Opinião João Santos: Cidades Inteligentes
"Neste contexto, as smart cities, mais do que uma utopia ou imaginação futurista, são uma realidade tanto possível quanto indispensável para enfrentar os desafios que a crescente urbanização implica"
|09 Maio 2021 10:22
Hoje, pouco mais de dois séculos depois da Revolução Industrial e algumas décadas após a invenção do computador, continuamos a adaptar-nos às enormes mudanças resultantes da cada vez mais intensa e acelerada circulação de informação à escala global. Esta realidade, resultante da chamada “transformação tecnológica”, trouxe-nos um novo paradigma: à medida que a inovação acelera, também se intensifica a mutação económica, social, política e territorial. No presente, o modo de vida de cada pessoa, a convivência social e a interação com os territórios não são imunes a esta conjuntura.
Segundo a Organização das Nações Unidas, 55% da população mundial vive em áreas urbanas e é expectável que esta percentagem aumente para 70% até 2050 (ONU News, 2019). Estima-se que as atividades humanas tenham causado cerca de 1,0°C de aquecimento global acima dos níveis pré-industriais, com uma variação aproximada de 0,8°C a 1,2°C. É provável que o aquecimento global atinja 1,5°C entre 2030 e 2052, caso continue a aumentar no ritmo atual (IPCC/ONU, 2018). Este enquadramento representa desafios significativos. As cidades assumem a este propósito centralidade, pois constituem sistemas altamente complexos, com imensas interações e conexões entre os diferentes intervenientes setoriais e o meio ambiente. Neste contexto, as smart cities, mais do que uma utopia ou imaginação futurista, são uma realidade tanto possível quanto indispensável para enfrentar os desafios que a crescente urbanização implica, relacionados, sobretudo, com a sustentabilidade dos (escassos) recursos. A este propósito, as tecnologias de informação e comunicação desempenham um papel preponderante, pois proporcionam soluções e melhorias orientadas para as esferas económica, social e ambiental. Embora a urbanização traga vantagens, também traz desafios. A rápida urbanização intensifica a pressão sobre a base de recursos disponível e aumenta a procura por energia, água e saneamento, bem como por serviços públicos. Consequentemente, as diversas questões sociais, económicas e ambientais, que afetam a competitividade e a qualidade de vida nos espaços urbanos, estão fortemente interligadas, necessitando, por essa razão, de abordagens integradas de planeamento e gestão. A competitividade territorial tem vindo a ganhar relevo num ambiente altamente globalizado e em constante evolução. As cidades/territórios, reconhecendo a importância da afirmação nos planos nacional e internacional, procuram vantagens competitivas e modelos de intervenção coerentes com uma gestão territorial estratégica e de influência global. Atualmente, à escala mundial, é o conceito de sustentabilidade que configura o epicentro dos processos de planeamento e gestão dos territórios. Mais do que nunca, para se tornarem competitivos, os espaços urbanos deverão respeitar este pressuposto obrigatoriamente. A propósito de competitividade urbana em pleno século XXI, as smart cities são entidades fundamentais. Atualmente, os investigadores identificam como principais as seguintes componentes de um território competitivo: Gestão inteligente; Pessoas inteligentes; Ambiente inteligente; Mobilidade inteligente; Economia inteligente; Elevados padrões de vida. No âmbito deste artigo, entende-se que o conceito de “inteligência” (smart) pressupõe, no ato de gerir um território, a conjugação do recurso às tecnologias de informação e comunicação com a preocupação para com a preservação dos recursos naturais. Na atualidade, devem ser estes os dois elementos centrais no processo de gestão de um território. Concluindo, aos espaços urbanos coloca-se o desafio de incorporar "inteligência", através da integração e do uso extensivo de tecnologia de informação e comunicação em setores estratégicos como o ambiente, a educação, a saúde, a energia (consumo eficiente), a água, a gestão de resíduos, a segurança e proteção civil, a habitação, o tráfego rodoviário, a economia em geral, entre outros. O exercício deste desafio deve estar alinhado com os princípios da equidade, do desenvolvimento sustentável e da inovação. Sendo alcançado, este quadro resultará em economias de escala e em ganhos de eficiência, que poderão depois ser transferidos para os setores mais vulneráveis dos territórios e das sociedades. Deixe a sua Opinião sobre este Artigo
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