
Qualidade do ar no concelho de Azambuja
CLC garante segurança total
Sílvia Agostinho
22-02-2016 às 11:39
A proliferação de várias indústrias e principalmente a presença há mais de uma década da Companhia Logística de Combustíveis na freguesia de Aveiras de Cima levou a Câmara de Azambuja a eleger que se implante no concelho um laboratório da qualidade do ar, num projeto que está a ser articulado com a Universidade de Aveiro.
Azambuja pode candidatar-se aos fundos europeus neste projeto, o fundo “Interreg Europe”, podendo obter um financiamento a rondar os dois milhões de euros, contudo até ver concretizada esta intenção terá de passar diferentes fases.
Sobre a qualidade do ar, e o impacto que uma empresa como a CLC devido à libertação de gases para a atmosfera pode ter na vida dos cidadãos do concelho, e de Aveiras de Cima em particular, muitas têm sido as interrogações e poucas as respostas. Numa das últimas reuniões de Câmara, o vereador da CDU apresentou novamente as suas desconfianças e disse mesmo que a empresa “já untou as mãos à Câmara e a outras entidades do concelho”.
O Valor Local solicitou uma entrevista junto do administrador da empresa, José Sepodes, para esclarecer as várias questões relacionadas com a presença da CLC no concelho. Contudo, José Sepodes apenas acedeu a responder por escrito às nossas questões, apesar da nossa insistência para uma reportagem no local.
Valor Local - Muito se tem especulado nos últimos anos acerca dos cheiros a gás provenientes da CLC, facto que tem deixado a população de Aveiras de Cima apreensiva. Gostaria que nos elucidasse sobre se há razões para preocupação e porquê?
José Sepodes - Por questões de segurança, é legalmente obrigatória a injeção no GPL( Gases de Petróleo Liquefeitos), o vulgar gás de garrafa distribuído ao publico, de uma substancia que confira “cheiro ao gás”, para que qualquer fuga seja facilmente detetada. Essa substancia, vulgarmente conhecida como Odorizante, não existente no produto refinado e é adicionada ao GPL nas instalações da CLC. Quando se efetua a mudança do reservatório de odorizante há inevitavelmente libertações de muito pequenas quantidades para a atmosfera que, pelas características do produto, é olfativamente percetível na zona onde esta operação é efetuada e obviamente que, dependendo da direção do vento nesse momento, pode ser percetível noutros locais circundantes. Mas as concentrações são extremamente baixas, nada tendo a população a temer. De facto, o limiar olfativo da substancia é de 0,4 ppb ou seja, a existência de 0,4 mg do produto num metro cúbico de ar é detetável. Este valor está muito abaixo do valor limite de exposição que é cerca de 50 vezes superior! Toda esta informação consta da ficha de segurança do produto que qualquer cidadão interessado pode solicitar à CLC.
A CLC emprega quantas pessoas, e quantas destas são do concelho de Azambuja ou de outros concelhos limítrofes?
Na CLC trabalham diariamente cerca de 140 pessoas das quais 57 da CLC e as restantes de empresas prestadoras de serviços nas áreas de manutenção, enchimento de garrafas de gás, segurança, limpeza, etc. Na CLC cerca de 45 por cento das pessoas vivem nos concelhos da Azambuja, Cartaxo e Vila Franca de Xira e nas empresas prestadoras de serviços, a grande maioria das pessoas vive nos concelhos de Azambuja e Cartaxo.
Quais os investimentos que a CLC pretende vir a efetuar no médio longo prazo em Aveiras de Cima, e se isso pode significar mais postos de trabalho?
O plano de investimentos anuais da CLC para os próximos anos está vocacionado para a substituição e melhoria de sistemas e equipamentos chave já existentes e para o cumprimento de conformidades legais, com o objetivo de manter em condições de segurança, operacionalidade e eficiência a atual capacidade instalada. Estes investimentos não significarão mais postos de trabalho.
Muito se tem falado na questão do transporte de pesados e dos seus impactes e na necessidade de uma faixa de desaceleração de acesso à empresa por parte dos camiões. Até que ponto esta situação é também preocupante para a CLC e o que pretende vir a fazer para dirimir esta questão?
