A denominada geração de ouro das danças de salão de Azambuja está de regresso. São hoje jovens, na sua maioria, com mais de 25 anos que há meia dúzia ou mais de anos conseguiram singrar a nível nacional nesta modalidade, competindo taco a taco com os Alunos de Apolo, a mais popular e conhecida academia de danças de salão em Portugal. A grande maioria já não dançava há uns anos, mas um evento promovido no passado mês de setembro, despertou-lhes novamente o bichinho e hoje dedicam algumas horas da semana a ensaiar os passos de dança que tão bem conhecem no Club Azambujense, coletividade onde tudo começou há alguns anos atrás.
Viviana Letra é uma das dançarinas dessa geração que regressou. Ao Valor Local, e hoje com 30 anos, conta que se iniciou nestas lides logo aos cinco anos. Parou quando soube que ia ser mãe há sete anos atrás. Viviana Letra conta no seu palmarés com participações a nível nacional e internacional nos diferentes campeonatos, tendo sido numa das ocasiões campeã nacional. Na sua opinião, “o espírito de união” é um dos fatores que destaca no Club Azambujense. Competir para já não está nos seus planos, apenas participar em algumas apresentações. “Já há muito que queria voltar, entretanto o Pedro Fragoso convidou-nos e regressei com o meu marido que é também meu par”. Nos últimos anos, os concursos de televisão dedicados às danças de salão têm-se constituído como um novo fenómeno que a dançarina considera positivo – “Com esses programas chamam mais gente para as danças o que é muito bom”. A filha de Viviana Letra também já enveredou pelas danças e o Club Azambujense tem conhecido um novo fulgor trazido pela geração de ouro e por algumas crianças que se juntaram – “Acho espetacular o que está a acontecer!”.
Rodrigo Martins também acredita que os programas televisivos em causa “apenas retratam a dança em 70 por cento, o resto talvez seja show-off”. O dançarino entrou no club com 13 anos, mas nos últimos anos esteve nos Alunos de Apolo. A passagem por esta conhecida escola não lhe traz as melhores recordações – “Lá somos mais um número, não há espírito de solidariedade e de grupo. Não me consegui adaptar, lá é cada um por si. Os professores não nos dedicam a mesma atenção e carinho”. Rodrigo Martins também esteve em competições nacionais, “onde Azambuja era das três escolas mais prestigiadas a par da Apolo e da Capricho Moitense”. O dançarino explica os porquês deste sucesso na altura – “Conseguíamos colocar três a quatro pares numa final, tivemos um campeão nacional, o Pedro Pinto, que motivou outras pessoas”. Joana Ferreira, 22 anos, o par de Rodrigo Martins, está a encarar o regresso como “positivo”, “embora estivesse muito nervosa no dia da apresentação em setembro”. Também começou a dançar muito nova, aos 11 anos, competiu durante três anos, e ganhou campeonatos nas categorias juventude e intermédios. Questionada sobre as possibilidades de Azambuja poder voltar ao esplendor dos velhos tempos, afirma sem receios – “Pode e vai, porque estão a aparecer novas caras”.
Parte destes dançarinos chegou a competir além-fronteiras, e Rodrigo Martins recorda que ir ao estrangeiro servia para se aprender bastante. “Fui a uma das maiores competições mundiais em Alemanha. Lá a formação é diferente, porque enquanto nós apenas temos a escola da dança de salão em si, eles têm um percurso também feito com o ballet e dança contemporânea. São muito tecnicistas, possuem uma rotina muito competitiva, aprende-se bastante”.
