"Intervenção Psicológica em situação de catástrofe"
Pedro Félix, psicólogo
03/04/2016 às 21:03
O acidente de comboios na Póvoa de Santa Iria, no dia 5 de Maio de 1986, foi um evento súbito, imprevisível e potencialmente gerador de trauma para todos os envolvidos. Este trágico acontecimento provocou em muitos dos envolvidos (vítimas, familiares das vítimas e equipas de socorro, entre outros), episódios de Stress e em certos casos uma evolução para Perturbação Pós-Traumática de Stress (PTSD). Era imperativo que tivessem sido providenciadas respostas adequadas a este tipo de evento, uma Intervenção Psicológica em Situação na Crise. Todavia, à data deste acontecimento não existiam mecanismos próprios para que tal sucedesse. Na altura, de uma forma estruturada existia apenas, desde 1978, o Centro SOS – Voz Amiga (primeiro telefone de ajuda em Portugal), um serviço de resposta à crise e à prevenção do suicídio.
A Intervenção Psicológica na crise tem como principal objectivo intervir o mais precocemente possível numa situação de crise psicológica motivada por uma situação de exposição a situações stressoras. Esta crise psicológica é definida como um período de desequilíbrio psicológico que surge como resultado da vivência de um evento exigente (como a que motiva este artigo), em que os mecanismos normais de “adaptação” (coping) não têm êxito, resultando na diminuição de funcionamento adaptativo desencadeando um padrão inicial de reacções emocionais, cognitivas, físicas e comportamentais que podem ser evoluir para psicopatologia, conhecido como Reacção Aguda de Stress.
Um dos possíveis modelos a seguir nos Primeiros Socorros Psicológicos é o modelo de intervenção Curbside Manner (2012) que passa por:
Proteger – Promover a sensação de segurança.
Tranquilizar – Ajudar a acalmar, confortar e orientar.
Conectar – Conectar à família, amigos e outras fontes de suporte.
Competência – Ajudar a melhorar a capacidade de satisfação das suas necessidades promovendo o acesso a recursos.
Confiança – Ajudar a recuperar um sentido de esperança e confiança no próprio e no futuro.
A ser hoje este trágico acidente, a história seria diferente, visto que já existem mecanismos próprios para lidar com situações de crise e ou catástrofe, no que concerne à intervenção psicológica.
Uma das iniciativas, neste âmbito, mais recente e de maior relevo surge por parte da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) que pretende disponibilizar, em cenário de catástrofe, uma bolsa de psicólogos às autoridades nacionais de resposta à emergência. Para tal, procedeu à assinatura de um protocolo de colaboração com a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC). Para este efeito criou o programa “1.000 Psicólogos para situações de Catástrofe”, abrindo a possibilidade dos psicólogos portugueses poderem usufruir de uma formação especializada que dará as ferramentas necessárias para intervir em situação de catástrofe.
Actualmente, como eu, já existem outros 661 psicólogos formados e preparados para agir e intervir em cenários de crise e/ou de catástrofe, como foi o caso do acidente de ferroviário de 1986.
Para além desta iniciativa existe, também, o Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC) que foi criado pelo INEM em 2004 para atender às necessidades psicossociais da população e dos profissionais. É formado por uma equipa de psicólogos afectos às delegações Regionais do INEM, que asseguram a resposta a situações de Emergência, nas quais haja necessidade de intervenção psicológica, havendo intervenção dos psicólogos no Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) e na intervenção em emergência no terreno, com a Unidade Móvel de Intervenção Psicológica de Emergência(UMIPE).
Pedro Félix, psicólogo
03/04/2016 às 21:03
O acidente de comboios na Póvoa de Santa Iria, no dia 5 de Maio de 1986, foi um evento súbito, imprevisível e potencialmente gerador de trauma para todos os envolvidos. Este trágico acontecimento provocou em muitos dos envolvidos (vítimas, familiares das vítimas e equipas de socorro, entre outros), episódios de Stress e em certos casos uma evolução para Perturbação Pós-Traumática de Stress (PTSD). Era imperativo que tivessem sido providenciadas respostas adequadas a este tipo de evento, uma Intervenção Psicológica em Situação na Crise. Todavia, à data deste acontecimento não existiam mecanismos próprios para que tal sucedesse. Na altura, de uma forma estruturada existia apenas, desde 1978, o Centro SOS – Voz Amiga (primeiro telefone de ajuda em Portugal), um serviço de resposta à crise e à prevenção do suicídio.
A Intervenção Psicológica na crise tem como principal objectivo intervir o mais precocemente possível numa situação de crise psicológica motivada por uma situação de exposição a situações stressoras. Esta crise psicológica é definida como um período de desequilíbrio psicológico que surge como resultado da vivência de um evento exigente (como a que motiva este artigo), em que os mecanismos normais de “adaptação” (coping) não têm êxito, resultando na diminuição de funcionamento adaptativo desencadeando um padrão inicial de reacções emocionais, cognitivas, físicas e comportamentais que podem ser evoluir para psicopatologia, conhecido como Reacção Aguda de Stress.
Um dos possíveis modelos a seguir nos Primeiros Socorros Psicológicos é o modelo de intervenção Curbside Manner (2012) que passa por:
Proteger – Promover a sensação de segurança.
Tranquilizar – Ajudar a acalmar, confortar e orientar.
Conectar – Conectar à família, amigos e outras fontes de suporte.
Competência – Ajudar a melhorar a capacidade de satisfação das suas necessidades promovendo o acesso a recursos.
Confiança – Ajudar a recuperar um sentido de esperança e confiança no próprio e no futuro.
A ser hoje este trágico acidente, a história seria diferente, visto que já existem mecanismos próprios para lidar com situações de crise e ou catástrofe, no que concerne à intervenção psicológica.
Uma das iniciativas, neste âmbito, mais recente e de maior relevo surge por parte da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) que pretende disponibilizar, em cenário de catástrofe, uma bolsa de psicólogos às autoridades nacionais de resposta à emergência. Para tal, procedeu à assinatura de um protocolo de colaboração com a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC). Para este efeito criou o programa “1.000 Psicólogos para situações de Catástrofe”, abrindo a possibilidade dos psicólogos portugueses poderem usufruir de uma formação especializada que dará as ferramentas necessárias para intervir em situação de catástrofe.
Actualmente, como eu, já existem outros 661 psicólogos formados e preparados para agir e intervir em cenários de crise e/ou de catástrofe, como foi o caso do acidente de ferroviário de 1986.
Para além desta iniciativa existe, também, o Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC) que foi criado pelo INEM em 2004 para atender às necessidades psicossociais da população e dos profissionais. É formado por uma equipa de psicólogos afectos às delegações Regionais do INEM, que asseguram a resposta a situações de Emergência, nas quais haja necessidade de intervenção psicológica, havendo intervenção dos psicólogos no Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) e na intervenção em emergência no terreno, com a Unidade Móvel de Intervenção Psicológica de Emergência(UMIPE).
Comentários
Ainda não há novidades ...