Opinião João Santos: (Des)Valorização ambiental
Quanto mais as crianças conhecerem o meio natural no presente, mais valorizado será o ambiente no futuro
|20 Set 2021 21:05
A ocorrência de chuva no ponto mais alto da Groenlândia é, simultaneamente, a prova e a consequência da problemática da (des)valorização ambiental. Quanto mais as crianças conhecerem o meio natural no presente, mais valorizado será o ambiente no futuro.
O relatório do Painel Intergovernamental da ONU sobre a problemática das alterações climáticas, publicado no início de agosto de 2021, confirma o que vai sendo cada vez mais evidente com o aumento da frequência dos fenómenos climatéricos extremos. Coincidentemente, nos dias em que este artigo foi escrito, choveu, pela primeira vez, no ponto mais alto da Groenlândia, que é considerado o local mais frio do Hemisfério Norte. De acordo com o relatório do Painel Intergovernamental da ONU, a razão para o alarmante quadro climático da atualidade é a excessiva utilização de combustíveis fósseis, que está a asfixiar o planeta, colocando biliões de pessoas em risco emergente. A (des)valorização ambiental está na ordem do dia e parece ter sido o fator determinante para as opções políticas que foram sendo tomadas nas últimas décadas um pouco por todo o mundo. Apesar de ser um assunto muito complexo, que resulta de um conjunto alargado de fatores, os especialistas ambientais não têm dúvidas de que o sucesso a este nível dependerá sempre da eficácia do trabalho realizado, à escala global, com as franjas mais jovens da população. Neste contexto pedagógico muito específico, muitos pedagogos defendem que as questões relacionadas com a crise climática não devem ser abordadas antes dos dez anos de idade. Um destes especialistas é David Sobel, da Antioch University New England. O Professor David Sobel refere que as preocupações ecológicas dos adultos, quando são passadas para as crianças, estas tendem a desenvolver ceticismo em relação ao meio natural e a adquirir uma condição que o académico designa de “Ecofobia”. De acordo com Sobel, quando os adultos interagem com crianças acerca da importância ecológica, fazem-no enfatizando as chamadas “ameaças ambientais”. O Professor Sobel refere que esta abordagem pode ser contraproducente, pois a maioria das crianças evita a exposição contínua a problemas que não consegue resolver. E se assim for, afastando-se da problemática, os decisores do futuro não terão a oportunidade de aprofundar conhecimento em relação ao valor real do Ambiente. Portanto, as suas decisões, na fase adulta, acabarão por refletir isso. Será a ideia de Sobel a mais acertada nos dias de hoje, com a Terra a aquecer rapidamente? Na verdade, este é um assunto que gera discórdia no seio da academia. Também há quem no meio académico defenda que a crise ambiental não deve ser escondida das crianças. Para estes pedagogos, os medos e emoções relacionados com problemas reais, que vão surgindo nos Seres humanos à medida que a consciência se vai adensando, devem ser reconhecidos e trabalhados, em vez de prevenidos. Apesar das duas posições conceptuais divergentes no seio da academia, ambos os lados convergem relativamente à importância da consciencialização precoce para a valorização do Ambiente, defendendo que os pais são centrais neste processo e que estes devem encorajar nos filhos condutas e comportamentos ecológicos responsáveis desde muito cedo. Promover o contacto real das crianças com ambientes naturais também merece consenso generalizado. As evidências científicas revelam que os mais jovens, quando passam muito tempo em ambientes naturais, acabam por adotar comportamentos pró-ambientais no futuro. É por isso fundamental garantir esse contacto, que se torna mais difícil se as crianças viverem em áreas urbanas. A atual tendência para a “renaturalização” dos espaços urbanos contribuirá para esbater esse défice de contacto com o ambiente natural. Concluindo, seja prevenindo a “Ecofobia” no seio das idades mais precoces ou, ao contrário, conversando abertamente acerca da crise ecológica, o que parece não suscitar controvérsia é o benefício ambiental resultante do contacto efetivo das crianças com o meio natural. |
|
Leia também
Eis que nascem como cogumelos... os parques solares na regiãoVão passar a fazer parte da paisagem da nossa região. Assim como o Oeste é dominado por eólicas, o Ribatejo, com Azambuja à cabeça, e o município oestino de Alenquer vão liderar este processo. Salvaterra de Magos é uma espécie de concelho piloto para o que podemos esperar, embora os parques já existentes não se comparem com os que estão previstos para a margem direita do Tejo
|
De Azambuja, a Benavente, de Vila Franca a Alenquer e só para dar este exemplo, as queixas dos utentes dos centros e extensões de saúde repetem-se: é cada vez mais difícil arranjar uma consulta. O quadro foi piorado com a pandemia, mas há situações que já vêm de trás
|
Os promotores do parque fotovoltaico na Torre Bela definem a passagem de linhas de muito alta tensão do projeto por cima da aldeia, que convive há décadas com este tipo de realidade e não quer ser sobrecarregada. Segundo os moradores, cerca de 25 pessoas da aldeia, com menos de 60 anos morreram de cancro nos últimos 15 a 20 anos
|
Vertical Divider
|
Notícias Mais Populares
Rui Corça diz que lhe falta "um danoninho" para ganhar a Câmara e Rui Rio acredita na vitória Centro Vacinação Azambuja: A "máquina" que já vacinou mais de metade da população Luís Valença, as suas memórias e o papel do Centro Equestre da Lezíria Grande David Pato Ferreira assume luta “até ao último minuto” Azambuja e Vila Franca de Xira: O que pediram ao Governo através da bazuca |