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Opinião João Santos
"Morrem dezenas de milhares de norte-americanos  por ano 'apenas' porque não podem pagar cuidados de saúde. E em Portugal?"

Um estudo de dezembro de 2019, conduzido por uma empresa de estudos de opinião norte-americana concluiu que 25% dos americanos admitem ter já adiado  tratamentos médicos a doenças graves devido às despesas que teriam de suportar.
12-10-2020 às 12:30
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Em 1979, é criado em Portugal o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Em 40 anos, o SNS e os seus benefícios colocaram Portugal num lugar de destaque no que à qualidade de vida dos portugueses diz respeito.

O SNS português garante a prestação de cuidados globais de Saúde a todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica e social.

Já nos Estados Unidos, a realidade é diferente. Aquele país não tem um sistema de Saúde financiado pelo governo, com cobertura universal para todos os norte-americanos. A Saúde dos norte-americanos é gerida por sistemas privados, que se articulam entre si.

Em função deste quadro, são milhões os americanos que adiam a obtenção de ajuda médica devido ao custo dos serviços de Saúde. Em Portugal isto é impensável.

Um estudo de dezembro de 2019, conduzido por uma empresa de estudos de opinião norte-americana (Gallup Pool), concluiu que 25% dos americanos admitem ter já adiado  tratamentos médicos a doenças graves devido às despesas que teriam de suportar. Um outro estudo, conduzido pela American Cancer Society, em maio de 2019, refere que 56% da população adulta nos Estados Unidos relata sentir dificuldades financeiras quando se trata de recorrer a cuidados de Saúde. No mesmo estudo, os investigadores deixam um alerta: a não ser que sejam implementadas políticas concretas em sentido contrário, este problema continuará a agravar-se no  futuro.

Ainda assim, apesar de milhões de norte-americanos adiarem tratamentos médicos devido aos respetivos custos, os Estados Unidos continuam a despender mais dinheiro com a Saúde do que qualquer outra nação desenvolvida. No entanto, a despesa total registada neste setor abrange apenas uma franja reduzida de cidadãos norte-americanos. A este nível, as desigualdades sociais são gritantes. Por esta razão, o país apresenta piores resultados gerais em matéria de Saúde do que muitos dos seus pares.
Um outro estudo, de 2017, conclui que os Estados Unidos ocupam, à escala global, o 24º lugar no cumprimento das metas de Saúde estabelecidas pela Organização das Nações Unidas.

É indiscutível que os elevados custos da Saúde estão a contribuir para que os norte-americanos abdiquem de cuidados médicos. Esta conjuntura favorece o agravamento das condições de saúde. São muitos os exemplos documentados de cidadãos norte-americanos que adiam, evitam ou interrompem o acompanhamento médico porque não conseguem suportar as despesas associadas aos tratamentos.

Por exemplo, um doente oncológico no Estados Unidos, para além de pagar o seguro de Saúde, tem ainda de suportar, na maior parte dos casos, várias despesas e dívidas médicas não cobertas pelo seguro. A juntar a tudo isto, mantêm-se as normais e incontornáveis  despesas familiares.

“Pago a faculdade do meu filho ou realizo o exame que me permite confirmar se tenho ou não uma doença oncológica?”
As famílias norte-americanas não deveriam ter de fazer estas escolhas. Moralmente, não é compreensível.

Um estudo menos recente, desta vez de 2009, conduzido pela Harvard Medical School (de Boston, Massachusetts, nos Estados Unidos), refere que morrem por ano 45.000 americanos “apenas” porque não possuem qualquer seguro ou plano de Saúde.

São inúmeros os registos de norte-americanos que morrem por doenças não tratadas em tempo útil. Em muitos desses casos, as doenças só são descobertas quando os doentes, já muito debilitados fisicamente, dão entrada nas urgências dos hospitais. Por não possuírem seguro de Saúde ou pela impossibilidade de suportar os custos a partir dos seus rendimentos pessoais, estas pessoas nunca tiveram oportunidade de consultar um médico no estádio inicial das suas doenças. Em 2018, encontravam-se nestas condições cerca de 30 milhões de norte-americanos.
São situações incompreensíveis de desumanidade em pleno século XXI.

Atualmente, a Saúde nos Estados Unidos da América é uma das questões mais controversas em debate nas eleições presidenciais de 2020.

Por um lado, o Partido Democrata defende políticas que reduzam o custo dos cuidados médicos e expandam o acesso universal à Saúde. Os democratas defendem já há muito um sistema de saúde financiado pelo governo, com cobertura universal para todos os norte-americanos.

Já o presidente Donald Trump e os seus apoiantes continuam empenhados em adiar para depois da eleição presidencial de 2020 qualquer decisão a este nível.

Enquanto esta discussão se vai fazendo, milhões de americanos - cerca de 25% da população - vão adiando a obtenção de cuidados de Saúde devido aos custos associados. Em muitos destes casos, o adiamento do diagnóstico e dos eventuais tratamentos subsequentes acabará por ser fatal.
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Em Portugal, a realidade é outra, felizmente. Ao longo das últimas quatro décadas, o país tem vindo a registar taxas muito reduzidas de internamento por problemas sensíveis aos cuidados de saúde primários. Ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, com o Serviço Nacional de Saúde português, não há qualquer barreira à intervenção médica nas fases mais precoces dos problemas de Saúde. Esta realidade contribui decisivamente para a eficácia dos tratamentos médicos em Portugal.



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Comentários

Excelente artigo isto é a realidade do que se passa no mundo em geral por isso o nosso Pais até não está tão mal como muito querem fazer crer. Muitos comprimentos ão Dr. João Santos Presidente da junta de Vila F de xira e que Deus o ajude.
José Marques
Vila Franca de Xira
 13/11/2020 10:02

Excelente artigo que espelha realidades completamente opostas, no entanto em Portugal muitas famílias atualmente também não têm acesso aos melhores meios de diagnostico, devido aos modelos de financiamento dos cuidados de saúde primários nomeadamente nas USF´s que se recusam a prescrever certos exames auxiliares de diagnostico para reduzirem custos e cumprirem KPI´s.
Carlos Carvalho
Vila Franca de Xira
13/10/2020 09:13

Este artigo faz-me relembrar que por muito que eu critique a realidade portuguesa, existem muitos outros países, supostamente "desenvolvidos" com realidades muito piores que a nossa.
Um obrigado a todos os profissionais que compõem o SNS!
Rui Ribeiro
Lisboa
12/10/2020 20:16​
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