Repavimentação da rua principal de Azambuja entre o copo meio cheio e o copo meio vazio
Município vai em frente com projeto de alteração do pavimento. Entre a população e lojistas há um misto de opiniões
|16 Jul 2021 10:01
Sílvia Carvalho d'Almeida A requalificação da Rua Engenheiro Moniz da Maia e Vítor Córdon, as principais artérias da vila de Azambuja, vai mesmo avançar em breve, embora haja dissensão quanto a esta matéria. Os paralelepípedos serão substituídos por asfalto. Uma das principais vozes que está contra é o vereador do PSD Rui Corça, mas também a presidente da junta local, Inês Louro. A população ouvida pelo nosso jornal também não consegue chegar a consenso. Para muitos a mudança de pavimento será um alívio, para outros um património que se perde. Contudo nos primeiros mandatos de Joaquim Ramos, e no âmbito do Pólis Azambuja procedeu-se à substituição inversa, de asfalto para pedra porque dizia-se que era mais fácil reparar a estrada em caso de necessidade.
Numa das últimas reuniões de Câmara na qual o projeto foi apresentado, vários foram os argumentos usados para tentar dissuadir o presidente da autarquia, Luís de Sousa, da execução da obra que contempla para além do alcatroamento da estrada, a requalificação dos passeios e a colocação de passadeiras com mais iluminação e sinalização. A obra custa no total 725 mil euros, dos quais cerca de 500 mil são pagos por um fundo a que a Câmara Municipal concorreu. Rui Corça questionou os técnicos que realizaram o projeto, e que deram a opinião profissional de que um pavimento de alcatrão seria o melhor cenário, dizendo que, por um lado, numa região quente no verão como Azambuja, o betume ajuda ao aquecimento por absorção da luz solar, e por outro que ao libertar CO2 para a atmosfera, não contribui para a neutralidade carbónica necessária nas sociedades atuais. Rui Corça não compreende a opção da autarquia "quando os centros históricos das nossas cidades estão a optar por calçada porque a nível estético e ambiental são melhores, e em Azambuja estamos a tomar o caminho oposto". Acrescentou que o problema reside na "falta de manutenção da calçada." Para o vereador da oposição, esta é uma "opção errada que o presidente tomou, e este concurso foi feito à medida." A propósito disto gerou-se celeuma, havendo uma troca de galhardetes entre o vereador do PSD e Luís de Sousa, com acusações de falta de honestidade política. O executivo PS respondeu que o custo de pavimentação com calçada é maior do que o do alcatrão, e que a estrada como está provoca situações incómodas especialmente para que tem mobilidade reduzida como é o caso das pessoas idosas e não só. De acordo com o município, este projeto contempla, ainda, uma melhoria e reforço da rede de drenagem pluvial com a instalação de novos sumidouros e sarjetas, em complemento aos existentes. A obra também dará especial atenção à segurança, com instalação de pilaretes a delimitarem os passeios. A extensão total dos arruamentos a requalificar é de 1061 metros, onde se incluem 265 metros da Rua Vítor Córdon e 425 metros da Rua Engenheiro Moniz da Maia, bem como 35 metros da Rua Teodoro José da Silva e 62 metros da Praça do Município. A obra vai reabilitar, igualmente, alguns troços envolventes à zona central da vila de Azambuja conhecida como “Largo do Rossio”, nomeadamente, os 131 metros da Rua José Ramos Vides, 22 metros da Rua Dr. Jaime Abreu da Mota e 121 metros da Rua Cândido de Abreu e do início da Rua Alexandre Vieira. Este debate começou a fazer-se ainda em 2019, e a presidente da junta de Azambuja foi das primeiras a levantar a voz contra este projeto. Na altura ainda era filiada no mesmo partido que governa o executivo municipal. Ao Valor Local, Inês Louro referia-se a fatores técnicos para a manutenção da calçada desde logo devido à "a questão da impermeabilização dos solos, evitando que a água entre no sistema de esgotos". Referia ainda que o atual pavimento é mais fácil de reparar em comparação com o alcatrão. Relativamente à segurança, contrapunha que a calçada "sem criar um grande impacto, reduz nos veículos rodoviários uma clara diminuição na velocidade, evitando assim acidentes". Já quanto às questões de ordem histórica: "A calçada portuguesa é o nosso pavimento tradicional, apreciado pelos turistas que nos visitam”, concluía. Recentemente a assembleia de freguesia emitiu uma moção contra a mudança de pavimento. Também entre cidadãos e comerciantes as opiniões são divergentes
Alzira Mónica, empregada numa loja de decoração que está de portas abertas na Rua Engenheiro Moniz da Maia, alerta que a estrada já foi de alcatrão, mas que "alguém voltou a colocar paralelepípedos” a dada altura, numa alusão a uma das políticas encetadas pelo município nos primeiros anos da década de 2000. Reclama que "havendo dinheiro nesta terra, esbanja-se à grande". Por este motivo e para não ser gasto mais dinheiro dos contribuintes, é da opinião de que a calçada se deve manter até porque os munícipes não podem andar sempre a pagar, de cada vez que alguém que está à frente da Câmara, muda de opinião relativamente ao que se fez num passado que não é assim tão distante. Quanto à questão do escoamento se dar melhor com uma estada de alcatrão é da opinião de que deve existir mais investimento nas sarjetas, mas não muda de ideias quanto à mudança de pavimento. Para Flávia Oliveira, que está à frente de um snack-bar na Rua Vítor Córdon, a solução desejável sem dúvida que passaria pelo asfaltamento. O atual pavimento encontra-se desnivelado e por isso confessa que já viu pessoas "tombarem" nas pedras, especialmente quando estão soltas. A calçada "acumula muita água da chuva" e como tal o asfaltamento é bem-vindo para esta comerciante. O Valor Local falou também com moradores. Bruno Costa vive em Azambuja há três anos, e receia que o asfaltamento proporcione a perda de “uma parte do património desta vila logo na parte mais histórica". Embora não tenha opinião muito concreta sobre o assunto, essa é a sua maior preocupação. "Eu gosto de ver a Azambuja assim!", exclama. Acrescenta que a estrada não “está em más condições”, e que quando costuma andar de carro não sente que tenha uma pior experiência do que se estivesse a conduzir por cima de asfalto. No entanto, reconhece que o asfalto é melhor nesse aspeto. Daniel Veríssimo, gerente de uma ótica na Rua Engenheiro Moniz da Maia, também concorda que o melhor seria colocar asfalto. Sublinha que como as pedras rolam, as pessoas estão mais sujeitas a cair. Inclusivamente houve um transeunte que partiu os óculos e a Câmara teve de pagar. Também ao nível do escoamento das águas esta seria a melhor opção. Acrescenta que um dos problemas que também assola os comerciantes de Azambuja é a falta de estacionamento para as pessoas que visitam o comércio local no centro da vila. Acredita que com a colocação de parquímetros que permitissem a permanência por apenas uma hora, não haveria tanto congestionamento e as pessoas não estacionariam à porta das lojas para apanhar o comboio para Lisboa. Deixe a sua Opinião sobre este Artigo
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