Hugo Pantaleão, 34 anos, possui também idêntica opinião – “No estrangeiro, os níveis de exigência são muito superiores e aprende-se muito”. Com 34 anos, teve diversos pares no seu percurso pelas danças de salão do Club Azambujense, mas tal como nos casos dos restantes dançarinos acabou por se afastar. Atualmente com a sua vida profissional mais estável, conseguiu arranjar disponibilidade. “Sabe bem voltar e relembrar o que por aqui passámos”. Competiu também em finais, sendo que alcançou algumas boas posições. Mas faz questão de realçar, que no país “há quem tenha por hábito referir que foi campeão, só que em muitos desses casos estamos a falar de uma prova, não de uma época inteira.” Recorda ainda que na fase de ouro das danças de salão de Azambuja, “os nossos dançarinos conseguiam fazer frente aos Alunos de Apolo e com um orçamento muito mais reduzido.” “Eles tinham acesso a professores estrangeiros, e a campeonatos estrangeiros. No nosso caso, só de irmos lá fora, mesmo que não fôssemos dançar, aprendíamos imenso só a observar esses pares estrangeiros. Regressávamos cum uma ‘pica’ e uma mentalidade diferentes”. Quanto à rivalidade com a Alunos de Apolo, “parecia que estávamos quase num ringue de boxe, tal era a competição”, mas “apenas na pista, cá fora dávamo-nos bem”, salvaguarda.
Rita Vicente é a dançarina mais nova. Com 16 anos, foi integrada neste grupo. Começou nas sevilhanas, mas as danças de salão são a sua principal paixão. “Vim para cá há pouco tempo, vim para me divertir a dançar, e preferi esta componente das apresentações às competições. Somos uma família, o espírito é fantástico”. Tiago Rodrigues, par da Rita, iniciou-se no Club Azambujense aos cinco anos e acompanhou todas as escolas. Estava há quatro anos sem dançar, e saúda o ambiente da escola “muito familiar onde não somos apenas mais um número”. Competiu durante seis anos e recorda: “representar Azambuja era tudo para mim”.
Pedro Fragoso, responsável também por este regresso, não quis deixar de enfatizar à nossa reportagem a importância do nome de Daniel Claro, ligado no passado a esta escola de dança, “que conseguiu dinamizar as danças durante muitos anos, catapultando o Club Azambujense e a modalidade para o topo”.
Nos tempos atuais, a ideia é dinamizar a dança, mas “com muitas cautelas quanto a participações em competições”. “É um desporto muito caro, para já somos um grupo de amigos que atua, mas é muito difícil irmos além disso. Embora tenhamos pares que gostassem de arriscar, a dança está sempre a evoluir, e como estas pessoas estiveram algum tempo paradas, têm de se atualizar, e para irmos além temos de atingir um outro nível de qualidade”.
Sílvia Agostinho
22-12-2014
Viviana Letra é uma das dançarinas dessa geração que regressou. Ao Valor Local, e hoje com 30 anos, conta que se iniciou nestas lides logo aos cinco anos. Parou quando soube que ia ser mãe há sete anos atrás. Viviana Letra conta no seu palmarés com participações a nível nacional e internacional nos diferentes campeonatos, tendo sido numa das ocasiões campeã nacional. Na sua opinião, “o espírito de união” é um dos fatores que destaca no Club Azambujense. Competir para já não está nos seus planos, apenas participar em algumas apresentações. “Já há muito que queria voltar, entretanto o Pedro Fragoso convidou-nos e regressei com o meu marido que é também meu par”. Nos últimos anos, os concursos de televisão dedicados às danças de salão têm-se constituído como um novo fenómeno que a dançarina considera positivo – “Com esses programas chamam mais gente para as danças o que é muito bom”. A filha de Viviana Letra também já enveredou pelas danças e o Club Azambujense tem conhecido um novo fulgor trazido pela geração de ouro e por algumas crianças que se juntaram – “Acho espetacular o que está a acontecer!”.
