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Ota:Requalificação dos Olhos de Água na gaveta desmotiva população

Foi um dos projetos vençedores do Orçamento Participativo da Câmara de Alenquer em 2016


Sílvia Agostinho
27-12-2019 às 17:42
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Foi um dos projetos vencedores do Orçamento Participativo da Câmara de Alenquer há três anos, mas até à data e no terreno, na freguesia de Ota, não se verificaram movimentações para ali se criar uma nova zona de lazer. O projeto de requalificação dos Olhos de Água continua sem sair da gaveta. Previa a limpeza do rio, a construção de uma ponte de ligação para as duas margens, a criação de um espelho de água e a recuperação da envolvente.

O prazo de execução seria de dois anos, mas passados cerca de três , reina o desânimo entre os habitantes de Ota que levaram esta candidatura em diante. A Câmara de Alenquer atribuiu uma verba de 77 mil 380 euros, mas até à data ainda não terá ido além de algumas conversações com a EPAL que durante anos procedeu à captação de água no local. O local que fica no sopé da Serra de Ota já foi um sítio de banhos, e de convívio por parte da população que agora até desistiu de frequentar o espaço, face à poluição provocada por uma pecuária a montante. A classificação do Canhão Cársico de Ota como paisagem protegida a nível local, deixa este projeto como uma ponta solta e desprezada naquele complexo natural.

“Tenho o sonho de ver aquilo o mais parecido possível com o que foi um dia, mas nunca mais fizeram nada nem nos disseram nada. Há muito tempo que não falam connosco”, diz um dos proponentes do projeto ao Orçamento Participativo, Lúcio Carvalho. “Hoje em dia aquilo nem se parece com um rio sequer, parece um depósito, porque aparecem ali desde frigoríficos, cadeirões, esgotos das fábricas, a cabeças de porcos”, enfatiza Natália Lopes, que opina – “Se arranjassem os Olhos de Água fariam o pleno na paisagem do Canhão Cársico que agora já conseguiu outro estatuto”. “Hoje não passa de um rio cheio de javardice”, atira Lúcio Carvalho. “Pelo que sei ainda não deram início a nenhum dos projetos que venceu o orçamento participativo, naquele ano, em que nós também vencemos”; junta Natália Lopes.

Para além de que “a dada altura fui a uma reunião na Câmara e deram-me a volta com o argumento de que iam também limpar o rio a montante dos Olhos de Água, porque era obrigação da autarquia, e não podia fazer parte do Orçamento Participativo, mas até hoje não fizeram nada, e esta conversa já foi à vontade há três anos”, dá conta Lúcio Carvalho. “Não duvido que metam o projeto em prática, mas que já passou muito tempo e que estamos muito desmotivados, sem dúvida nenhuma”, consubstancia Natália Lopes, que lamenta a falta de contacto e de respostas da parte do município. A limpeza do rio a montante dos Olhos de Água dificilmente será viável ou bem sucedida, nesta altura, tendo em conta as descargas das pecuárias, nomeadamente, a Valinho S.A, que labora em Abrigada, que por se encontrar ilegal, deveria encerrar, mas interpôs recurso em tribunal e continua a sua produção, até que tudo seja decidido a nível judicial. “Se a junta tivesse um pouco mais de interesse neste nosso projeto, se calhar esta questão já tinha tido outro caminho, mas se calhar o presidente não tem vontade de se chatear com os amigos da Câmara. Isto das amizades é complicado”, diz Lúcio Carvalho.

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A expetativa quanto ao que se seguirá permanece, mas é com desconfiança que olham para as muitas excursões realizadas ao Canhão Cársico de Ota, em que “algumas empresas que desconhecemos trazem para aqui jovens, como acontece muitas vezes, e lhes cobram dinheiro pela visita que tem de ser autorizada, e sem qualquer tipo de supervisão, porque agora trata-se de uma área protegida”, diz Natália Lopes que não aprova o estado de coisas – “As pessoas não podem lá entrar de qualquer maneira, e segundo sei o presidente de junta também não sabia de nada deste negócio das excursões”.

A preocupação com o turismo desenfreado ao canhão que até há poucos anos era um monumento natural adormecido encontra paralelo com a necessidade de limpeza dos Olhos de Água. “O meu sonho passaria por termos ali um espelho de água. Temos noção de que aquilo já não vai voltar a ser o que foi, quando a água brotava com uma força incrível que dava para tomarmos banho, mas que pelo menos se possa embelezar o local, criarmos sombras e lugar de piquenique”, concretiza Lúcio Carvalho. Augusta Carvalho, também proponente do projeto de requalificação, lamenta “a falta de união da população”. “Se tivesse mais poder reivindicativo podia fazer com que algo avançasse”. “Veja-se o que está a acontecer com aquele grupo da água, estão a mexer com as coisas, aqui também podíamos fazer algo parecido”, junta Amélia Caetano.
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Em declarações ao Valor Local, o vereador com o pelouro do Orçamento Participativo, Paulo Franco, fala em reuniões com a EPAL, mas recusa adiantar conclusões quanto a essas reuniões, alegando que primeiro falará com a população. Os proponentes sabem das negociações com a EPAL mas desde há vários anos que não são informados pela Câmara, segundo nos afiançaram. A Associação para o Estudo e Defesa do Ambiente do Concelho de Alenquer (ALAMBI) defende que a EPAL deve ser chamada à responsabilidade na renaturalização e limpeza dos Olhos de Água dado que foi a empresa de captação de águas de Lisboa que artificializou do rio com a colocação de betão armado quando o curso de água começou a ser poluído devido aos esgotos urbanos sem tratamento, a que se juntou a atividade agrícola e das pecuárias.

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