O Valor e a Importância da Água
Por Nélson Lopes
Consultor de Comunicação
29-09-2016 às 17:31
Será que pagamos demasiado pela água que consumimos?
O valor pago é suficiente para garantir a sustentabilidade dos sistemas?
Longe vão os tempos em que a água era quase dada, ou mesmo dada em alguns concelhos, e não havia consciência do desperdício de um bem precioso.
Hoje a fatura da água e saneamento já pesa no orçamento e, também por via desse impacte, há mais cuidado no uso da água. Mas será que todos tratamos bem a água e consumimos apenas o necessário para a nossa qualidade de vida ou ainda desperdiçamos este bem precioso?
Na região do Vale do Tejo, a empresa Águas do Ribatejo, que abastece sete municípios das bacias do Tejo e Almonda ainda tem perdas de água acima dos 30%. Ou seja, quase um terço da água produzida é devidamente tratada, com avultados custos nos processos, ainda não é aproveitada para consumo humano.
Para além destas perdas por via da debilidade dos sistemas, fugas, furtos de água e outras causas, continuamos a regar e a lavar pavimentos com água da rede e ainda combatemos fogos ou enchemos piscinas com água tratada. Poucos são os que aproveitam a água das chuvas e há quem lave o carro com a mangueira aberta ou tome banho todos os dias com uma banheira cheia.
Uma parte significativa da população ainda não tomou consciência de que a água é um recurso natural indispensável à vida no planeta Terra. Apesar de existir em abundância na nossa região, a água é um recurso finito. Por outro lado, o custo do seu tratamento é cada vez maior devido à contaminação dos recursos aquíferos pelo uso de químicos na agricultura e por práticas inimigas do ambiente por parte das populações. Ainda se enterram animais no quintal, queimam-se plásticos ou descarrega-se fossas nos terrenos de cultivo, contribuindo para a contaminação dos solos e dos lençóis freáticos.
A maioria das pessoas considera que paga demais pela fatura da água que inclui consumo de água e taxas de abastecimento, saneamento e resíduos sólidos. Ou seja, pagamos a disponibilidade da água para consumo e o tratamento das águas residuais, vulgo “esgotos” e dos resíduos sólidos urbanos “lixo”. Por tudo isto uma família de três pessoas, cliente da AR, paga em média 13 a 20 euros mensais.
A mesma família paga entre 40 a 60 euros de energia e 15 a 22 euros de gás natural. Já o serviço de telefone, televisão e net custa em média entre 39 e 68 euros.
Analisando os valores dos encargos anuais para uma família média, verificamos que apenas 1,1% das suas despesas totais se referem a abastecimento de água, saneamento de águas residuais e resíduos, enquanto que a mesma família gasta 3,3% em comunicações e 4,7% em eletricidade e gás.
De todos estes serviços, qual será o mais necessário? É sem dúvida o abastecimento de água. Consigo viver dois ou três dias sem luz, gás, televisão, telefone e net, mas sem água será impossível. Só tomamos consciência da importância do bem quando estamos privados dele. Haverá algo mais confortante que um copo de água quando temos sede ou um duche depois de um dia de trabalho com uma temperatura de 40 graus?
Apesar de considerarmos que pagamos muito pela fatura da água, na maioria dos casos, o valor pago pelos clientes ainda não reflete os custos da disponibilidade e da execução dos serviços. Há dezenas de entidades gestoras: municípios, serviços municipalizados e empresas municipais com prejuízos acumulados.
A Águas do Ribatejo tem sido um caso de estudo porque foi a primeira entidade gestora composta apenas por municípios e em sete anos de atividade conseguiu sempre resultados positivos garantindo a sustentabilidade do sistema com um tarifário que é o mais económico da região. Uma família de Benavente, Salvaterra de Magos ou Coruche paga metade do valor que a mesma família pagaria em vários concelhos na margem Norte do Tejo.
A empresa municipal investiu 120 Milhões de Euros nas obras que realizou nos sete concelhos com o imprescindível financiamento de 85% com fundos comunitários, garantindo a componente nacional sem onerar a fatura paga pelos clientes.
A chave do sucesso é a união e solidariedade dos sete municípios integrantes e um modelo de gestão com a filosofia do serviço público incutida pelos presidentes de câmara que integram os órgãos sociais em regime de “total voluntariado” sem os honorários, as senhas de presença ou as mordomias existentes noutras empresas de capitais públicos.
Um exemplo a seguir nesta e noutras áreas.