No ano passado, a CLC iniciou contatos com responsáveis pelas Estradas de Portugal (EP) para que pudesse ser avaliada no local a resolução de uma série de questões que nos preocupam e que envolvem diretamente este organismo. Nesse sentido, têm sido mantidos contactos com as Infraestruturas de Portugal (organismo que integra a EP desde Julho de 2015) no sentido de serem implementadas melhorias de segurança rodoviária, que entre outras, incluam o processo de faixas de aceleração/desaceleração nas ligações rodoviárias entre a EN 366 e a CLC. A responsabilidade de garantir as melhores condições de segurança rodoviária na zona, compete à entidade atrás referenciada.
Sabemos que ao longo dos anos, a empresa tem tentado envolver-se no apoio à comunidade, gostaria que nos falasse um pouco dos projetos que a CLC patrocina?
A CLC está efetivamente envolvida à muitos anos em projetos de apoio à comunidade envolvente, dos quais destacamos: Protocolo com o Agrupamento de Escolas de Vale Aveiras (AEVA) de Atribuição de Bolsas de Estudo CLC, abrangendo os alunos que transitaram do 3º Ciclo do AEVA para o Ensino Secundário e mais tarde, deste para o Ensino Universitário; Protocolos com os Bombeiros de Azambuja e Alcoentre apoiando estas instituições a manter um melhor apoio na resposta a situações de emergência; Protocolo com a Casa de Pombal “A Mãe” para apoio a crianças desfavorecidas acolhidas por aquela instituição; Protocolo com a Câmara de Azambuja de Atribuição e Bolsas de Mérito, abrangendo os alunos que transitaram do Ensino Secundário para o Ensino Universitário; Apoio pontual a Instituições de Solidariedade Social, designadamente no apoio a crianças e idosos, destacando-se em 2016 a entrega de uma nova ambulância ao núcleo de Aveiras de Cima da Cruz Vermelha Portuguesa.
Qual o envolvimento que a CLC pretende vir a assumir, financeiramente/tecnicamente no novo projeto da autarquia para um laboratório da qualidade do ar?
A CLC só se irá pronunciar sobre este assunto depois de conhecer no detalhe este projeto.
Não seria expectável que a vossa empresa de per si já possuísse um equipamento deste género? Com que frequência são feitas análises à qualidade do ar por parte da CLC?
A CLC cumpre integralmente todos os requisitos legais que abrangem a sua atividade. Se existissem nas nossas instalações processos produtivos que implicassem a monitorização da qualidade do ar, obviamente que seria feito. Mas não é o caso. Anualmente são efetuadas medições aos efluentes gasosos das chaminés do enchimento de garrafas de gás. Os valores obtidos estão dentro dos limites legais em vigor. São ainda feitas medições em contínuo dos Compostos Orgânicos Voláteis (COV) provenientes das ilhas de enchimento e que são recuperados numa das duas unidades de recuperação de vapor com leitura das emissões gasosas que estão sempre dentro dos limites legais. A CLC é periodicamente inspecionada por entidades estatais que controlam estes parâmetros e nunca houve qualquer problema.
A que normas de segurança, a CLC obedece na sua atividade diária?
A CLC, para além de ser uma instalação critica nacional é também uma instalação SEVESO de nível superior de perigosidade, e como tal abrangida pelo decreto lei 150/ 2015 de 5 de agosto. Decorrente da aplicação desse diploma, está disponível no site da internet (www.clc.pt) e para consulta ao público um resumo das medidas de prevenção de acidentes graves que estão instaladas e implementadas na empresa. Pode também ser consultado o Plano de Emergência Externo no site da Autoridade Nacional de Proteção Civil. Os planos de emergência interno e o relatório de segurança são dois documentos fundamentais que definem de forma clara e detalhada todas as medidas de prevenção e mitigação de acidentes implementadas na CLC. Brigadas de Emergência internas, exercícios e simulacros, processos de gestão de todas as modificações, autorizações de trabalho, instrumentação de controlo do mais alto nível, sistemas de gestão de alarmes modernos, são apenas alguns exemplos dos muitos que poderiam ser dados. Não devem subsistir dúvidas da importância que a CLC dá à segurança dos seus colaboradores, das suas instalações e da comunidade envolvente.
O aumento dos combustíveis por parte do atual Governo pode levar em última instância um abrandamento da atividade da CLC, devido à provável contração nos consumos?
Uma eventual contração nos consumos motivará um abrandamento que tem sempre algum impacto na atividade da CLC.
pág. anterior pág.seguinte
CLC garante segurança total
Sílvia Agostinho
22-02-2016 às 11:39
A proliferação de várias indústrias e principalmente a presença há mais de uma década da Companhia Logística de Combustíveis na freguesia de Aveiras de Cima levou a Câmara de Azambuja a eleger que se implante no concelho um laboratório da qualidade do ar, num projeto que está a ser articulado com a Universidade de Aveiro.
