Histórias da aldeia contadas pelos seus habitantes
Sílvia Agostinho 10-03-2017 às 16:53
A exposição “Os Rostos da Nossa Terra” esteve patente na Capela do Vale do Brejo, concelho de Azambuja, no dia 12 de fevereiro numa organização do rancho folclórico local, e concretizou-se numa oportunidade para muitos revisitarem caras do passado e do presente da aldeia ao mesmo tempo que aproveitavam para contar velhas histórias que são quase lendas na aldeia, tal a sua antiguidade, pertencentes a um passado remoto mas não esquecido.
Maria Preta, uma das habitantes desta aldeia da freguesia de Aveiras de Cima, mostra o retrato de um dos irmãos, que “esteve preso por ter matado um homem”. “Depois de ter saído da cadeia, veio para a casa da minha mãe, que ainda era viva. Mais tarde o meu irmão foi para um lar. Todos os dias ia lá vê-lo, mas entretanto também morreu”, refere. Também Maria Preta conta com foto na exposição, numa altura em que estava a trabalhar. Diz que a fotografia já é antiga, e não se lembra muito bem de quando lhe foi tirada pelos organizadores da mostra. Maria Preta nasceu em 1940, e diz com graça que faz anos duas vezes no ano, é que apesar de ter nascido a um de setembro, apenas foi registada a 29 de novembro. “Na brincadeira, o meu neto diz que já tenho muitos anos, e pergunta por que ainda não morri”, graceja.
Em Vale do Brejo, a história do homem que se casara há pouco tempo, e que foi assassinado num dia em que decidiu roubar lenha a um vizinho é das mais enfatizadas. Até porque podia ser vista uma foto dele com a sua jovem viúva na exposição. – “Naquela altura era assim que se resolviam os assaltos. Era casado com a mãe da Florinda, que também está aqui naquele retrato. Parece que passados oito dias do casamento deu-se o caso de ter sido morto a tiro. Foi buscar uma carga de lenha à Ameixoeira. O caseiro que lá estava foi quem o matou”. Uma história do imaginário da aldeia. A viúva casou mais tarde com “o Augusto”. Mais rostos da terra e das suas histórias são contados como a do “José Branco que morreu solteiro e que nunca casou”. Entre os que foram ver a exposição multiplicavam-se os comentários sobre os graus de parentesco entre os representados na mostra: a recordar os que já foram, e os que ainda restam. Adelina Pratas, viúva, lembra também a sua mãe retratada nesta exposição: “É assim, é a vida!”
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