|
Rumores de uma Saída: Direção da Cerci Flor da Vida diz que não está nos planos abandonar o barco |
|
|
Dirigentes fazem ponto de situação da crise na instituição e referem que não estão agarrados aos cargos
|
|
|
Sílvia Agostinho
28-05-2019 às 19:41 |
|
|
A Cerci Flor da Vida, em Azambuja, que presta apoio a pessoas portadoras de deficiência, continua a atravessar dias difíceis, depois de ter sido dada a conhecer a situação de rutura financeira, no final do ano passado, em que a própria autarquia abriu uma conta solidária que até à data conseguiu recolher cerca de 11 mil euros entre donativos de empresas e particulares. Para sair do sufoco das dívidas, e fazer face às despesas, a instituição necessitaria de 300 mil euros que à partida conseguirá obter com recurso ao Fundo de Socorro da Segurança Social.
Em entrevista ao Valor Local, a direção da IPSS, composta por Carlos Neto, Licínio Nogueira, e Isabel Silva, não esconde que nos últimos anos houve passos mal pensados, como a aquisição de lojas em vários pontos da vila que acabaram por não ter a devida utilidade. Tendo em conta o estado de coisas e alguns comentários de que esta direção pode abandonar os destinos da instituição no final do ano, referem-nos que ainda é cedo, mas não escondem que a questão está a ser analisada. Para já, e neste momento, a Cerci está a trabalhar no sentido de recorrer ao fundo de socorro, estando a ultimar a candidatura. “Está um pouco atrasada, mas no início do mês que vem deverá estar finalizada”, informa o presidente da instituição, Carlos Neto. As verbas do fundo de socorro serviriam para pagamento imediato a fornecedores, até porque “neste momento não temos salários em atraso”. A instituição também conseguiu regularizar as dívidas ao fisco e Segurança Social. Entretanto, foram efetuados diversos cortes, nomeadamente, “no tanque terapêutico, na hipoterapia, bem como em alguns postos de trabalho, com a saída de três pessoas para a reforma em que não se voltou a abrir concurso, bem como outras pessoas que quiseram ir embora face às dificuldades”. Neste momento, a instituição dá emprego a 75 pessoas. Muito comentada foi a falta de pagamento das indemnizações, mas os dirigentes são perentórios – “Neste momento não devemos nada a ninguém, apenas temos dois ou três meses de atraso a alguns fornecedores, e quanto a antigos funcionários está tudo saldado”. Ao longo dos últimos anos, foram surgindo diversas notícias que davam conta de ordenados em atraso. Carlos Neto não esconde que a aquisição de lojas na vila de Azambuja que serviriam para aumentar a componente da formação profissional “foi um investimento mal calculado”, a que se juntaram “atrasos substanciais como foi o caso há quatro anos com as verbas do Programa Operacional Inclusão Social e Emprego (POISE) em que acabámos por volatilizar o nosso fundo de maneio”, acrescenta Licínio Nogueira. Face às críticas de que esta é uma direção que se deixou perpetuar à frente da instituição, Carlos Neto que é presidente da Cerci há 30 anos, refere que ao longo dos anos deixaram de aparecer outras listas concorrentes às eleições. “Mas também devo dizer que estou aqui pro bono”, diz. As eleições serão em março do ano que vem, e segundo apurámos não haveria vontade da direção em continuar, mas Licínio Nogueira diz que esta é uma questão ainda prematura, “até porque não faz parte da nossa forma de estar abandonar o barco numa altura tão crítica”. “Se a situação financeira ficar sanada porque não aparecer uma nova direção com outras ideias e outros projetos”, deixa no ar, garantindo – “Não estamos presos a isto”. Os dirigentes referem ainda que o apoio da Câmara, no valor de 20 mil euros anuais, sendo a IPSS que mais verbas recebe no concelho “são bem-vindos mas acabam por não ser determinantes porque os nossos encargos rondam o milhão e meio de euros anual”. Licínio Nogueira acrescenta ainda que a IPSS recebe na proporção de utentes inscritos, conforme consta do Diário da República. |
|
|
PUB
Nesta fase da instituição, projetos para o futuro é algo que vai ficar no fundo da gaveta, dada a necessidade de grande “ginástica financeira”. Para trás vai ficar, para já, o sonho de uma residência para os utentes mais velhos – “Temos pessoas com cerca de 50 ou 60 anos que já não deviam estar aqui, faz-lhes falta um edifício com outro nível de adaptação para esta faixa etária, mas nem vale a pena falar nisso, não temos sequer condições para iniciar o projeto”.
A última obra de relevância da instituição foi mesmo a inauguração em 2015 do novo edifício com a valência de Centro de Atividades Ocupacionais com capacidade para 40 utentes na área de atividade ocupacional e 12 em sistema de residência, numa obra de 1,3 milhões de euros. No total a instituição apoia 120 utentes em Azambuja, e 130 nas instalações de Olhalvo, concelho de Alenquer. Só adultos são cerca de 40, a que acresce o facto de muitos destes homens e mulheres terem sido deixados ao cargo da instituição, e abandonados pela família, nunca mais os visitaram nem tão pouco pagam as mensalidades. “O Carlos é o pai deles”, ilustra Licínio Nogueira. |
NOTÍCIAS MAIS LIDAS Bombeiro de Alcoentre vítima de fuga de gás Destaque de Edição: Hora H para a PPP de Vila Franca de Xira Câmara de Vila Franca aprova moção da CDU para suspensão do pagamento de portagens na A1 Hospital de Vila Franca de Xira vai atribuir bolsas de estudo a estudantes do ensino superior da região |
PUB
Comentários
Seja o primeiro a comentar...
Nota: O Valor Local não guarda nem cede a terceiros os dados constantes no formulário. Os mesmos são exibidos na respetiva página. Caso não aceite esta premissa contacte-nos para redacao@valorlocal.pt