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BF16  Registar o tempo. Experienciar memórias.
Por Fátima Faria Roque *
26-12-2016 às 12:07
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A Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira decorre, nesta sua edição e no que respeita ao programa curatorial desenhado por David Santos (curador-geral da BF16), sob o tema “Arquivo e Observação”. Poder-se-ia dizer, se nos ativéssemos a um raciocínio simples, que qualquer imagem é, por si, um arquivo e uma observação. Mas há mais a reter no conjunto das 31 exposições que invadiram a cidade a 15 de Outubro último e que a povoaram com o olhar estético de quem parece pretender, através do registo imagético-artístico do seu trabalho, um certo ordenamento do real, esse espaço onde tudo acontece, onde tudo é efémero, onde tudo é imagem, onde tudo é (e está) no que foi.

Ana Rito, André Sousa, António Júlio Duarte, Catarina Botelho, Cem Raios T’Abram, Daniel Blaufuks, David-Alexandre Guéniot, Eduardo Matos, Fernando Lemos, João Grama, João Onofre, João Paulo Feliciano, João Tabarra, José Maçãs de Carvalho, José Pedro Cortes, Júlia Ventura, Left Hand Rotation, Luísa Baeta, Mónica de Miranda, Mumtazz, Nuno Cera, Patrícia Almeida, Pauliana Valente Pimentel, Rodrigo Oliveira, Rui Calçada Bastos, Rui Toscano, Salomé Lamas, Susana Mendes Silva, Vasco Araújo, Vítor Pomar e Von Calhau!, responderam ao desafio do curador-geral da BF16 e o resultado aí está: dos espaços mais institucionais (Museu Municipal, Museu do Neo-Realismo, Fábrica das Palavras), às zonas de convivialidade social (Café “Flor do Tejo”), mas também na quase intimidade de casas particulares, a prática fotográfica contemporânea instalou-se e exige por parte do observador um olhar atento, crítico, um olhar que introduza na estética de quem criou, a sua própria memória, o seu próprio arquivo de imagens. No fundo, este programa curatorial, solicita ao visitante um momento de diálogo e confronto, um momento de paragem, de interrupção mesmo, relativamente àquilo que, por lhe ser familiar, lhe é já desconhecido ou, por vezes, apenas e só fabricado: a memória. Penetrar nesse universo, tão próximo e distante, graças ou mediante o olhar de um outro (o olhar do outro), sentir-se “tocado” por uma memória que, não sendo sua, passa a sê-lo no momento da apropriação da imagem, constitui, afinal, uma experiência social porque do domínio do comum. A estranheza inicial deste processo transforma-se, assim, em fruição artística e emocional, cujo potencial criativo vai muito para além da imagem que o artista nos oferece. Porque será essa mesma estranheza a força que impulsiona outros quadros, outros registos, outras memórias, as do observador, que assim complementa a narrativa que a fotografia encerra mas não delimita.

Percorrer estas 31 exposições será, antes de mais, permitirmo-nos esta experiência: a experiência da ordenação de memórias num espaço de arquivo habitualmente caótico porque carente de desaceleração, nesta contemporaneidade caracterizada pela velocidade. Caberá sempre a cada um a vontade de forçar a necessária pausa, sem a qual a experiência desta viagem será sempre incompleta.


*Doutorada em Literatura pela FCSH. Directora do Departamento de Educação e Cultura da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira.
(A autora adopta a ortografia anterior ao AO)




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