Azambuja pode candidatar-se aos fundos europeus neste projeto, o fundo “Interreg Europe”, podendo obter um financiamento a rondar os dois milhões de euros, contudo até ver concretizada esta intenção terá de passar diferentes fases.
Sobre a qualidade do ar, e o impacto que uma empresa como a CLC devido à libertação de gases para a atmosfera pode ter na vida dos cidadãos do concelho, e de Aveiras de Cima em particular, muitas têm sido as interrogações e poucas as respostas. Numa das últimas reuniões de Câmara, o vereador da CDU apresentou novamente as suas desconfianças e disse mesmo que a empresa “já untou as mãos à Câmara e a outras entidades do concelho”.
O Valor Local solicitou uma entrevista junto do administrador da empresa, José Sepodes, para esclarecer as várias questões relacionadas com a presença da CLC no concelho. Contudo, José Sepodes apenas acedeu a responder por escrito às nossas questões, apesar da nossa insistência para uma reportagem no local.
Valor Local - Muito se tem especulado nos últimos anos acerca dos cheiros a gás provenientes da CLC, facto que tem deixado a população de Aveiras de Cima apreensiva. Gostaria que nos elucidasse sobre se há razões para preocupação e porquê?
José Sepodes - Por questões de segurança, é legalmente obrigatória a injeção no GPL( Gases de Petróleo Liquefeitos), o vulgar gás de garrafa distribuído ao publico, de uma substancia que confira “cheiro ao gás”, para que qualquer fuga seja facilmente detetada. Essa substancia, vulgarmente conhecida como Odorizante, não existente no produto refinado e é adicionada ao GPL nas instalações da CLC. Quando se efetua a mudança do reservatório de odorizante há inevitavelmente libertações de muito pequenas quantidades para a atmosfera que, pelas características do produto, é olfativamente percetível na zona onde esta operação é efetuada e obviamente que, dependendo da direção do vento nesse momento, pode ser percetível noutros locais circundantes. Mas as concentrações são extremamente baixas, nada tendo a população a temer. De facto, o limiar olfativo da substancia é de 0,4 ppb ou seja, a existência de 0,4 mg do produto num metro cúbico de ar é detetável. Este valor está muito abaixo do valor limite de exposição que é cerca de 50 vezes superior! Toda esta informação consta da ficha de segurança do produto que qualquer cidadão interessado pode solicitar à CLC.
A CLC emprega quantas pessoas, e quantas destas são do concelho de Azambuja ou de outros concelhos limítrofes?
Na CLC trabalham diariamente cerca de 140 pessoas das quais 57 da CLC e as restantes de empresas prestadoras de serviços nas áreas de manutenção, enchimento de garrafas de gás, segurança, limpeza, etc. Na CLC cerca de 45 por cento das pessoas vivem nos concelhos da Azambuja, Cartaxo e Vila Franca de Xira e nas empresas prestadoras de serviços, a grande maioria das pessoas vive nos concelhos de Azambuja e Cartaxo.
Quais os investimentos que a CLC pretende vir a efetuar no médio longo prazo em Aveiras de Cima, e se isso pode significar mais postos de trabalho?
O plano de investimentos anuais da CLC para os próximos anos está vocacionado para a substituição e melhoria de sistemas e equipamentos chave já existentes e para o cumprimento de conformidades legais, com o objetivo de manter em condições de segurança, operacionalidade e eficiência a atual capacidade instalada. Estes investimentos não significarão mais postos de trabalho.
Muito se tem falado na questão do transporte de pesados e dos seus impactes e na necessidade de uma faixa de desaceleração de acesso à empresa por parte dos camiões. Até que ponto esta situação é também preocupante para a CLC e o que pretende vir a fazer para dirimir esta questão?
No ano passado, a CLC iniciou contatos com responsáveis pelas Estradas de Portugal (EP) para que pudesse ser avaliada no local a resolução de uma série de questões que nos preocupam e que envolvem diretamente este organismo. Nesse sentido, têm sido mantidos contactos com as Infraestruturas de Portugal (organismo que integra a EP desde Julho de 2015) no sentido de serem implementadas melhorias de segurança rodoviária, que entre outras, incluam o processo de faixas de aceleração/desaceleração nas ligações rodoviárias entre a EN 366 e a CLC. A responsabilidade de garantir as melhores condições de segurança rodoviária na zona, compete à entidade atrás referenciada.
