“A ambição de certos presidentes é que deu cabo do clube”

Luís Pinto Barreiros defende que quer apenas o que é seu
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Continua a arrastar-se o imbróglio gerado com o campo da Associação Desportiva do Carregado (ADR) e o proprietário do terreno – onde aquela instalação desportiva foi construída – Pinto Barreiros, que reclama para si a posse do mesmo, cedido, apenas, mediante um acordo verbal entre José Lacerda Pinto Barreiros e o clube há mais de 50 anos atrás. Agora o seu descendente, Luís Pinto Barreiros exige de novo o terreno onde está implantado o campo, comprometendo-se a ceder outra área ao clube, bem como um terreno, à Câmara de Alenquer para construção de um parque urbano.

Em entrevista ao Valor Local, Luís Pinto Barreiros, o porta-voz da família, garante estar disponível para resolver a contento de todos este processo que, nesta altura, enfrenta uma ação judicial contra a Associação Desportiva do Carregado. O responsável salienta que nunca esteve em causa o clube nem as direções, e aponta o dedo acusador a alguma “ambição” dos diversos presidentes que passaram pelo clube depois do 25 de Abril. Luís Pinto Barreiros sustenta que não tem projetos para o terreno onde está o campo com o nome da família, mas reconhece que tal é urbanizável, garantindo também que não tem na manga nenhum possível comprador para aqueles terrenos. Todavia, o proprietário não garante o custo das mudanças para o clube, sublinhando que esse é um assunto da responsabilidade da ADC e que a autarquia terá aqui um papel muito importante. Luís Pinto Barreiros vai mais longe ao afirmar que não acredita que a ADC não tenha dinheiro: “Pois enquanto andou na segunda liga,  as despesas nunca ficavam abaixo dos 100 ou 200 mil euros”.

O porta-voz da família sustenta que os interesses da associação “foram sempre defendidos pelos Pinto Barreiros”, que deram o terreno onde está a sede do clube e da qual não há escritura. “E ainda bem que não há!”, enfatiza, e explica: “Se existisse uma escritura, a sede e por consequência o terreno eram agora propriedade de um banco” já que o anterior presidente chegou a ter intenções de hipotecar aquele património tendo em vista a realização de algum capital para a permanência na Liga Vitalis.

Luís Pinto Barreiros sustenta, entretanto, que a família está disponível para continuar a negociar, mas não com o clube. Prefere por isso chegar a bom termo, mas tendo Pedro Folgado, presidente da Câmara Municipal de Alenquer, como intermediário.

O processo que se arrasta há vários anos tem conhecido várias peripécias: o clube recorreu da primeira decisão que dá razão à família e que obriga a ADC a mudar-se daquele espaço onde está o estádio de futebol. Nesse sentido, o proprietário diz que não entende estes contornos: “Se o clube está falido, como é que vai gastar ainda mais dinheiro neste processo”.

Luís Pinto Barreiros garante no entanto que a sua família continuará a apoiar o clube. Todavia esclarece que quando o mesmo foi criado, ainda com a ajuda do seu pai,  o objetivo era o fomento do desporto junto dos mais jovens, algo que se veio a perder nos últimos anos, nomeadamente, nos anos mais recentes em que o clube profissionalizou-se esquecendo “os juvenis ou os iniciados”. Luís Pinto Barreiros diz que só a ambição pessoal dos antigos presidentes do clube explica que nunca a família tivesse conseguido chegar a um entendimento com os mesmos.

Numa primeira fase, esteve prevista a passagem do campo para outros terrenos à entrada do Carregado. Mas na altura o clube pediu para além de um campo de jogos, um campo de treinos. A família decidiu que essa hipótese era viável, mas “os presidentes nunca aceitaram sair dali”. Nos tempos mais recentes, a família Pinto Barreiros voltou a tentar negociar. Desta vez um outro terreno junto à escola da Barrada no Carregado, mas mais uma vez deparou-se com a intransigência da presidência do clube. O processo mantem-se em tribunal, mas a família garante total cooperação com o clube, garantindo não ter comprador ou planos para o local onde está o estádio Lacerda Pinto Barreiros, e afirmando querer apenas “reaver aquilo que é seu”. “É normal,” sustenta o herdeiro que refere que a família “é composta por mais de 30 pessoas que também têm de comer”.

José Monraia que falou ao Valor Local, pela comissão administrativa, diz que a coletividade foi “apanhada de surpresa” com as intenções da família Pinto Barreiros. “Vamos aguardar porque a autarquia também tem uma palavra a dizer. Pessoalmente não tenho nada contra a família Pinto Barreiros, mas a grande questão reside em saber por que desejam os terrenos de volta, e até hoje não sabemos”, respondeu sem dar azo a mais perguntas.

De acordo com Jorge Riso, anterior presidente da Câmara de Alenquer, entre 2009 e 2013, período durante o qual começaram as conversações com a família Pinto Barreiros com a presença do seu representante, do clube e da Câmara; dá a sua versão dos fatos: “Todos esses encontros ficaram plasmados em atas das reuniões em que estivemos presentes, nomeadamente, todos os elementos da autarquia. Até à data em que saí (Outubro de 2013) foram estudadas várias situações. A família ficou de apresentar uma ou duas propostas de localização. Até ao momento em que saí, nada tinha sido apresentado, até porque a proposta teria de passar pelos estudos diversos e Plano Diretor Municipal. Chegámos a estar em dois locais possíveis, a família ficou de trabalhar as hipóteses para se contemplar à posteriori em PDM”.

Já o atual presidente do município, Pedro Folgado, refere que tem falado com a família Pinto Barreiros de forma a se poder resolver o processo, “até porque o Tribunal decidiu para já que a ADC tem de sair daquele local. Se se confirmar a mesma sentença, dado que a associação recorreu, temos de encontrar um novo espaço”.

Questionado acerca de ter de ser a autarquia a fazer o esforço financeiro para o transporte dos materiais do clube, diz que “vai ser difícil”. Folgado mostra-se interessado na possibilidade de vir a ser cedido conjuntamente um terreno pela família para um parque urbano no Carregado “no qual se eventualmente se integrasse o campo”. “Vamos aferir das possibilidades dentro do atual QREN até porque seria muito interessante para a freguesia em causa”. Trata-se de um terreno na zona sul da Barrada junto à quinta propriedade da família.

Miguel António Rodrigues
Sílvia Agostinho

21-09-2014

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