Presidente da Câmara de Arruda assegura que não há mais localizações para a Valorsul
Depois da consulta popular de 26 de junho em Arranhó, André Rijo deu uma entrevista em exclusivo ao Valor Local, em que reconhece que a votação foi histórica e que vai debater-se pelo resultado produzido junto da empresa de resíduos
|30 Jun 2022 17:40
Sílvia Agostinho/Miguel António Rodrigues A população da freguesia de Arranhó, Arruda dos Vinhos, não tem dúvidas e recusa a instalação de uma Estação de Tratamento e Valorização Orgânica (ETVO) da Valorsul na zona da antiga ZIR. No dia 26 de junho, 829 habitantes dos cerca de 2100 recenseados na freguesia que possui 2588 habitantes, fizeram questão de passar pela coletividade local para votar na consulta popular organizada pela junta de freguesia. O Não venceu com 765 votos, o Sim recolheu 60 votos. Registaram-se ainda três votos nulos e um branco. Este equipamento pretende tratar ao ano 100 mil toneladas de biorresíduos e a expetativa perante as cenas dos próximos episódios é grande. O investimento que terá de ficar localizado num dos 19 concelhos servidos pela Valorsul, que já disse que nada está decidido, comporta um investimento de 100 milhões de euros.
No rescaldo desta espécie de referendo ocorrido em Arranhó, o Valor Local falou com o presidente da Câmara de Arruda dos Vinhos, André Rijo, que sempre defendeu a consulta popular, apesar das muitas vozes da oposição que se ergueram a defender que o autarca deveria rejeitar imediatamente o equipamento, sem necessidade de estar a colocar essa responsabilidade nos habitantes. O autarca saúda a iniciativa da junta de freguesia de Arranhó que promoveu a consulta, dado que na sua opinião foi “uma realização extraordinária”, ou “se quisermos um ato até histórico”. Conforme prometido, a autarquia prepara-se para levar “à próxima reunião de Câmara uma posição a remeter à Valorsul de rejeição daquela estrutura” para a localização pretendida, consertada com o vereador do PSD João Pedro Rodrigues e com o presidente da junta de Arranhó, Pedro Mateus. André Rijo diz que agora só quer “virar a página”. Por outro lado, a Valorsul pode ter a vida ainda mais dificultada porque um dos sócios maioritários da Ambigroup, empresa proprietária da antiga Zona Industrial de Reciclagem, não é favorável à venda para o fim em causa. André Rijo informa ainda que a Câmara também é acionista da ZIR e que já solicitou uma assembleia geral no sentido de “se defender o interesse das pessoas”, mas também “afirmar a necessidade daqueles terrenos serem efetivamente explorados” e não deixados ao abandono conforme se encontram, “mas que sirvam para efeitos económicos”, mas diferentes dos pretendidos pela Valorsul. O presidente da Câmara nega pressões da empresa no sentido de que a localização da futura ETVO terá de passar pelo concelho de Arruda, dado que a par de Alcobaça e Azambuja, é um dos que não possui qualquer infraestrutura daquela empresa que trata os resíduos em alta, e como tal teria chegado a sua hora de também pagar uma espécie de fatura ambiental. ASSISTA AO VÍDEO DA ENTREVISTA
Até 2026, a Valorsul espera ter a ETVO em funcionamento ao abrigo de uma diretiva europeia de 2018 que obriga ao tratamento dos biorresíduos. Com a possibilidade de a antiga ZIR ficar completamente inviabilizada, o autarca não está a ver outros terrenos no concelho que possam ser escolhidos pela Valorsul que está a procurar localizações em zonas industriais.
O autarca que, ainda, chegou a questionar a Valorsul sobre os motivos que levaram a empresa a equacionar a localização em causa em Arranhó, refere que a empresa reforçou a existência de mecanismos que permitem atenuar a questão dos maus cheiros e outos fatores perturbadores, comprometendo-se com “soluções de enquadramento paisagístico, com preocupação de descarga dos resíduos nas fossas quando chegam os camiões”. Em suma “a população não quer a ETVO, a Valorsul é livre de continuar a procurar localizações, mas a Câmara continuará intransigente na defesa dos interesses dos munícipes”, conclui o autarca. O Valor Local convidou a Valorsul a prestar declarações quer no nosso jornal quer na rádio, mas a empresa limitou-se a enviar um comunicado a referir que não há localizações escolhidas ou projetos concluídos, não querendo fazer mais comentários sobre o assunto. |
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