Carnota cerrou fileiras pelos parques infantis

Projeto foi o mais votado do Orçamento Participativo de Alenquer
VOLTAR
Valor Local
  • OUVIR RÁDIO
  • EDIÇÃO IMPRESSA
  • FICHA TECNICA
    • ESTATUTO
  • CONTATOS
    • ONDE ESTAMOS
  • PUBLICIDADE
  • VALOR LOCAL TV

Foi a proposta mais votada do Orçamento Participativo de Alenquer com 452 votos. Até final de 2016 a construção de dois parques infantis no jardim-de-infância e escola do primeiro ciclo na freguesia de Santana da Carnota, no valor de 50 mil euros deverá ser uma realidade. O Valor Local falou com os proponentes da proposta, um grupo de pais, que durante meses, se empenhou e cativou a população da freguesia para esta causa.

Este grupo mobilizou-se, e foi de aldeia em aldeia, não esquecendo os pequenos casais e lugares da freguesia, onde deu a conhecer que estava a decorrer uma votação na qual a freguesia também participava com um projeto para as crianças. Andaram a bater à porta dos mais velhos da freguesia a explicar que Santana da Carnota podia conseguir uma obra que faz falta aos meninos e meninas: um parque infantil novo para o jardim-de-infância, e a substituição do velho parque na escola primária.

Quando se lhes pergunta sobre o segredo do sucesso pelo fato de o projeto ter sido o mais votado; Sandra Cruz, Cláudia Miranda, e Luís Fernandes respondem em uníssono –“Muito trabalho!” “Nove pais que fazem parte deste projeto abandonaram as suas casas e famílias nos tempos livres e fins-de-semana para se dedicarem de corpo e alma a esta causa”, refere Cláudia Miranda. “Tivemos muito apoio de todas as terras da freguesia. Poucas ou nenhumas pessoas recusaram votar”. Mandaram fazer flyers, e até conseguiram uma carrinha depois decorada a preceito para divulgarem de uma forma ainda mais efusiva o projeto. Em algumas deslocações pela freguesia, também se fizeram acompanhar pelos futuros utilizadores dos parques infantis, as crianças. “Os miúdos acharam muita piada ao fato de terem andado de porta em porta, de megafone, e com músicas infantis a tocar na carrinha”, lembra Sandra Cruz.

“Muitos idosos desconheciam que estava a decorrer um orçamento participativo, e como não tinham acesso à internet, tivemos de ir porta-a-porta explicar-lhes, porque chegámos à conclusão de que entregar flyers e ficar à espera que votassem não era o suficiente”, recorda Luís Fernandes. “A maioria das pessoas conhecem-nos e por isso confiaram em nós e não acharam estranha a nossa abordagem”, refere Cláudia Miranda que recorda que “muitos idosos fizeram questão de votar, e falavam do fato de não terem acesso à internet para o fazer, sendo que muitos nem ler nem escrever sabem.”

“As pessoas diziam que esta escola também já tinha sido delas, e propusemos aos funcionários da Câmara que colocassem computadores nas carrinhas da autarquia de modo a proporcionar que os idosos pudessem votar”, dá a conhecer Sandra Cruz. “Numa das terras, as pessoas foram votar à carrinha até debaixo de chuva”, acrescenta Cláudia Miranda – “Foi muito gratificante!”.

Mas nunca pensaram na possibilidade de o projeto se tornar o mais votado do concelho,  mas Luís Fernandes confidencia que “tinha uma secreta esperança”. “O grosso dos votos foi conseguido no porta-a-porta, entre os nossos amigos e vizinhos”, acrescenta. Receavam mais concorrência de localidades como Alenquer ou o Carregado, mas até uma maratona de zumba estes pais organizaram para captar votos

“Valeu a pena porque os miúdos passam muito tempo dentro da sala de aula, e depois não têm onde brincar, precisam de extravasar, e com um parque infantil puxam pela criatividade e ficam mais entretidos”, dá a conhecer Sandra Cruz. No primeiro ciclo há 37 crianças e no jardim-de-infância 20.

Para o ano, esta comunidade vai voltar a dedicar-se de corpo e alma para conseguir incluir mais um projeto de Santana da Carnota na fase final de votação do Orçamento Participativo de Alenquer, desta feita para melhoramentos na escola.

No entanto, Luís Fernandes lamenta que este tipo de obras tenha de passar por um processo de envolvimento dos cidadãos quando as Câmaras e o Governo deveriam ter “estado desde sempre na linha da frente da sua execução”. “A escola é da nossa responsabilidade mas acima de tudo das entidades, que devem cuidar destes espaços”.

Os outros projetos vencedores

Neste primeiro ano da iniciativa, Paulo Franco, vereador que coordenou o Orçamento Participativo de Alenquer, realça acima de tudo o dinamismo com que as pessoas defenderam os seus projetos, independentemente de serem oriundos de freguesias rurais ou urbanas. “O projeto mais votado e os seguintes refletem isso mesmo”, refere ao Valor Local.

O projeto de um ”espaço coberto na escola básica de Canados” ficou em segundo lugar, com 416 votos. “Um projeto muito acarinhado e defendido pela população e até pela própria junta”, realça Paulo Franco

O “centro de treino de atletismo de Alenquer”, orçado em 56 mil 300 euros, obteve 7,6 por cento da preferência dos participantes, ou seja 352 votos. “Terá uma pista sintética de 60 metros, e vai possibilitar que se pratique a modalidade em ambiente de pavilhão”.

Em quarto lugar na votação, com uma diferença três votos para o terceiro projeto, ficou a criação de um “espaço de convívio e apoio a idosos na antiga escola básica de Azedia”, União de Freguesias de Ribaria e Pereiro de Palhacana. Vai custar 59.973 euros. “Do Montejunto ao Tejo”, proposta de criação de uma rede de percursos pedestres pelo concelho  foi a escolhida por 333 pessoas. O custo: 44.035 euros.

A “sala snoezelen” do Centro Escolar das Paredes obteve 281 votos. Trata-se de um equipamento de apoio a crianças com necessidades especiais, que vai ficar concluído por 15 mil euros.

O sétimo e último projeto escolhido foi o da “caraterização e plano de ação do Canhão Cársico de Ota”, de José Carlos Morais, com 256 votos. Os 45 mil euros da sua execução fazem ultrapassar os 300 mil euros consignados, mas, como refere o regulamento do Orçamento Participativo Alenquer, a Câmara poderia optar por reforçar a verba e permitir que mais um projeto ganhasse forma.


“É um projeto diferente dos outros, de investigação e foi com satisfação contemplar um projeto deste tipo, deixa-nos satisfeito poder apostar em outras ideias que não necessariamente obras ou requalificação de espaços”.

A Câmara dispõe de 300 mil euros para estas obras todas, mas Paulo Franco está ciente da possibilidade de derrapagens, apesar dos estudos efetuados“Há um rigor nos valores apresentados com base na análise técnica feita de junho a setembro”. Para o ano que vem vai ser lançado um novo orçamento participativo com uma verba maior, no valor de 500 mil euros.

Sílvia Agostinho
22-12-2014

    Comente esta notícia

Submeter

Comentários

Ainda não há novidades ...

Jornal Valor Local @ 2013


Telefone:

263048895

Email

valorlocal@valorlocal.pt
  • OUVIR RÁDIO
  • EDIÇÃO IMPRESSA
  • FICHA TECNICA
    • ESTATUTO
  • CONTATOS
    • ONDE ESTAMOS
  • PUBLICIDADE
  • VALOR LOCAL TV