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Provedor da Santa Casa de Benavente acusa ARS de só reservar migalhas para a instituição
Hospital de Vila Franca veio “partir-nos as pernas”
Sílvia Agostinho
24-11-2015 às 15:58
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Desde que foi efetivada a parceria público-privada entre o Estado e o Grupo Mello para a exploração do Hospital de Vila Franca de Xira, que entre outros concelhos também serve o de Benavente, que a Misericórdia local se tem vindo a ressentir. Equipada com um bloco operatório, e dispondo de variadas especialidades, com capacidade de efetuar cirurgias, poderia servir de retaguarda importante nos cuidados de saúde no concelho, “mas a ARS preferiu partir-nos as pernas”, refere em entrevista ao Valor Local, o provedor da instituição – Norte Jacinto. 

Com a inauguração do novo hospital, o quadro tornou-se ainda menos famoso, “o bloco operatório que é novo deveria estar a funcionar no mínimo a 80 por cento, mas não passa dos 50”, acrescenta. A ARS passou a entregar apenas 400 mil euros por ano à instituição, “e só nas especialidades que eles querem, estamos por isso a falar de uma quantia insignificante para atender os utentes”. A instituição dispõe de 18 especialidades clínicas, e quatro em bloco operatório.

“Quando esta nova tipificação da ARS entrou em vigor, tive de convencer alguns médicos a prestarem consultas a baixo custo, a 35 euros, para conseguir atender a população”. Numa das especialidades mais procuradas como é caso da cardiologia, a ARS fechou completamente as portas à instituição, não existindo qualquer plafond. “Tenho três cardiologistas a praticarem os tais 35 euros por consulta”. Os médicos da dermatologia e da oftalmologia também aderiram ao preço mais baixo, mas os das restantes especialidades não, “ e não os podemos obrigar”.

“Como é óbvio, os utentes não percebem este tipo de procedimentos, tendo um serviço de saúde de qualidade ao pé de casa, quando têm de ir para Vila Franca perder um dia inteiro. Chegamos ao ponto de um cidadão do concelho não poder ser operado aqui às cataratas; mas um de Salvaterra já consegue”, tendo em conta que aquele concelho já fica de fora da abrangência do hospital de Vila Franca.

O provedor salienta que tem tentado reverter a situação, mas “estamos a falar de lutar contra um gigante, e a nós só nos dão as migalhas”. “O nosso objetivo não é ganhar dinheiro, mas ajudar as pessoas. No caso do Grupo Mello a intenção é o lucro. A ARS deu-lhes o concelho de Benavente e contra isso batatas”, exprime desalentado.

De forma paradigmática, “podemos dizer que não temos, por exemplo, na oftalmologia falta de gente nas consultas. Vêm de Almeirim, do Cartaxo, e de Santarém, mas depois não podemos servir as pessoas de Benavente, algumas das quais até são irmãos da Misericórdia”.

Idosos chegam ao lar já quase acamados

Prestando um importante papel na comunidade, a Misericórdia de Benavente presta serviços no âmbito de lar residencial para idosos num total de 67 camas, e de 18 vagas em centro de dia. 130 pessoas trabalham na instituição. As mensalidades em lar rondam os mil euros. Sendo que Norte Jacinto refere que “as famílias protelam cada vez mais a institucionalização dos seus ascendentes tendo em conta as dificuldades económicas sentidas.” Tendo em conta este quadro, “quando os idosos chegam aos lares já vêm num estado que não permite o proporcionar de atividades lúdicas como caminhadas, idas à praia”, constata.

A vida deste tipo de instituições convive em muitas das nossas localidades com o fenómeno dos ditos lares ilegais, e neste aspeto Norte Jacinto prefere ter uma visão pragmática – “Por vezes são um mal necessário. Seria de admitir que os que tivessem as condições mínimas fossem, porventura, tolerados pela Segurança Social”. “Os lares ilegais existentes aqui na nossa zona levam 600 euros por mês, valor que fica muito abaixo dos custos, possivelmente não dispõem de enfermagem, nem devem ter os funcionários necessários para a função”.

Segurança Social deveria incentivar o uso de vales para os carenciados
O ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Sares, tem vindo a referir que as IPSS’s têm sido o garante das populações mais desprotegidas, nomeadamente, quando falamos nos casos dos cidadãos que de um momento para o outro tiveram de estender a mão à caridade. Também neste caso, a instituição tem procurado ajudar todos os que pedem alimentos, com a cantina social, que fornece cerca de 50 refeições diárias.

Norte Jacinto tem também uma visão muito própria da forma como aquela camada da população deve ser apoiada – “Se se quer realmente ajudar os carenciados que se deixe de andar a recolher alimentos junto das empresas, de modo a evitar que as instituições tenham de pagar armazenamento e distribuição. Deem vales a essas pessoas para irem ao supermercado fazer compras”. Na opinião do responsável, esta sugestão “seria mais eficiente e magoaria menos essas pessoas, que se sentem muito incomodadas ao virem à instituição”.

A pobreza envergonhada é uma expressão que veio para ficar. Muitos dos que recorrem à cantina social são também jovens desempregados, e Norte Jacinto refere que alguns licenciados do concelho têm sido atingidos pelo fenómeno – “Já tivemos uma engenheira que transitoriamente passou por cá, porque ficou desempregada, e tinha um bebé”. O provedor está consciente do facto de que muitos dos que recorrem ao apoio das instituições, fazem-no porque têm dificuldades em governar os seus rendimentos, ou porque, manifestamente, não precisam, “mas encontrar uma metodologia que separe o trigo do joio sem ferir grandes suscetibilidades é difícil”. Quando confrontado com essas situações “tento não ficar com a consciência pesada, mas nem sempre é fácil”. “Somos enganados muitas vezes, embora o meio seja pequeno”.

Sendo uma das principais instituições do concelho, e um empregador de muitas famílias, raro é o dia em que o provedor não é abordado para dar trabalho a alguém. “As pessoas vão-se inscrevendo, vamos empregado uma ou outra. Apoiamos como podemos, não podemos satisfazer todos”.

Em breve a IPSS vai entrar em eleições. Em 2012, Norte Jacinto que está à frente dos destinos da instituição há nove anos, viu-se a braços com um pedido de nulidade junto do tribunal tendo em vista o impedimento da sua recandidatura. No ano de 2014, o Tribunal de Benavente deu razão aos pedidos dos membros da Santa Casa que queriam impedir mais um mandato, mas a Relação viria a dar razão à atual direção. “Entretanto recorreram para o supremo, ora isto é de gente louca, mas são apenas quatro ou cinco pessoas”. As novas eleições vão ser em dezembro, e mais uma vez o atual provedor é recandidato – “Não queria recandidatar-me, mas tenho a noção de que não se pode por à frente dos destinos da instituição uma pessoa qualquer que não saiba da poda. Se não aparecer nenhuma lista com um candidato que se reconheça ter capacidade para gerir isto, voltarei a ser candidato, mas estou aqui para cumprir uma missão, e não para me servir disto”.


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