Opinião Ricardo Correia: "Refletir sobre os grandes incêndios"
"Ora se o plano está a falhar, e é por isso que temos incêndios violentos, e tomando de partido que o papel da AGIF é integrador dos 3 pilares (prevenção, vigilância e resposta) pergunto: Faz sentido que seja a AGIF a investigar as causas dos grandes incêndios quando ela própria tem responsabilidades?"
|22 Set 2022 11:36
Em reflexão o tema: "Grandes incêndios serão investigados pela Comissão Nacional para a Gestão Integrada de Fogos Rurais".
Não sei se será o fumo que ainda trago na cabeça, dos efeitos adversos das partículas várias nos pulmões ou dos gases provenientes da queima de várias substâncias diferentes que ainda me circulam no sangue, provenientes da pirólise do material dos incêndios rurais mas... pensemos juntos para ver se faz sentido: 1º A AGIF tem por missão o planeamento e a coordenação estratégica e avaliação do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (...) da avaliação de operações e da intervenção qualificada em eventos de elevado risco, com o objetivo de contribuir para aumentar o nível de proteção das pessoas e bens e de resiliência do território face a incêndios rurais e diminuindo o seu impacto nos ecossistemas e no desenvolvimento económico e social do País. 2º Com base na missão anterior, consolidada em lei orgânica do instituto AGIF, desde de 2018-02-16, data da sua publicação, que a AGIF tem feito o que seria a salvação da pátria e da nação, segundo vozes e letras que foram escritas, utilizando dinheiros públicos. Diria até que após 2017, e os anos de acalmia, foram tirados muitos créditos públicos que apontavam para resultados incríveis que só podiam ter sido obtidos graças à sua criação. Quem não gostou muito desta associação foi o São Pedro, santo responsável pela meteorologia geral, ah e também a História (aliada à estatística), aquela que nos conta que as vagas de incêndios mais violentos são cíclicos, acontecem sempre de x em x anos. A psicologia deverá também ter uma palavra a dizer, uma vez que após 2017 a memória das pessoas moldou os seus comportamentos, o seu intuito de autoproteção e resiliência, algo que iria acontecer desde que criaram o provérbio: casa roubada trancas à porta. 3º Em 2019, ano baseline, a despesa anual do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais cifrou-se em 264M€, valor que com o Plano Nacional de Ação (PNA da AGIF) teve um aumento previsto de despesa (pública e privada) de 383M€/ano, passando para um valor anual de 647M€. Este valor representa, nos 11 anos do programa (2019 - 2030), um total de 7.122 M (in PNA AGIF 20-30). Ora este último ponto é fundamental e a questão principal desta reflexão: ora se o plano está a falhar, e é por isso que temos incêndios violentos, e tomando de partido que o papel da AGIF é integrador dos 3 pilares (prevenção, vigilância e resposta) pergunto: Faz sentido que seja a AGIF a investigar as causas dos grandes incêndios quando ela própria tem responsabilidades? Não existe um observatório técnico independente? Com todas as competências? Com membros técnicos, científicos e até políticos? https://app.parlamento.pt/prog.../videos/20200123-OTI-V2.mp4 É por ser independente? Faz sentido outra vez descobrir que a terra é redonda? Não sei se vou conseguir dormir com tanta resposta difícil de obter às interiores questões. No entanto fico mais satisfeito por perceber que no meio do fumo, das cinzas e da chama ainda ativa a AGIF afinal ainda respira. Segue daqui mais um abraço a todos os que trazem a roupa, as botas, os pulmões e alma cheios de cinza, com os olhos cravados de marcas de poucas horas dormidas. Comandante dos Bombeiros de Azambuja |
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