Possível ETVO em Arranhó está a ser um pesadelo para a população
Valorsul quer colocar uma estação de tratamento de biorresíduos a escassos 100 metros das habitações. Onda de descontentamento é generalizada. Junta de freguesia vai fazer um referendo popular
|05 Jun 2022 13:32
Sílvia Agostinho Está ao rubro a polémica relacionada com a instalação de uma Estação de Tratamento e Valorização Orgânica (ETVO) na freguesia de Arranhó, na antiga zona industrial. Ao que tudo indica este projeto da Valorsul visa tratar 140 mil toneladas de lixo por ano e será ainda maior do que a da Amadora que, neste momento, trata os resíduos orgânicos de parte da Grande Lisboa. A população de Arranhó ficou sobressaltada com este assunto.
O investimento é de 100 milhões de euros, pode gerar vários postos de trabalho, mas os habitantes temem pela sua qualidade de vida, visto que o projeto pode ficar a apenas 100 metros das habitações, numa possibilidade que já mereceu a reprovação da Associação Sistema Terrestre Sustentável - Zero, em declarações, ao Valor Local. A oposição PSD já pediu vários esclarecimentos junto do executivo socialista da Câmara e exige uma tomada de posição contra este projeto que a ir para a frente vai ficar a escassos metros das casas dos habitantes de Arranhó. Em comunicado, o PSD dá conta que em perspetiva, e no caso de o projeto ir para a frente, estamos perante um tráfego de "centenas de camiões TIR a circular por semana na freguesia de Arranhó "apenas para aceder a uma lixeira com um tamanho equivalente a 10 campos de futebol". "Todo este processo foi escondido da população pelo executivo PS da Câmara e pelo executivo PS da junta sendo que sabemos agora que a decisão da localização terá de ficar fechada até final do ano". Em reunião de Câmara, o presidente da autarquia, André Rijo, referiu que "os interesses da população estarão sempre em primeiro lugar". O município tem vindo a realizar várias visitas abertas à população à ETVO de Amadora "para que todos tenham oportunidade de ver ao vivo como funciona este tipo estruturas". O autarca deu conta que a zona industrial que está em cima da mesa foi a escolhida pela Valorsul, por já possuir algumas infraestruturas que podem possibilitar a drenagem de resíduos. Os resíduos a tratar com a nova ETVO serão provenientes das zonas Oeste Sul, Loures e Vila Franca de Xira. O autarca salienta que apenas foi contactado há dois meses, recusando a ideia "mentirosa" de que este projeto já estava na calha desde 2016 para o concelho. André Rijo garantiu mesmo que não hesitaria em processar quem continuar a difundir este tipo de informação "falsa" até porque o projeto assenta numa diretiva europeia aprovada em 2018, mas transposta em 2020 que obriga ao tratamento seletivo dos biorresíduos. André Rijo sublinhou que a decisão da Câmara vai ser tomada consoante o resultado de uma consulta popular a acontecer no dia 26 de junho, levada a cabo pela junta de freguesia de Arranhó através da pergunta - "Concorda com a localização da ETVO na zona da antiga Zir em Arranhó?". "Nunca uma infraestrutura pode ser executada se não houver acolhimento da população". O autarca que é também vogal não executivo do conselho de administração da Valorsul através da Associação de Fins Específicos (AMO+), tendo em conta que fazem parte da estrutura acionista da empresa, entre outros, os vários concelhos da zona Oeste, tem sido questionado pela oposição neste aspeto, contudo referiu, em reunião do executivo, "não haver conflito de interesses entre as duas funções", dizendo ainda que via nisso uma forma de "proteger a população e de obter informação" ao mesmo tempo. André Rijo assegurou ainda que para já tudo não passa de um conjunto de intenções. "Não há projeto, estudo prévio ou declaração de impacte ambiental". Referindo que também é importante ouvir a administração da ZIR para saber se está interessada em disponibilizar terrenos para a ETVO, tendo já solicitado ao presidente da assembleia geral da mesma ZIR para que "faça uma reunião de forma a que todos assumam as suas responsabilidades". Ouvido pelo Valor Local, Rui Berkemeier da Zero, refere que já entrou em contacto com a Valorsul e solicitou "o estudo de localização das diferentes alternativas para o projeto dado que a atual conflitua com zonas habitacionais e não será a mais aconselhada". Foi ainda solicitado "o estudo sobre o transporte de resíduos orgânicos", bem como "sobre o projeto em si, e que solução técnica é que está prevista". No fundo "saber qual a base que levou a que se chegasse a esta solução", sublinha. OUÇA O ÁUDIO DA ENTREVISTA NA ÍNTEGRA A RUI BERKEMEIER
O especialista não tem dúvidas de que este tipo de tecnologia para tratamento de resíduos é muito mais eficaz e evoluída do que os aterros "porque oferece uma melhor capacidade para controlo dos odores, porque também é feita em instalações fechadas". Contudo os maus cheiros são inevitáveis "quer pelo atravessamento de camiões" quando se situam junto a aglomerados populacionais como é o caso, e mais ainda porque se pretende situar a nova ETVO da Valorsul "a escassos metros das habitações". Uma possibilidade rejeitada pela Zero que fala no mínimo em dois quilómetros.
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