos de sessão (aulas), até para não dar azo à sobreposição de matérias e, também para determinação da adesão (número de alunos inscritos) nas respetivas UC’s.
Pelo exposto, parece-me pertinente e motivo de discussão, a existência desta UC em todas as UTI’s e/ou a implementação de perfil para professor e a obrigatoriedade de apresentação do plano de ação da UC, pelos seguintes pressupostos:
1º. Tenho a perceção de que se assiste a uma nova vaga de reformados cada vez mais jovem e mais escolarizada. Naturalmente com outros níveis de exigência, procuram novas aprendizagens de forma competencial/informal e, no futuro talvez formal, neste tipo de estabelecimentos.
2º. E, porque penso que, em resultado das habilitações académicas que possuem e das profissões que exerceram e pela sua meia-idade, estimularam naturalmente o seu potencial cognitivo, aumentando portanto os seus graus de criticismo e de exigência, que não se compadecerá, em um futuro próximo, com professores inaptos;
3º. E com a evolução natural, mais tarde ou mais cedo, em parcerias, digo eu, poderão as UTI’s vir a certificar alguns dos cursos ministrados, por passarem a ter um papel mais interventivo, mas para que tal aconteça, são necessários professores habilitados e competentes (com perfil adequado).
Esta é a minha sincera opinião, sem preconceitos e sem juízos de valor, prévios. Apenas e só, numa perspetiva de subsidiação para a discussão de um tema, de forma séria e aberta, fruto da minha inquietude.
4º. Por último, DEFENDO QUE DEVEMOS PUGNAR POR UMA CULTURA DE EXCELÊNCIA (credibilização) em tudo o que protagonizamos!
Acabemos, de uma vez por todas, com o laxismo, em qualquer que seja a nossa área de atuação!
Na próxima crónica espero voltar a dissertar sobre temas da minha área de formação.
Até lá e boas leituras!
Por Augusto Moita
07-10-2015 às 16:39
Caro leitor. Abordo nesta crónica, dois temas emergentes, a saber:
1º. ELEIÇÕES LEGISLATIVAS E REPRESENTATIVIDADE DEMOCRÁTICA:
Será já no próximo dia 04 de outubro, que seremos chamados a votar um novo governo e uma nova assembleia legislativa.
A decisão dos eleitores não se afigura nada fácil. Senão vejamos:
a) Não existe uma verdadeira alternativa de poder, porque a política portuguesa está bipolarizada (dois partidos para a governabilidade - a coligação PSD/CDS e o PS). A direita e a esquerda radicais não são, obviamente, opção;
b) Também não existe na sociedade portuguesa uma verdadeira cultura de compromisso (senão, os partidos mais votados estariam a governar-nos), como nos países nórdicos, onde o interesse do estado e consequentemente do seu povo, está acima dos interesses pessoais e partidários. Em Portugal, os partidos visam apenas o poder pelo poder, a qualquer preço, como forma de garantir a manutenção dos privilégios da classe e, a defesa dos “lobbies” económicos, financeiros e corporativos, que os sustentam;
c) A situação afigura-se-me tanto mais complicada, quanto sabemos que, quem realmente nos irá governar, será a “troika”, e não o governo saído das eleições. E disto, não tenhamos qualquer dúvida! O governo que vier a ser eleito, será, para uma vez mais, cumprir subservientemente, os ditames da “troika”, e não aplicar os seus programas de governo, não assumindo o cumprimento das promessas, isto, para além de, nenhum deles obter maioria absoluta. E depois… se não se entenderem, qual será o destino próximo (aberta a crise política; novas eleições)?
d) Depois! Bom, depois … temos as incongruências da democracia:
1º. A abstenção nas últimas eleições legislativas, foi de 41,93% (não votaram 4.035.539 eleitores inscritos, em um universo de 9.624.133)! Algum partido ou político valorizou este facto? Não significará que 41,93% dos eleitores não se reveem no sistema político e nos partidos do arco da governação e consequentemente quase metade dos eleitores não pretendem participar no regime político vigente! Que representatividade democrática (não está em causa a legitimidade) tem o partido vencedor para governar com estes resultados (relembro que o PPD/PSD, alcançou 38,65% dos votos e o CDS/PP apenas 11,70%). Conclui-se portanto, que a atual coligação no poder, representa apenas 2.793.069 de portugueses (alguma classe média, classe média-alta e classe alta), em um universo de 9.624.133 de eleitores inscritos, o que, convenhamos, representam uma minoria dos portugueses.
2º. Mas … em termos de incongruências em democracia, há mais! Como é possível em democracia, um partido que tem apenas 11,70% = 653.888 votantes (números absolutamente irrisórios) esteja na governança, com alguns ministros e, acima de tudo, com um vice-primeiro ministro.
3º. E não venham com ideologias (de esquerda e de direita). Então o nosso povo umas vezes é de direita, outras de esquerda? Não, trata-se apenas de falta de alternativas credíveis e, as que vão surgindo, são sempre de esquerda e radicais, o que facilita e promove a bipolarização. Ou me engano muito ou a abstenção vencerá, de novo, as próximas legislativas e as vindouras, se nada se alterar no atual sistema eleitoral (porque não, o voto obrigatório?), até lá.
