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Opinião Joaquim Ramos: "Ainda vamos a tempo"

"Ao nosso nível, Azambuja será uma estância balnear banhada pelo Atlântico e a lezíria ribatejana ficará submersa. Será que ainda vamos a tempo de inverter este estado de coisas, este caminho para o abismo?"
23-11-2020 às 10:48
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Será que ainda vamos a tempo? Esta é a pergunta crucial que se coloca a todos aqueles que se preocupam com a evolução da vida na Terra. Desde a Revolução Industrial – digamos, de há duzentos anos para cá – que desenvolvimento tem sido sinónimo de crescimento económico, maior industrialização, uso crescente de formas de energia baseadas em combustíveis fósseis como o petróleo e o carvão, abandono dos campos e da agricultura gerador duma concentração populacional crescente à volta das grandes cidades, necessidades crescentes de consumo dos recursos naturais que a Terra oferece e que, tal como ela, são limitados.

Até então, a história da humanidade tinha sido feita de equilíbrios sucessivos entre Homem e meio ambiente e, quando esse equilíbrio era quebrado, a Natureza encarregava-se de o repor. Nada me tira da cabeça que as grandes pestes que atingiram o Mundo ao longo da história não passaram de meios de que a Natureza se serviu para reequilibrar o homem e o seu ambiente : elas aconteceram exatamente quando a população ultrapassava, à luz das tecnologias que se conheciam então, a capacidade do nosso planeta para satisfazer as necessidades humanos ao nível de recursos.

Também é verdade que o crescimento da população mundial se fazia a um ritmo brando : desde o início da história do homem apenas em 1800 se atingiu mil milhões de habitantes na Terra, e com uma esperança de vida que rondava, em média, os 35/40 anos. Em duzentos e vinte anos estes números explodiram: somos hoje mais de sete mil milhões de almas ( sete vezes mais em duzentos anos) e a esperança de vida duplicou para números à roda dos oitenta anos. Basta o simples enunciado destes números para ilustrar a pressão que foi e é exercida sobre os recursos naturais, mesmo assim não dando resposta a uma parte grande de população que não tem acesso aos anseios mais básicos.
Para agravar a situação, o avanço tecnológico e as descobertas científicas permitiram o aumento dos nossos padrões de consumo, à custa da exaustão da Terra.

As consequências começaram a revelar-se desastrosas e, apesar dos Trumps e quejandos que negam as evidências, os efeitos sobre a Terra são palpáveis e visíveis a olho nu. A maior evidência da incapacidade de regeneração do nosso planeta é, sem dúvida, o aumento gradual da temperatura média, na terra e no mar, provocada pela emissão de gazes com efeito de estufa – dióxido de carbono e metano- que resultam dos combustíveis sólidos. A agravar os efeitos duma maior produção destes gazes, junta-se a incapacidade crescente de a Terra os regenerar: os oceanos estão a acidificar e as grandes florestas, que absorvem o dióxido de carbono e o transformam em oxigénio, desaparecem a um ritmo crescente, vítimas da voracidade de madeireiros e agricultores.

Já entraram no domínio banal da informação os degelos dos polos, a subida do nível das águas do mar, as perdas de habitats naturais ou de biodiversidade. A continuar a este ritmo, no fim do século corrente, várias zonas costeiras e insulares desaparecerão do mapa. Ao nosso nível, Azambuja será uma estância balnear banhada pelo Atlântico e a lezíria ribatejana ficará submersa. Será que ainda vamos a tempo de inverter este estado de coisas, este caminho para o abismo? Creio bem que sim, pois caso contrário teremos a extinção da Humanidade. Já não era a primeira extinção em série. Já aconteceu para aí umas seis vezes. Uma delas foi a extinção repentina dos dinossauros, quando um asteroide se despenhou na Terra ali para as zonas do Golfo do México. Nós nem precisamos de asteroide. Extinguimo-nos a nós próprios. Por isso tem que haver saída para o caminho que temos trilhado até hoje, sob pena de causarmos a nossa própria extinção. Creio que sim, que há uma forma de inverter este suicídio coletivo. Mas para isso, é preciso que sejam observadas três condições.

Primeiro, sendo parcos nos nossos anseios materiais, invertendo a crescente exigência de recursos naturais e energia que têm sido o lema dos últimos séculos. Não podemos ter seis pares de sapatos e oito fatos. Temos que ser espartanos e pouco exigentes, até porque há ainda os que não têm um par de sapatos ou um fato e todos têm direito à vida. Segundo, é urgente que a população mundial estabilize e diminua mesmo, para que a exigência de recursos seja menor. Aliás, esta parece-me a condição mais fácil de conseguir.

Nos Países desenvolvidos o número de filhos por casal já é menor que dois e à medida que os países se vão desenvolvendo o número de filhos cai. Por exemplo, nos anos quarenta, no Japão, era de 3 filhos por casal e hoje é 1,6. Terceira e ultima condição de sobrevivência ( no meu entender, claro), sermos completamente independentes de energias fósseis , revertendo o efeito de estufa. Isto quer dizer que a humanidade só deve usar energias renováveis e não poluentes: a energia hídrica, a energia solar, a energia do vento, das marés, dos vulcões e o potencial inesgotável de energia que há na água, na sua componente hidrogénio.
Mas há que fazer as infraestruturas para isso : há que instalar painéis solares, moinhos de vento, moinhos de maré. Temos que nos habituar a uma nova paisagem. É esse o preço da nossa sobrevivência.                               

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