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Opinião Joaquim Ramos: "E depois da Covid"

"De resto, e apesar do meu alto risco – dizem as autoridades sanitárias- encaro com naturalidade esta fase da nossa vida. Nada que a humanidade já não tenha conhecido. Volta e meia, a espaços de décadas ou de séculos, a Natureza decide avisar-nos de que algo de catastrófico se perspetiva"
01-09-2020 às 16:04
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Confesso que as notícias sobre a Covid e tudo o que lhe está relacionado já me enjoam e vou mantendo aberta a televisão à hora do Noticiário das oito apenas desperto para outro tipo de notícias, porque apesar do relativo confinamento físico a que todos estamos ainda sujeitos, o Mundo, felizmente, não é só Covid. Mas a minha cabeça desata logo a divagar por outras paragens quando aparece a senhora da DGS e a Ministra Themido, mais o número de mortos e contagiados, o Lar de Reguengos, as diatribes do Bolsonaro, as calinadas do Trump ( uma gajo detestável, apesar de os americanos insistirem em elegê-lo, como temo que acontecerá em Novembro).

Vagueia-me a imaginação por outros mundos sem SARS Cov 2 quando passam pelo ecrã imagens de ajuntamentos nas praias da Catalunha, bacanais sem máscara em Itália ( uma máscara suponho não dar jeito nenhum num bacanal), chafurdices nos mercados chineses, manifestações anti isto e pró aquilo. Estou-me nas tintas, pronto! Só me saltam o martelo e a bigorna do ouvido quando ouço a palavra vacina e vou acompanhando com atenção todos os desenvolvimentos que, em diversos continentes, a busca da panaceia vai conhecendo.

De resto, e apesar do meu alto risco – dizem as autoridades sanitárias- encaro com naturalidade esta fase da nossa vida. Nada que a humanidade já não tenha conhecido. Volta e meia, a espaços de décadas ou de séculos, a Natureza decide avisar-nos de que algo de catastrófico se perspetiva no nosso futuro ou de que estamos a cometer excessos que a capacidade regeneradora da Terra não comporta. Foi assim com as Pestes que nos foram atingindo, com as guerras mundiais a que fomos sujeitos, com o desfile de desastres naturais e ecológicos que se abatem sobre nós.
A única diferença é que a explosão do conhecimento científico e da nossa capacidade de intervenção sobre os males que nos atingem são agora incomparáveis com as poucas armas de que dispúnhamos nos tempos da Peste Negra ou da Gripe Espanhola. Nem é preciso recuar muito no tempo.

Quando, há quarenta anos, deu entrada no cenário humano o vírus da Sida, foram precisos alguns anos para o identificar e caraterizar e mais de uma década para desenvolver medicamentos que impediram a condenação à morte de quem o contraía. Com este vírus da Covid, aparecido oficialmente em Dezembro do ano passado, bastaram poucos meses para o identificar e descodificar a sua composição e julga-se que a partir de Dezembro possa começar a vacinação em série. Além do mais, a letalidade do bicho nem é assim tão alarmante – a grande maioria é assintomática e, mesmo para quem o contrai, a gravidade da doença atinge grupos específicos restritos – velhos, muito velhos, com patologias associadas ou jovens já praticamente condenados com outras doenças congénitas. Não quero com isto dar a entender que a ciência não deva trabalhar até à exaustão para eliminar o risco : bastaria um ser humano vulnerável para que o esforço científico se justifique.

Mas devo dizer que acho excessivo – não encontro uma palavra mais sonante- se não mesmo criminoso o alarido que foi feito mundialmente sobre a pandemia, que encontrou na Comunicação Social e nas redes sociais o terreno fértil para instalar o pânico nas nossas vidas. Com a ajuda preciosa de muitos “sábios” desejosos de notoriedade pública – apenas contrariados por alguns cientistas que colocavam o problema e os cuidados preventivos na sua devida dimensão – e de muitos políticos com sonhos de Napoleão que descobriram no terror pelo “bicho” uma forma de restringir a liberdade e os naturais direitos humanos com o pretexto da pandemia.

Vai passar. Deixando atrás de si um rasto de destruição, não só em termos de vidas humanas – apesar de eu desconfiar que uma grande parte das mortes atribuídas à Covid sejam na verdade consequência de outras doenças cujo tratamento e prevenção foram totalmente descuradas em nome da Covid – mas também num exército mundial de milhões de desempregados, economias de rastos, multidões abaixo do limite da pobreza, hordas de esfomeados e sem terra que levarão vários anos a repor a situação anterior a Dezembro de 2019. Do ponto de vista social, atribuo também à Covid – ou melhor, ao terror que lançaram propositadamente sobre a Covid- o despontar ou o aprofundamento de tensões raciais, de aquartelamento de credos religiosos, de intolerância face a orientações individuais de qualquer tipo a que temos assistido.

Basta para tanto recordar a histeria anti-racista que se apoderou do Mundo : não pode haver um polícia branco a dar ordem de prisão a um criminoso ou prevaricador preto que as televisões não se encham de marchas de protesto e indignação. Quando, na verdade, há polícias brancos a prender, muitas vezes com o necessário recurso à força, criminosos brancos, polícias pretos a prender criminosos pretos ou de cassetete em punho contra prevaricadores brancos. Ou aquela outra vertigem de loucura que levou à destruição de estátuas e monumentos em que os “conjurados” descortinavam tiques de racismo, felizmente ultrapassada sem que se arreasse o Infante D. Henrique, decapitasse o Vasco da Gama ou pintasse de negro o Pedro Álvares Cabral.

E não se aproveite esta argumentação para me empurrar para a extrema direita ou para sugerir que partilho as ideias do André Ventura. Nunca na minha longa vida fui racista em qualquer vertente  do conceito. Não conheço a realidade doutros países. Mas em Portugal não vislumbro, exceto em manifestações pontuais de gente desequilibrada, qualquer discriminação baseada na cor da pele. Há é criminosos e cidadãos cuja função é fazer-lhes frente. Independentemente da cor dum ou doutro. Tudo o mais são ressentimentos antigos libertados ou potenciados pela histeria covidiana.

E depois, como vai ser? Seguramente que a pandemia vai ser vencida. Resta o modo como vão reagir ao naufrágio as economias mundiais. Será em V? Seguramente que não. Será em W, com uma subida e uma nova queda a pique devido a uma nova vaga? Será em K, como alguns vaticinam, com alguns países – os mais ricos- a recuperarem rapidamente e outros – os mais pobres- a caírem novamente a pique?

Será em U, mas com um período de depressão muito prolongado? Inclino-me mais para esta ultima hipótese. Mas a questão fundamental prende-se com esta dicotomia : passada a epidemia, voltará tudo a ser como era antes de 2020? Ou pelo contrário, a escala de valores da Humanidade vai inverter-se e onde havia materialismo passará a haver espiritualidade, a ganância dará ligar à solidariedade, a distribuição da riqueza será mais equitativa, os processos económicos e produtivos passarão a ser mais ecológicos, as energias menos poluentes, o respeito pela Terra, pelo clima, pelo Ambiente em geral vai ocupar um lugar cimeiro nas decisões humanas? Gostaria, acho que todos gostaríamos que enveredássemos pela segunda via. Receio, todos receamos, que a bitola humana seja dificilmente mutável e voltemos novamente ao primeiro cenário.

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Depois da COVID continuaremos a ter o belo aterro que nos deixou na Azambuja. Aliás depois, antes e durante a COVID. Obrigada por este legado que a sua presença na câmara nos deixou ...
Cátia Sousa
Azambuja
23/09/2020 12:33
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