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Opinião Joaquim Ramos: Quem venceu no PSD

Quanto a Rui Rio (...) apareceu no combate político rodeado por uma auréola de incorruptível e impermeável a pressões que ganhou na forma como enfrentou os poderosos interesses clubísticos do  futebol do seu Porto. 
19-02-2018 às 16:17
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Parece-me que o tema que dominou a discussão política durante esta semana foi a eleição de Rui Rio como presidente do PSD – com ele não é PPD/PSD, é apenas PSD.

Houve claramente um vencedor neste confronto entre duas personalidades indiscutivelmente fortes do Partido que durante semanas pôs em polvorosa as estruturas do PSD.

Não percebi, sinceramente, por que razão se colou a imagem da Santana Lopes à continuidade das políticas liberais de Passos Coelho. Nunca o vi ou ouvi, durante os anos de Troika e austeridade inconsequente, ser um entusiasta defensor do Passismo, para alem do que a natural fidelidade partidária exige. Santana Lopes tem atrás de si um passado político que ainda remonta a Sá Carneiro – o que lhe dá um estatuto de senador do Partido- e contra si o desnorte que foi o Governo a que presidiu. Mas fez a sua travessia do deserto – não andando por aí às costas dum camelo, qual beduíno do Sarah, mas refastelado no oásis dos cadeirões do Largo da Misericórdia. Simpatizo com Santana Lopes, tive alguns contactos com ele (poucos) mas foi sempre, para comigo, um homem caloroso e solidário.

Quanto a Rui Rio, nunca o conheci pessoalmente, nem mesmo quando foi presidente da Câmara do Porto. Apareceu no combate político rodeado por uma auréola de incorruptível e impermeável a pressões que ganhou na forma como enfrentou os poderosos interesses clubísticos do  futebol do seu Porto. E na consequente indiferença com que assistiu à animosidade impiedosa e à ironia de cascavel de Pinto da Costa. O povo português gosta destas atitudes. Gosta dos que não vergam perante os poderosos e os interesses instalados- e a verdade é que nenhum presidente da Câmara do Porto havia, antes, batido o pé ao poderoso Dragão-chefe.

Rio exala também aquele romantismo do regresso à social-democracia, deixada caír há muito tempo pelo PSD durante o consulado cavaquista.

Houve, como acima referi, nesta disputa Santana/Rio, um claro vencedor: António Costa, que nem sequer era candidato!

Porque quer a gente queira, quer não, o PS é minoritário no Parlamento e, consequentemente, refém daquilo que os PCP/Verdes e o Bloco exigirem.

É verdade que, até agora, a chamada “ geringonça” tem funcionado bem: o Governo governa, o País progride por mérito próprio, mas também muito empurrado pela embalagem da recuperação da economia mundial e da reputação que, de repente, Portugal ganhou como destino turístico. Um país com praias, sol e areia dourada onde ainda não explodiu nenhuma bomba nem ninguém se lembrou de atirar um camião contra uma multidão. Cidades acolhedoras e baratas, reabilitadas como se uma varinha de condão tivesse sido lançada sobre os escombros do Bairro Alto ou do Barredo. Ilhas – os Açores-  que têm sido classificadas nos roteiros e agentes do turismo como o melhor destino turístico do mundo.

É verdade também que os partidos mais á esquerda que apoiam o Governo têm feito o seu papel – berraria nas ruas, nas empresas e na Assembleia- mas, cedência daqui, cedência dali, conseguem chegar a compromissos de governação. O que, no meu ponto de vista tem sido benéfico para todos nós: o Bloco e o PCP agitam bandeiras de equidade social, reposição de rendimento e serviço público e o Governo, folgado pela teimosia otimista dos mais diversos indicadores económicos e financeiros, vai respondendo como pode às exigências dos seus parceiros da esquerda. Aliás, passa-se com este Governo um fenómeno novo na vida política portuguesa: pressionado ou não pelos partidos à sua esquerda, o Governo PS vai tomando medidas de cariz social e de redistribuição de riqueza criada que lhe valem o aplauso maioritário dos portugueses; mas é completamente inflexível às pressões do tipo corporativo ou ao sindicalismo de rua – o que só lhe fica bem.

A questão que se põe, e que povoa certamente os pesadelos de António Costa e de Mário Centeno, é esta: até quando? Sendo a economia regida por ciclos de expansão e recessão, até quando é que a atual pujança da economia mundial, europeia e portuguesa vai permitir acalmar o furor proletário do PCP e a veia populista do Bloco?
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A eleição de Rui Rio abre ao PS uma janela de oportunidades em termos de apoios que até agora estava fechada. Aliás, como o próprio referiu, quando afirmou admitir o apoio a um Governo PS.
Agora o PCP e o Bloco têm um concorrente à direita e, a quererem manter-se colados ao Poder e reivindicar a autoria das medidas mais populares, não podem esticar demais a corda. Porque a uma recusa do Camarada Jerónimo de Sousa, às exigências de Catarinas, Marianas e Joanas, António Costa pode muito bem responder: “Ai é? Então amanhã vou almoçar com o Rui Rio”.
Na verdade, nesta disputa interna do PSD, o grande vencedor foi António Costa.



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