Palmeiras do Palácio em Azambuja vão ser
todas arrancadas
O cenário idílico da avenida das palmeiras em Azambuja deverá deixar de ser uma realidade. Em articulação com a administração central, a Câmara de Azambuja prevê proceder ao arranque de todas as palmeiras. A quase totalidade das árvores sucumbiu à praga do escaravelho vermelho. Os estragos são visíveis com algumas árvores totalmente despidas e com o que resta delas a permanecer no chão. Muitos troncos e folhas jazem agora sobre esta avenida, impedindo a normal passagem de pessoas e viaturas.
O vereador Silvino Lúcio confessa que o cenário é de fato “desolador”, mas que apesar dos esforços efetuados junto do Governo, com a presença de técnicos no terreno, no sentido de uma solução, dado que aquele património é do Estado, foi impossível fazer mais, pois quando a praga atinge a palmeira torna-se um dado praticamente adquirido a morte e a contaminação das árvores. O autarca esclarece também que o inicial aparecimento da praga mesmo que detetado a tempo não impediria a contaminação das restantes árvores, pois o seu poder de destruição é altamente letal, e daí o fato de terem restado também poucas árvores saudáveis a nível do país. No caso de Azambuja, no local em causa, estamos a fala de 104 árvores que vão ficar para a história.
“Enfrentámos muitas dificuldades nos contatos com o ministério do Ambiente, perceber no fundo quem é que manda, a burocracia do costume. Possivelmente se estivéssemos a falar de uma árvore que não fosse apenas ornamental, mas com importância económica como a oliveira ou o eucalipto, teria havido outra atitude das entidades”, lamenta também. Silvo Lúcio refere que ainda se chegou a ter esperança num tratamento fitossanitário experimental que se fez em Cascais, mas depressa as expetativas das entidades ficaram goradas. Não tenho conhecimento de que algum tratamento tenha tido sucesso. Pouco resta à Câmara a não ser a limpeza, queima e enterramento das árvores caídas, e proceder ao corte das que ainda se mantêm de pé.
“Trata-se de um trabalho pesado que envolverá muitos meios. O município tem disponibilidade para alocar alguns meios, mas também temos de ter a ajuda das entidades governamentais, bem como apoio técnico”, refere o vice-presidente.
Este cenário serviu muitas vezes para filmagens de telenovelas e filmes, até estrangeiros, com a sua paisagem a lembrar África ou outras paragens mais distantes. Agora a Câmara entende que o cenário das palmeiras deverá continuar, mas com a replantação de novas, menos exóticas e tropicais – as banais palmeiras de leque, mas à partida mais resistentes a pragas como a do escaravelho.
A morte já é certa, e em breve deixará mesmo de existir por completo qualquer resquício de palmeiras. Neste sentido Silvino Lúcio aconselha a população a mentalizar-se para o que ai vem – “Não vale a pena os saudosismos, ficamos apenas com o registo das imagens de que um dia isto existiu.” Ainda vão decorrer muitos anos até que as novas palmeiras replantadas possam ser apreciadas.
Sílvia Agostinho
25-01-2015
O cenário idílico da avenida das palmeiras em Azambuja deverá deixar de ser uma realidade. Em articulação com a administração central, a Câmara de Azambuja prevê proceder ao arranque de todas as palmeiras. A quase totalidade das árvores sucumbiu à praga do escaravelho vermelho. Os estragos são visíveis com algumas árvores totalmente despidas e com o que resta delas a permanecer no chão. Muitos troncos e folhas jazem agora sobre esta avenida, impedindo a normal passagem de pessoas e viaturas.
O vereador Silvino Lúcio confessa que o cenário é de fato “desolador”, mas que apesar dos esforços efetuados junto do Governo, com a presença de técnicos no terreno, no sentido de uma solução, dado que aquele património é do Estado, foi impossível fazer mais, pois quando a praga atinge a palmeira torna-se um dado praticamente adquirido a morte e a contaminação das árvores. O autarca esclarece também que o inicial aparecimento da praga mesmo que detetado a tempo não impediria a contaminação das restantes árvores, pois o seu poder de destruição é altamente letal, e daí o fato de terem restado também poucas árvores saudáveis a nível do país. No caso de Azambuja, no local em causa, estamos a fala de 104 árvores que vão ficar para a história.
“Enfrentámos muitas dificuldades nos contatos com o ministério do Ambiente, perceber no fundo quem é que manda, a burocracia do costume. Possivelmente se estivéssemos a falar de uma árvore que não fosse apenas ornamental, mas com importância económica como a oliveira ou o eucalipto, teria havido outra atitude das entidades”, lamenta também. Silvo Lúcio refere que ainda se chegou a ter esperança num tratamento fitossanitário experimental que se fez em Cascais, mas depressa as expetativas das entidades ficaram goradas. Não tenho conhecimento de que algum tratamento tenha tido sucesso. Pouco resta à Câmara a não ser a limpeza, queima e enterramento das árvores caídas, e proceder ao corte das que ainda se mantêm de pé.
“Trata-se de um trabalho pesado que envolverá muitos meios. O município tem disponibilidade para alocar alguns meios, mas também temos de ter a ajuda das entidades governamentais, bem como apoio técnico”, refere o vice-presidente.
Este cenário serviu muitas vezes para filmagens de telenovelas e filmes, até estrangeiros, com a sua paisagem a lembrar África ou outras paragens mais distantes. Agora a Câmara entende que o cenário das palmeiras deverá continuar, mas com a replantação de novas, menos exóticas e tropicais – as banais palmeiras de leque, mas à partida mais resistentes a pragas como a do escaravelho.
A morte já é certa, e em breve deixará mesmo de existir por completo qualquer resquício de palmeiras. Neste sentido Silvino Lúcio aconselha a população a mentalizar-se para o que ai vem – “Não vale a pena os saudosismos, ficamos apenas com o registo das imagens de que um dia isto existiu.” Ainda vão decorrer muitos anos até que as novas palmeiras replantadas possam ser apreciadas.
Sílvia Agostinho
25-01-2015