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Paulo Paixão, Presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia
“Vacina da Covid-19 tem o mesmo nível de eficácia da vacina do sarampo”
A população do nosso país começa a ser vacinada. Receios quanto à toma não se justificam. Eficácia da vacina está na média a par de outras com igual sucesso
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Estima-se que seja necessário vacinar apenas 70 por cento da população para atingir a imunidade de grupo

| 28 Dez 2020 11:15
Sílvia Agostinho

O ano de 2020 termina com a melhor notícia possível. Foi encontrada a vacina para a Covid-19, mas paira a dúvida se foi encontrada a cura. Paulo Paixão, Presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia, explica que as notícias são animadoras face ao anúncio das várias vacinas que estão a ser produzidas e enviadas para os quatro cantos do mundo: a da Pfizer, a da Moderna e a de Oxford, em traços gerais, a que se juntam outras tantas menos conhecidas e cujo grau de eficácia ainda sugere algumas dúvidas.
 
Ao Valor Local, o também médico virologista refere que cerca de 3,5 por cento da população mundial já teve alguma espécie de contacto com o vírus, “mas até pode ser mais”. Estima-se que seja necessário vacinar apenas 70 por cento da população para atingir a imunidade de grupo, “mas deve ser referido que quanto maior for a taxa de vacinação, melhor controlo da infeção haverá”. Com a vacina do sarampo, para dar outro exemplo, “é necessário vacinar 95 por cento da população, uma vez que a taxa de transmissão do vírus é elevadíssima, superior à da Covid-19”. Paulo Paixão é taxativo apenas a vacina vai travar a pandemia, porque as máscaras e o distanciamento social nunca serão suficientes.
 
As vacinas de que mais se fala atualmente, a da Pfizer e a da Moderna, atuam através do mRNA. Não é o agente do vírus que é introduzido através da vacina, mas sim parte do seu genoma que produzirá uma determinada parte do micro-organismo (naturalmente, uma parte fundamental para a propagação do vírus) e assim, estimulará a produção de defesas contra essa parte específica do agente infecioso.  Ou seja, esta vacina vai imitar o que o vírus faz, com a diferença que não gera uma infeção completa, apenas obriga a célula do hospedeiro humano a produzir uma parte da constituição do vírus, a tal parte fundamental do mesmo. Para o virologista, os resultados alcançados “foram melhores do que aquilo que todos esperavam”, e desmistifica os receios ligados a uma possível mutação do ADN humano aquando da sua toma. “Isso é tudo mentira, apenas vai reproduzir aquilo que acontece com a infeção natural. Dentro das células vai entrar apenas uma parte do vírus, que é aquela que nos interessa”. Mas, é importante que fique realçado que a sua administração poderá produzir alguns efeitos passageiros nas primeiras 24 horas, após a sua administração, dos quais se destaca o mal-estar ou a febre baixa. “Mas embora incómodos, não são sinais negativos, pelo contrário. Se sentir esse tipo de efeitos, é sinal que o sistema imunitário está a reagir de forma positiva ao vírus”, sentencia.

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Para o virologista, os resultados alcançados foram melhores do que aquilo que todos esperavam, e desmistifica os receios ligados a uma possível mutação do ADN humano aquando da sua toma
Estas vacinas têm graus muito elevados de eficácia, a da Pfizer 90 por cento e a da Moderna 94,1 por cento, para “além de serem seguras”. São valores de sucesso já atingidos com outras vacinas como a do sarampo. “Estão na média”. Atualmente, e desde que todas as crianças sejam vacinadas, o sarampo não consegue propagar-se e está praticamente erradicado. Paulo Paixão diz mesmo que “se todos se vacinarem contra a Covid-19 podemos chegar ao mesmo patamar de sucesso do sarampo”, que recorde-se é uma doença que consegue ser mais contagiosa do que o coronavírus. Paulo Paixão precisa ainda de forma mais específica que a carga viral do sarampo, que, hoje em dia, encaramos como uma doença dos nossos antepassados, e para a qual todos tomámos uma vacina nos primeiros anos de vida, que ficou para a posteridade assinalada no nosso velhinho boletim de vacinas.  “Repare que há uma diferença de 25 por cento entre as duas para se chegar à imunidade de grupo”, conforme explícito acima.
 
Contudo já são do conhecimento algumas reações adversas à toma da vacina da Pfizer/BioNtech especialmente em indivíduos com histórico de problemas alérgicos, contudo “já se previa que isso acontecesse tendo em conta o quadro clínico existente, não foi surpreendente”. O presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia enfatiza ainda o facto de terem sido testadas em dezenas de milhares de pessoas, um facto não despiciendo no seu entender. Sem querer fazer futurologia, acrescenta que “é provável que surjam outras reações adversas, mas não constantemente”. Por outro lado, ninguém duvida que “as primeiras pessoas que devem ser vacinadas são os utentes do lar, os funcionários dessas instituições e os profissionais de saúde”, num comentário ao plano elaborado pelo Governo. Depois da vacina não serão de descurar “os cuidados com o distanciamento social e as máscaras porque o vírus não deixará de circular e apesar de eu poder ficar mais protegido outra pessoa pode não estar”.
 
Outros coronavírus acabaram por ser controlados ao ponto de desaparecerem como a Mers e a Sars, mas Paulo Paixão acredita que a Covid-19 pode ter um destino semelhante ao da gripe com a necessidade de vacinação sazonal, “porque possui muitas mutações, e o padrão assemelha-se mais ao daquela doença, embora não queira especular muito”. Mas o mundo não se ficará por aqui quanto a pandemias, o médico vaticina que a relação do homem com a natureza e a exploração ao limite dos recursos assim o leva a crer, embora com muito menos incidência foi só há 10 anos que houve um surto de Gripe A.
 

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