Por Nélson Lopes
Consultor de Comunicação
29-09-2016 às 17:31
Será que pagamos demasiado pela água que consumimos?
O valor pago é suficiente para garantir a sustentabilidade dos sistemas?
Longe vão os tempos em que a água era quase dada, ou mesmo dada em alguns concelhos, e não havia consciência do desperdício de um bem precioso.
Hoje a fatura da água e saneamento já pesa no orçamento e, também por via desse impacte, há mais cuidado no uso da água. Mas será que todos tratamos bem a água e consumimos apenas o necessário para a nossa qualidade de vida ou ainda desperdiçamos este bem precioso?
Na região do Vale do Tejo, a empresa Águas do Ribatejo, que abastece sete municípios das bacias do Tejo e Almonda ainda tem perdas de água acima dos 30%. Ou seja, quase um terço da água produzida é devidamente tratada, com avultados custos nos processos, ainda não é aproveitada para consumo humano.
Para além destas perdas por via da debilidade dos sistemas, fugas, furtos de água e outras causas, continuamos a regar e a lavar pavimentos com água da rede e ainda combatemos fogos ou enchemos piscinas com água tratada. Poucos são os que aproveitam a água das chuvas e há quem lave o carro com a mangueira aberta ou tome banho todos os dias com uma banheira cheia.
Uma parte significativa da população ainda não tomou consciência de que a água é um recurso natural indispensável à vida no planeta Terra. Apesar de existir em abundância na nossa região, a água é um recurso finito. Por outro lado, o custo do seu tratamento é cada vez maior devido à contaminação dos recursos aquíferos pelo uso de químicos na agricultura e por práticas inimigas do ambiente por parte das populações. Ainda se enterram animais no quintal, queimam-se plásticos ou descarrega-se fossas nos terrenos de cultivo, contribuindo para a contaminação dos solos e dos lençóis freáticos.
A maioria das pessoas considera que paga demais pela fatura da água que inclui consumo de água e taxas de abastecimento, saneamento e resíduos sólidos. Ou seja, pagamos a disponibilidade da água para consumo e o tratamento das águas residuais, vulgo “esgotos” e dos resíduos sólidos urbanos “lixo”. Por tudo isto uma família de três pessoas, cliente da AR, paga em média 13 a 20 euros mensais.
A mesma família paga entre 40 a 60 euros de energia e 15 a 22 euros de gás natural. Já o serviço de telefone, televisão e net custa em média entre 39 e 68 euros.
Analisando os valores dos encargos anuais para uma família média, verificamos que apenas 1,1% das suas despesas totais se referem a abastecimento de água, saneamento de águas residuais e resíduos, enquanto que a mesma família gasta 3,3% em comunicações e 4,7% em eletricidade e gás.
De todos estes serviços, qual será o mais necessário? É sem dúvida o abastecimento de água. Consigo viver dois ou três dias sem luz, gás, televisão, telefone e net, mas sem água será impossível. Só tomamos consciência da importância do bem quando estamos privados dele. Haverá algo mais confortante que um copo de água quando temos sede ou um duche depois de um dia de trabalho com uma temperatura de 40 graus?
Apesar de considerarmos que pagamos muito pela fatura da água, na maioria dos casos, o valor pago pelos clientes ainda não reflete os custos da disponibilidade e da execução dos serviços. Há dezenas de entidades gestoras: municípios, serviços municipalizados e empresas municipais com prejuízos acumulados.
A Águas do Ribatejo tem sido um caso de estudo porque foi a primeira entidade gestora composta apenas por municípios e em sete anos de atividade conseguiu sempre resultados positivos garantindo a sustentabilidade do sistema com um tarifário que é o mais económico da região. Uma família de Benavente, Salvaterra de Magos ou Coruche paga metade do valor que a mesma família pagaria em vários concelhos na margem Norte do Tejo.
A empresa municipal investiu 120 Milhões de Euros nas obras que realizou nos sete concelhos com o imprescindível financiamento de 85% com fundos comunitários, garantindo a componente nacional sem onerar a fatura paga pelos clientes.
A chave do sucesso é a união e solidariedade dos sete municípios integrantes e um modelo de gestão com a filosofia do serviço público incutida pelos presidentes de câmara que integram os órgãos sociais em regime de “total voluntariado” sem os honorários, as senhas de presença ou as mordomias existentes noutras empresas de capitais públicos.
Um exemplo a seguir nesta e noutras áreas.
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