Rodrigo Martins também acredita que os programas televisivos em causa “apenas retratam a dança em 70 por cento, o resto talvez seja show-off”. O dançarino entrou no club com 13 anos, mas nos últimos anos esteve nos Alunos de Apolo. A passagem por esta conhecida escola não lhe traz as melhores recordações – “Lá somos mais um número, não há espírito de solidariedade e de grupo. Não me consegui adaptar, lá é cada um por si. Os professores não nos dedicam a mesma atenção e carinho”. Rodrigo Martins também esteve em competições nacionais, “onde Azambuja era das três escolas mais prestigiadas a par da Apolo e da Capricho Moitense”. O dançarino explica os porquês deste sucesso na altura – “Conseguíamos colocar três a quatro pares numa final, tivemos um campeão nacional, o Pedro Pinto, que motivou outras pessoas”. Joana Ferreira, 22 anos, o par de Rodrigo Martins, está a encarar o regresso como “positivo”, “embora estivesse muito nervosa no dia da apresentação em setembro”. Também começou a dançar muito nova, aos 11 anos, competiu durante três anos, e ganhou campeonatos nas categorias juventude e intermédios. Questionada sobre as possibilidades de Azambuja poder voltar ao esplendor dos velhos tempos, afirma sem receios – “Pode e vai, porque estão a aparecer novas caras”.
Parte destes dançarinos chegou a competir além-fronteiras, e Rodrigo Martins recorda que ir ao estrangeiro servia para se aprender bastante. “Fui a uma das maiores competições mundiais em Alemanha. Lá a formação é diferente, porque enquanto nós apenas temos a escola da dança de salão em si, eles têm um percurso também feito com o ballet e dança contemporânea. São muito tecnicistas, possuem uma rotina muito competitiva, aprende-se bastante”.
Hugo Pantaleão, 34 anos, possui também idêntica opinião – “No estrangeiro, os níveis de exigência são muito superiores e aprende-se muito”. Com 34 anos, teve diversos pares no seu percurso pelas danças de salão do Club Azambujense, mas tal como nos casos dos restantes dançarinos acabou por se afastar. Atualmente com a sua vida profissional mais estável, conseguiu arranjar disponibilidade. “Sabe bem voltar e relembrar o que por aqui passámos”. Competiu também em finais, sendo que alcançou algumas boas posições. Mas faz questão de realçar, que no país “há quem tenha por hábito referir que foi campeão, só que em muitos desses casos estamos a falar de uma prova, não de uma época inteira.” Recorda ainda que na fase de ouro das danças de salão de Azambuja, “os nossos dançarinos conseguiam fazer frente aos Alunos de Apolo e com um orçamento muito mais reduzido.” “Eles tinham acesso a professores estrangeiros, e a campeonatos estrangeiros. No nosso caso, só de irmos lá fora, mesmo que não fôssemos dançar, aprendíamos imenso só a observar esses pares estrangeiros. Regressávamos cum uma ‘pica’ e uma mentalidade diferentes”. Quanto à rivalidade com a Alunos de Apolo, “parecia que estávamos quase num ringue de boxe, tal era a competição”, mas “apenas na pista, cá fora dávamo-nos bem”, salvaguarda.
Rita Vicente é a dançarina mais nova. Com 16 anos, foi integrada neste grupo. Começou nas sevilhanas, mas as danças de salão são a sua principal paixão. “Vim para cá há pouco tempo, vim para me divertir a dançar, e preferi esta componente das apresentações às competições. Somos uma família, o espírito é fantástico”. Tiago Rodrigues, par da Rita, iniciou-se no Club Azambujense aos cinco anos e acompanhou todas as escolas. Estava há quatro anos sem dançar, e saúda o ambiente da escola “muito familiar onde não somos apenas mais um número”. Competiu durante seis anos e recorda: “representar Azambuja era tudo para mim”.
Pedro Fragoso, responsável também por este regresso, não quis deixar de enfatizar à nossa reportagem a importância do nome de Daniel Claro, ligado no passado a esta escola de dança, “que conseguiu dinamizar as danças durante muitos anos, catapultando o Club Azambujense e a modalidade para o topo”.
Nos tempos atuais, a ideia é dinamizar a dança, mas “com muitas cautelas quanto a participações em competições”. “É um desporto muito caro, para já somos um grupo de amigos que atua, mas é muito difícil irmos além disso. Embora tenhamos pares que gostassem de arriscar, a dança está sempre a evoluir, e como estas pessoas estiveram algum tempo paradas, têm de se atualizar, e para irmos além temos de atingir um outro nível de qualidade”.
Sílvia Agostinho
22-12-2014
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