Sabemos que ao longo dos anos, a empresa tem tentado envolver-se no apoio à comunidade, gostaria que nos falasse um pouco dos projetos que a CLC patrocina?
A CLC está efetivamente envolvida à muitos anos em projetos de apoio à comunidade envolvente, dos quais destacamos: Protocolo com o Agrupamento de Escolas de Vale Aveiras (AEVA) de Atribuição de Bolsas de Estudo CLC, abrangendo os alunos que transitaram do 3º Ciclo do AEVA para o Ensino Secundário e mais tarde, deste para o Ensino Universitário; Protocolos com os Bombeiros de Azambuja e Alcoentre apoiando estas instituições a manter um melhor apoio na resposta a situações de emergência; Protocolo com a Casa de Pombal “A Mãe” para apoio a crianças desfavorecidas acolhidas por aquela instituição; Protocolo com a Câmara de Azambuja de Atribuição e Bolsas de Mérito, abrangendo os alunos que transitaram do Ensino Secundário para o Ensino Universitário; Apoio pontual a Instituições de Solidariedade Social, designadamente no apoio a crianças e idosos, destacando-se em 2016 a entrega de uma nova ambulância ao núcleo de Aveiras de Cima da Cruz Vermelha Portuguesa.
Qual o envolvimento que a CLC pretende vir a assumir, financeiramente/tecnicamente no novo projeto da autarquia para um laboratório da qualidade do ar?
A CLC só se irá pronunciar sobre este assunto depois de conhecer no detalhe este projeto.
Não seria expectável que a vossa empresa de per si já possuísse um equipamento deste género? Com que frequência são feitas análises à qualidade do ar por parte da CLC?
A CLC cumpre integralmente todos os requisitos legais que abrangem a sua atividade. Se existissem nas nossas instalações processos produtivos que implicassem a monitorização da qualidade do ar, obviamente que seria feito. Mas não é o caso. Anualmente são efetuadas medições aos efluentes gasosos das chaminés do enchimento de garrafas de gás. Os valores obtidos estão dentro dos limites legais em vigor. São ainda feitas medições em contínuo dos Compostos Orgânicos Voláteis (COV) provenientes das ilhas de enchimento e que são recuperados numa das duas unidades de recuperação de vapor com leitura das emissões gasosas que estão sempre dentro dos limites legais. A CLC é periodicamente inspecionada por entidades estatais que controlam estes parâmetros e nunca houve qualquer problema.
A que normas de segurança, a CLC obedece na sua atividade diária?
A CLC, para além de ser uma instalação critica nacional é também uma instalação SEVESO de nível superior de perigosidade, e como tal abrangida pelo decreto lei 150/ 2015 de 5 de agosto. Decorrente da aplicação desse diploma, está disponível no site da internet (www.clc.pt) e para consulta ao público um resumo das medidas de prevenção de acidentes graves que estão instaladas e implementadas na empresa. Pode também ser consultado o Plano de Emergência Externo no site da Autoridade Nacional de Proteção Civil. Os planos de emergência interno e o relatório de segurança são dois documentos fundamentais que definem de forma clara e detalhada todas as medidas de prevenção e mitigação de acidentes implementadas na CLC. Brigadas de Emergência internas, exercícios e simulacros, processos de gestão de todas as modificações, autorizações de trabalho, instrumentação de controlo do mais alto nível, sistemas de gestão de alarmes modernos, são apenas alguns exemplos dos muitos que poderiam ser dados. Não devem subsistir dúvidas da importância que a CLC dá à segurança dos seus colaboradores, das suas instalações e da comunidade envolvente.
O aumento dos combustíveis por parte do atual Governo pode levar em última instância um abrandamento da atividade da CLC, devido à provável contração nos consumos?
Uma eventual contração nos consumos motivará um abrandamento que tem sempre algum impacto na atividade da CLC.
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Comentários
Insisto na necessidade de olharem para a qualidade do ar na zona envolvente da Vila de Azambuja que terá, decerto, mais problemas que a zona de Aveiras de Cima.
Acácio Vasconcelos
Azambuja
qua 24-02-2016 09:02
Acácio Vasconcelos
Azambuja
qua 24-02-2016 09:02