Os habitantes de um dos lados da Rua do Carril, em Casais das Comeiras, freguesia de Aveiras de Cima, e Casais Penedos, Pontével, no Cartaxo, servida no abastecimento e saneamento pela empresa Cartágua viu-se a contas, durante os últimos meses de Verão, com as já habituais interrupções no fornecimento de água. A população da rua em causa desespera há alguns anos por uma solução do problema. A partir da tarde é impossível tomar banhos, pois o caudal fraqueja em muito, retornando já pela noite dentro, sem que a população perceba o que se passa.
No caso de Ana Maria Sebastião já lhe foi referido que actualmente a canalização não consegue fazer face aos caudais necessários para abastecer a população, até tendo em conta o aumento que se verificou do número de habitantes. A solução passaria por novas obras.
“Normalmente, depois das seis horas da tarde não consigo ter água, o meu marido por vezes opta por tomar banho no quintal com água do poço através da mangueira. Dou por mim, a desejar que cheguem as 10 horas da noite quando, regra geral, a água volta a correr nas torneiras”, desabafa. A moradora até possui painéis solares cuja utilização não consegue optimizar tendo em conta a realidade de todos os verões. “Os trabalhadores da Cartágua andam sempre por aqui, mas até hoje não conseguiram resolver nada”.
Proprietária de um snack-bar em Casais Penedos, Emília Costa, também desespera com as faltas de água e diz mesmo que na altura das eleições autárquicas “a coisa melhorou um pouco”. Para além disso, recorda-se que durante a gestão municipal das águas, quando pretendia despejar a fossa bastava-lhe, simplesmente, contactar os serviços, e rapidamente tinha o assunto resolvido, mas, nesta altura, a Cartágua exige-lhe o pagamento de uma caução de 80 euros mediante deslocação pessoal às instalações da empresa, no Cartaxo, para o fazer.
Tendo em conta as faltas de água, o que lhe vale, e tendo em conta o seu estabelecimento, é um depósito de água de 100 litros. “O meu filho pede-me para que reclame constantemente junto da empresa, porque há dias em que não se consegue tomar banho, mas só nos dizem que andam a tentar remediar a situação, que ainda é do tempo da gestão da Câmara Municipal do Cartaxo”, refere.
Este caso era pouco conhecido por parte do presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, que apenas teve conhecimento durante a campanha eleitoral – “Pretendo reunir-me com a Cartágua para chegarmos a um entendimento sobre a situação, pois foi-me referido pelas pessoas que não conseguem disparar os esquentadores tal a ausência de pressão de água”. Também o recém-eleito presidente da junta de freguesia de Aveiras de Cima, António Torrão, era desconhecedor do caso. “O caso apenas me foi relatado durante a campanha. Trata-se de algo complicado que espera que seja resolvido”.
Questionada pelo Valor Local acerca do estado de coisas na Rua do Carril, a empresa responde: “Na nossa base de dados de intervenções na rede de abastecimento, em 2013, não tivemos que proceder a quaisquer intervenções na rede de abastecimento, devido a rupturas nos locais assinalados. Por outro lado, verificámos todas as reclamações que constam na nossa base de dados, sendo que nenhumas destas reclamações dizem respeito a cortes de água, falta de pressão na rede ou a rupturas nos locais por vós assinalados. Contudo, poderá acontecer que os contratos em causa sejam referentes a utilizadores a quem lhes tenha sido cortado o abastecimento por falta de pagamento”.
A Cartágua que tem a concessão da água e saneamento do concelho do Cartaxo, e desta zona limítrofe entre os dois municípios, para os próximos 28 anos, já realizou investimento que ultrapassa os dois milhões e 800 mil euros. Tem ainda uma candidatura apresentada a fundos comunitários no valor de oito milhões de euros.
Edição outubro 2013
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