Opinião Lélio Lourenço: Portugal em chamas!!
"E o Estado, cuja principal função deveria ser precisamente a salvaguarda de pessoas e bens aparece aos olhos dos cidadãos, perfeitamente atarantado, literalmente de calças na mão"
|27 Set 2022 12:54
O drama dos incêndios florestais não deixa de nos atormentar, ano após ano. As tragédias do costume, com as chamas a invadir tudo e a destruir bens e vidas inteiras de trabalho, as pessoas desesperadas num cenário de horror que as televisões mostram à exaustão. E o Estado, cuja principal função deveria ser precisamente a salvaguarda de pessoas e bens aparece aos olhos dos cidadãos, perfeitamente atarantado, literalmente de calças na mão, e sem saber o que fazer. Ano após ano, tragédia após tragédia, falam-se em grandes planos, estudos e mais estudos, fala-se em ordenar a floresta, no cadastro, no agora é que vai ser.
Foi assim sempre nos últimos anos na sequência dos fogos florestais. Depois dos incêndios de Pedrogão o governo, na altura, prometeu a maior reforma da floresta desde o Rei D. Dinis. Claro que o ministro já não é ministro e o País continua a arder como nunca. Nos últimos anos, o bode expiatório foram os eucaliptos, mas neste ano com o imenso desastre da Serra da Estrela a narrativa teve de ser retificada; agora são as ondas de calor e as alterações climáticas e os proprietários que são irresponsáveis e não procedem às limpezas das matas e campos abandonados. Não se fala em falta de meios para não ofuscar a estratégia governamental, mas não escapa à evidência a desorientação generalizada do governo. A secretária de Estado que diz no meio dum desastre desta dimensão que apenas ardeu 70% daquilo que o algoritmo previa é do domínio da insanidade e revela uma enorme desumanidade e desrespeito pelas pessoas que perderam tudo: casas e armazéns, máquinas e alfaias agrícolas, animais, vinhas, hortas e pomares. Como se compreende que ardam milhares de hectares na Serra da Estrela e se faça um balanço positivo, com a ministra da presidência a falar em recuperar a Serra dizendo que vai ficar melhor do que estava antes? Num país que se indigna quando uma qualquer autarquia pretende arrancar meia dúzia de árvores numa praça para fazer uma intervenção na zona urbana, e não se interroga como foi possível perder milhares de hectares de uma área protegida, com ecossistemas únicos. São precisas medidas ativas e efetivas de defesa de prevenção da floresta contra os fogos florestais, por parte dos diferentes ministérios, nomeadamente, ambiente e agricultura. Num país que impõe aos municípios planos diretores castradores do desenvolvimento e impede o crescimento urbano de freguesias rurais, para salvaguarda e proteção das reservas agrícolas e ecológica, como é possível que não se faça nada para travar este flagelo que provoca cada vez mais fenómenos de desertificação do interior, um maior abandono das atividades agrícolas, silvícolas e pecuárias e no limite significa o abandono duma parte significativa do território. Uma palavra de apreço para os bombeiros portugueses que uma vez mais são chamados a combater os fogos e que num contexto de seca severa como temos este ano ainda torna mais difícil o trabalho dos soldados da Paz. Bem hajam !! |
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