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Opinião João Santos: "O 'Fair Play' dos Pais e o Desporto Jovem"

"A investigação concluiu que os pais, quando sobrevalorizam as vitórias e desautorizam os professores/treinadores, criam um ambiente desportivo altamente stressante e contraproducente face aos objetivos mais abrangentes da prática desportiva."
16-04-2020 às 18:26


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Já todos ouvimos comentários inapropriados de adultos durante uma partida de futebol infantil. Estes comentários são direcionados: aos filhos; a atletas da equipa adversária; a colegas da equipa dos filhos; a familiares e amigos adeptos da equipa dos filhos ou da equipa adversária; a professores/treinadores; a árbitros.

Eu assisti a tudo isto, muito recentemente, quando acompanhei a participação dos meus dois filhos (8 e 10 anos) num torneio de futebol de dois dias. O nome do torneio: “Torneio Fair Play”. A organização do torneio previu medalhas para todas as crianças e troféus apenas para o melhor “Guarda-redes”, para o “Melhor Marcador” e para a equipa com “Mais Fair Play”.

Uma das finais do “Torneio Fair Play” terminou empatada. Alguns pais presentes, no “Torneio Fair Play”, mostraram, então, de forma veemente, toda a sua indignação relativamente à circunstância de não haver um vencedor apenas.

O exemplo anterior é apenas um dos vários exemplos de conduta reprovável de pais a que assisti durante os dois dias do torneio.
Em que medida este tipo de comportamento influencia a experiência desportiva dos nossos filhos? Em que medida devem os pais estar envolvidos no processo ensino-aprendizagem de uma modalidade desportiva?

A evidência científica na área da psicologia infantil revela que as crianças, quando percecionam o envolvimento dos pais no desporto como “positivo”, desfrutam e tiram maior proveito da sua experiência desportiva. Adquirem com mais eficácia algumas das importantes “competências” emocionais tipicamente apreendidas na fase infantil da vida dos seres humanos: Autoestima; Motivação; Inter-relacionamento pessoal; Colaboração; Gestão de conflitos; Felicidade. Estas valiosas competências adquiridas com a prática desportiva beneficiam decisivamente o desempenho alcançado noutras dimensões da vida dos jovens. É disso exemplo a melhoria do desempenho escolar.

A propósito ainda do tema deste artigo, estão na “moda” as academias de futebol. Esta configuração específica visa sobretudo contribuir para o desenvolvimento de “jogadores” de modo a que possam alcançar um padrão profissional. Infelizmente, esta lógica também influencia a postura de muitos pais no acompanhamento da vida desportiva dos seus filhos. Os objetivos específicos que decorrem da essência da prática desportiva são, em muitas ocasiões, secundarizados.

Um grupo de investigadores do Departamento de Ciências do Desporto da Universidade do Norte da Carolina, nos Estados Unidos da América, explorou, a partir da perspetiva de jovens atletas, o papel do stress no desporto. A investigação concluiu que os pais, quando sobrevalorizam as vitórias e desautorizam os professores/treinadores, criam um ambiente desportivo altamente stressante e contraproducente face aos objetivos mais abrangentes da prática desportiva. Relativamente ao acompanhamento dos pais, “prudência” é a palavra-chave para este grupo de investigadores.

A partir do conhecimento que fui acumulando acerca deste tema, são estas as linhas que me orientam enquanto pai de dois praticantes de uma modalidade desportiva:
  1. Ter sempre presentes as razões pelas quais os meus filhos praticam desporto (nenhuma delas está relacionada com resultados desportivos).
  2. Os meus filhos devem ser felizes e divertir-se nas competições. Se os meus filhos perceberem isto em mim, provavelmente estarão mais próximos de alcançar estes objetivos.
  3. Se sentisse que não conseguia controlar as minhas emoções nas competições, não os acompanhava.
  4. Antes das competições, jamais tento “treinar” os meus filhos; nada do que digo a este propósito vai ajudar. Não sou  professor/”mister”.
  5. Aqui está a mais difícil, particularmente para os adultos: Nunca, mas nunca, falo com os meus filhos sobre resultados. Sei que isso parece impossível, mas é rigorosamente verdade (embora – admito – exija uma tremenda disciplina da minha parte). Caso os meus filhos façam referência aos resultados, refiro-lhes que "os resultados não importam. O que importa é que vocês se esforçaram ao máximo e se divertiram.”
Termino este artigo fazendo novamente referência ao “Torneio Fair Play”. Neste torneio, que acompanhei pela participação dos meus dois filhos, também vi pais com condutas irrepreensivelmente pedagógicas e exemplares.

Mas o que mais impressionou no “Torneio Fair Play” foi o seguinte: participaram neste torneio alguns dos meninos mais bem-comportados e genuinamente respeitadores do próximo que alguma vez vi na vida. Eram órfãos e sem-abrigo. Integravam uma equipa de futebol orientada por um grande “treinador”. Nesta equipa de futebol, as crianças eram (são) todas órfãos, sem-abrigo e irrepreensivelmente comportadas. Parabéns ao mentor do projeto, que me merece a mais genuína das admirações.
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A partir deste exemplo que testemunhei, a pergunta final que deixo para reflexão é a seguinte: Que nível de envolvimento devem os pais ter no processo ensino-aprendizagem de uma modalidade desportiva?

 
 

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