A pré-campanha que temos vindo a assistir, deveria envergonhar os políticos que a protagonizam.
O atual governo deveria pedir desculpas aos portugueses pelas falácias proferidas nesta pré-campanha e não só (números do desemprego; encargos com a dívida, contratos PPP, entre outras).
Este foi um mero exercício de retórica especulativa. A minha inquietude reflexiva leva-me, por vezes, a especular sobre assuntos incomuns. Mas… reflitam sobre isto e votem!
2º. UNIVERSIDADE OU ACADEMIA? CREDIBILIZAÇÃO DO ENSINO SENIOR:
- Volto a este tema, por me parecer que tenho algo mais a opinar. Assim:
a) Desde sempre, não concordo com o sintagma: UNIVERSIDADE DA TERCEIRA IDADE!
As Universidades tradicionais são estabelecimentos de ensino e formação de alunos (sujeitos a avaliação permanente) para a vida ativa, i.e, licenciados (licença para o exercício de determinada profissão) e outros graus (mestrado e doutoramento) e, apresentam três vetores essenciais: o ensino, a pesquisa e o serviço à comunidade, através da investigação e de parcerias com as organizações, nomeadamente empresas (Ex.: I&D = Investigação & Desenvolvimento de novos produtos).
As chamadas Universidades para a Terceira Idade teem como objetivos primordiais, proporcionar o envelhecimento ativo e saudável com a realização de atividades intelectualmente estimulantes visando a melhoria da qualidade de vida da população sénior (reformados), proporcionando-lhes convívio e aprendizagens informais, por forma a sentirem-se úteis e capazes de interagirem em atividades socioculturais. Não são sujeitos a avaliações e consequentemente não são atribuíveis graus académicos.
Na minha modesta opinião o sintagma que se coadunava, seria: ACADEMIA PARA A TERCEIRA IDADE ou preferencialmente ACADEMIA SÉNIOR, porque efetivamente, os objetivos de ambas, são díspares (teem inegavelmente diferentes propósitos). Até para evitar-se confusões!
Posto isto e antevendo um futuro próximo, foco-me agora em um outro tema que reputo de muito importante e do qual já manifestei a minha opinião, em privado. Introduzo agora à “discussão pública”, se assim se pode apelidar, que se pretende construtiva, através desta crónica.
Trata-se da introdução nas UTI’s de uma Unidade Curricular (UC), a FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA SENIORES, com vista à formação inter-relacional e gerontagógica (conceituo, como o processo de ensino e aprendizagem da pessoa idosa) dos professores voluntários que assumissem, por honestidade intelectual, terem insuficientes qualificações/competências nas áreas descritas e serão muitos, dado não existir, estatutariamente, nas UTI’s a exigência de um mínimo de formação académica, ou estabelecer-se um perfil para o candidato a professor ao ensino sénior. Tanto quanto julgo saber, também não existe no nosso país quem dê formação a quem pretenda enveredar pelo ensino de seniores. Não estou englobando os artesãos, artesãs e/ou outras atividades de cariz prático (fazer-fazer). Também penso que os candidatos a professores deveriam estar obrigados à apresentação do plano de ação da sua Unidade Curricular (UC), bem como dos planos de sessão (aulas), até para não dar azo à sobreposição de matérias e, também para determinação da adesão (número de alunos inscritos) nas respetivas UC’s.
Pelo exposto, parece-me pertinente e motivo de discussão, a existência desta UC em todas as UTI’s e/ou a implementação de perfil para professor e a obrigatoriedade de apresentação do plano de ação da UC, pelos seguintes pressupostos:
1º. Tenho a perceção de que se assiste a uma nova vaga de reformados cada vez mais jovem e mais escolarizada. Naturalmente com outros níveis de exigência, procuram novas aprendizagens de forma competencial/informal e, no futuro talvez formal, neste tipo de estabelecimentos.
2º. E, porque penso que, em resultado das habilitações académicas que possuem e das profissões que exerceram e pela sua meia-idade, estimularam naturalmente o seu potencial cognitivo, aumentando portanto os seus graus de criticismo e de exigência, que não se compadecerá, em um futuro próximo, com professores inaptos;
3º. E com a evolução natural, mais tarde ou mais cedo, em parcerias, digo eu, poderão as UTI’s vir a certificar alguns dos cursos ministrados, por passarem a ter um papel mais interventivo, mas para que tal aconteça, são necessários professores habilitados e competentes (com perfil adequado).
Esta é a minha sincera opinião, sem preconceitos e sem juízos de valor, prévios. Apenas e só, numa perspetiva de subsidiação para a discussão de um tema, de forma séria e aberta, fruto da minha inquietude.
4º. Por último, DEFENDO QUE DEVEMOS PUGNAR POR UMA CULTURA DE EXCELÊNCIA (credibilização) em tudo o que protagonizamos!
Acabemos, de uma vez por todas, com o laxismo, em qualquer que seja a nossa área de atuação!
Na próxima crónica espero voltar a dissertar sobre temas da minha área de formação.
Até lá e boas leituras!
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