O Próximo Governo
Por Joaquim Ramos
Sei bem que o tema central do próximo ValorLocal será o comércio na Região. Mas creio que já em tempos escrevi sobre este tema, embora a um nível mais local – o que me valeu algumas alergias por uns tempos…-, e não acho que valha a pena estar a repetir-me.
Por isso, vou armar-me em analista político, que parece ser o que está a dar hoje em dia, e também me vou pôr a extrapolar cenários para a governação do País. Posso também provocar algumas erzipelas, mas já tenho idade para não me ralar com isso.
Se calhar, quando o ValorLocal sair, já o Senhor de Belém convidou o Dr Passos Coelho para formar Governo. Porque é isso que vai acontecer.
Os meus amigos imaginam ser possível um Acordo de Governo entre o PS, o PCP e o BE? Para mim é óbvio que não. Ainda com o BE poderia admiti-lo, dado que, se excluirmos alguns militantes, românticos revolucionários cheios de dores nos joelhos e pedra no rim, que sobrevivem dos velhos tempos da UDP e quejandos, é tudo malta jovem, cheia de entusiasmo e furor proletário, mas também muito maleável nas respectivas práticas políticas. Poderia, como Partido jovem que é, e em nome de Portugal, ir fazendo cedências aos seus princípios doutrinários por forma a viabilizarem um Governo da Esquerda.
Mas o PCP, um partido que vem dos tempos da clandestinidade, com princípios doutrinários imutáveis e que e continua a pensar a sociedade como no tempo da cortina de ferro? Nunca será possível qualquer Acordo, julgo eu.
Poderão argumentar que resultou em Lisboa, com Jorge Sampaio. Pois resultou, eu sei. Mas quando se governa uma cidade não têm que se tomar medidas sobre sair ou não da NATO, da União Europeia e do Euro, nem decidir sobre a nacionalização da Banca e a unicidade Sindical, questões que, há mais de quarenta anos, põem em campos diametralmente opostos os dois Partidos – e são posições inconciliáveis.
E mesmo que, por absurdo se chegasse a um Acordo, alguém está a ver o Jerónimo de Sousa e aquela malta mais jovem de aspecto mas com a mesma cabeça, a votar sim a uma intervenção da NATO, a mais um Tratado que aprofunde a União Europeia, ou a um salário mínimo compatível com o estado da Nação? Note-se que não estou a fazer juízos de valor sobre os princípios do PCP, estou a penas a dizer que são inconciliáveis com os do PS.
Por isso acho muito bem que António Costa, que sabe muito bem ser impossível tal acordo, esteja a esticar a corda das negociações à esquerda para pressionar a Coligação de Direita a ceder em questões que o PS defende no campo laboral e social, nomeadamente. Não sei é se não a estará a esticar demais, mas não estou por dentro do assunto. Apenas sei que o Secretário-Geral do PS, embora sem ter vencido as eleições, é quem vai decidir que Governo teremos. Desculpem, mas é estrategicamente brilhante!
Talvez eu me engane, mas vamos ter um Gover4no da Coligação de Direita que vai conseguir ir-se aguentando à custa de cedências ao Programa do PS, até um dia, não muito longínquo, do ano que vem, em que o Presidente Marcelo dissolva a Assembleia e voltemos todos a votar!
Mas isto posso ser eu a pensar alto.
Ah,e afinal isto também tem que ver com comércio regional, porque o que saír deste imbróglio para governar Portugal irá deixar marcas próprias nas variáveis macroeconómicas, nomeadamente o consumo e as respectivas transacções.
(Artigo integrante da edição impressa de outubro do Valor Local)
Por Joaquim Ramos
Sei bem que o tema central do próximo ValorLocal será o comércio na Região. Mas creio que já em tempos escrevi sobre este tema, embora a um nível mais local – o que me valeu algumas alergias por uns tempos…-, e não acho que valha a pena estar a repetir-me.
Por isso, vou armar-me em analista político, que parece ser o que está a dar hoje em dia, e também me vou pôr a extrapolar cenários para a governação do País. Posso também provocar algumas erzipelas, mas já tenho idade para não me ralar com isso.
Se calhar, quando o ValorLocal sair, já o Senhor de Belém convidou o Dr Passos Coelho para formar Governo. Porque é isso que vai acontecer.
Os meus amigos imaginam ser possível um Acordo de Governo entre o PS, o PCP e o BE? Para mim é óbvio que não. Ainda com o BE poderia admiti-lo, dado que, se excluirmos alguns militantes, românticos revolucionários cheios de dores nos joelhos e pedra no rim, que sobrevivem dos velhos tempos da UDP e quejandos, é tudo malta jovem, cheia de entusiasmo e furor proletário, mas também muito maleável nas respectivas práticas políticas. Poderia, como Partido jovem que é, e em nome de Portugal, ir fazendo cedências aos seus princípios doutrinários por forma a viabilizarem um Governo da Esquerda.
Mas o PCP, um partido que vem dos tempos da clandestinidade, com princípios doutrinários imutáveis e que e continua a pensar a sociedade como no tempo da cortina de ferro? Nunca será possível qualquer Acordo, julgo eu.
Poderão argumentar que resultou em Lisboa, com Jorge Sampaio. Pois resultou, eu sei. Mas quando se governa uma cidade não têm que se tomar medidas sobre sair ou não da NATO, da União Europeia e do Euro, nem decidir sobre a nacionalização da Banca e a unicidade Sindical, questões que, há mais de quarenta anos, põem em campos diametralmente opostos os dois Partidos – e são posições inconciliáveis.
E mesmo que, por absurdo se chegasse a um Acordo, alguém está a ver o Jerónimo de Sousa e aquela malta mais jovem de aspecto mas com a mesma cabeça, a votar sim a uma intervenção da NATO, a mais um Tratado que aprofunde a União Europeia, ou a um salário mínimo compatível com o estado da Nação? Note-se que não estou a fazer juízos de valor sobre os princípios do PCP, estou a penas a dizer que são inconciliáveis com os do PS.
Por isso acho muito bem que António Costa, que sabe muito bem ser impossível tal acordo, esteja a esticar a corda das negociações à esquerda para pressionar a Coligação de Direita a ceder em questões que o PS defende no campo laboral e social, nomeadamente. Não sei é se não a estará a esticar demais, mas não estou por dentro do assunto. Apenas sei que o Secretário-Geral do PS, embora sem ter vencido as eleições, é quem vai decidir que Governo teremos. Desculpem, mas é estrategicamente brilhante!
Talvez eu me engane, mas vamos ter um Gover4no da Coligação de Direita que vai conseguir ir-se aguentando à custa de cedências ao Programa do PS, até um dia, não muito longínquo, do ano que vem, em que o Presidente Marcelo dissolva a Assembleia e voltemos todos a votar!
Mas isto posso ser eu a pensar alto.
Ah,e afinal isto também tem que ver com comércio regional, porque o que saír deste imbróglio para governar Portugal irá deixar marcas próprias nas variáveis macroeconómicas, nomeadamente o consumo e as respectivas transacções.
(Artigo integrante da edição impressa de outubro do Valor Local)
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