Sofia Theriaga, diretora do ACES Estuário do Tejo
“Que venham as vacinas em grande escala que vacinaremos de segunda a domingo” A responsável garante que todas as pessoas da região estão a ser contactadas para a vacina contra a Covid-19
|26 Fev 2021 17:09
Sílvia Agostinho Em vésperas do eclodir da pandemia tornou-se diretora do ACES Estuário do Tejo. Com 51 anos, e natural de Tomar dá conta do ponto de situação no processo em curso de vacinação. O estado de espírito dos profissionais não podia ser melhor. E revela que durante o último ano todos os que fazem parte do ACES ganharam uma capacidade de adaptação e de resiliência que nenhuma má notícia consegue abalar.
Valor Local – É dado hoje (13 de fevereiro) o pontapé de saída na vacinação contra a Covid-19 na nossa região com esta primeiro apontamento, se podemos dizer, no Centro de Saúde de Alverca. É também um momento marcante? Sofia Theriaga - Sim de facto é um dia muito importante. Numa situação normal, os nossos profissionais estariam em casa com as famílias, mas decidiram fazer parte desta campanha que começa hoje. Temos um número muito significativo de profissionais a vacinarem utentes e até colegas. Qual é ponto de situação quanto ao stock de vacinas, dado que se fala numa escassez dados os problemas a montante com os laboratórios internacionais? Vamos gerindo o nosso trabalho em função do stock existente e cumprindo em função dos lotes que nos são entregues e temos conseguido fazer esse trabalho. Hoje é o primeiro dia e é bom para olearmos os nossos circuitos internos. Por parte dos utentes há um misto de alegria e ansiedade. Quanto a nós profissionais do ACES ganhámos no último ano uma capacidade de resiliência e de adaptação que faz com que estejamos preparados para tudo. Temos basicamente pessoas de Alverca a serem vacinados hoje? Sim, porque a quantidade de vacinas ainda não justificava a abertura do pavilhão multiusos e optámos por fazer no centro de saúde e convocar os utentes mais idosos. A maioria das pessoas quis tomar a vacina? O balanço é positivo. Os familiares também estão a colaborar. Se algum utente não tiver forma de se deslocar também estamos aqui para ajudar nessas situações. Ninguém vai ficar para trás. Em cada um dos concelhos que compõem o Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo: Azambuja, Benavente, Alenquer, Vila Franca de Xira e Arruda dos Vinhos está preparada uma infraestrutura para receber as pessoas que serão vacinadas, desde pavilhões municipais a outros espaços mais amplos. Estamos a falar de mega pontos de vacinação para quando tivermos um stock de vacinas suficiente e estamos preparados para vacinar em massa. Os nossos profissionais estão super motivados e colaborantes e esperamos ter sucesso. Haja vacinas em quantidade suficiente que vacinaremos de segunda domingo! De que forma o ACES se está a articular, de forma a que ninguém fique de fora do processo de vacinação, sobretudo, nesta altura, em que estão a ser chamadas as pessoas com mais de 80 anos, muitas delas sem a mesma capacidade de aceder a um telemóvel (dado que os contactos passam pelo envio de uma mensagem) em comparação com a população mais jovem? No terreno como é que vai ser? Os nossos secretários clínicos estão a fazer um trabalho muito exaustivo nesse aspeto e ontem tivemos muitos deles o dia inteiro a confirmar contactos, e quando temos dificuldades pedimos às juntas de freguesia para nos ajudarem a corrigir algum contacto que possa estar menos bem. O intuito é criarmos meios e pontes com utentes que possam não estar tão acessíveis. Ninguém vai ficar para trás porque a nossa vida é isto nos cuidados de saúde primários. Estamos próximos dos utentes, temos equipas de enfermagem a fazer cuidados domiciliários e temos certeza de que com a ajuda das autarquias conseguirmos levar esta missão a cabo. Mesmo que informaticamente não seja possível, faremos o que estiver ao nosso alcance para chegarmos a toda a gente. Todos têm sido incansáveis connosco por parte das autarquias. Tivemos alguns casos de surtos em vários lares da nossa região. Já está praticamente terminado o processo das duas tomas em algumas instituições. Contudo e apesar de sabermos que apenas uma dose não é suficiente, não deixa de ser estranho o número de casos que tem aparecido não só aqui na área do Estuário do Tejo como também no resto do país? Cada caso é um caso. Há inúmeras situações que podem contribuir para esses quadros, até porque os profissionais desses lares circulam todos os dias para fora. Por outro lado, temos utentes que saem para consultas hospitalares. As estruturas residenciais para pessoas idosas não são estanques pois como sabemos os vírus podem entrar das mais diversas formas. Têm acontecido casos de pessoas que registam fortes efeitos secundários depois da toma da vacina. Qual é a experiência que o ACES regista até ao momento nesta matéria? É normalíssimo, mas depende de cada pessoa. Nos profissionais vacinados no ACES temos assistido aos mais variados quadros, desde pessoas sem reações quer à primeira ou segunda dose, quer outros apenas com reação a uma das doses e pessoas sem nenhuma reação. Depende muito do nosso organismo. Funciona em parte como a vacina da gripe e é natural. As pessoas não devem assustar-se. Quem desejar pode entrar em contacto connosco. Temos assistido a vários casos de pessoas que pertencem a instituições, mas que não estão na linha da frente que acabaram por tomar a vacina, qual é a posição do ACES? Normalmente enviam-nos uma lista com vista ao dia da vacinação. As diretoras técnicas das ERPI elaboram essas listas, mas nós não temos conhecimento daquilo que é a função das pessoas nessas instituições. Temos de confiar nas listas que nos são confiadas. E o que está previsto para o caso das sobras? Nós temos feito um esforço enorme dentro do agrupamento e das equipas que estão a vacinar e quando surgem as sobras chamamos os profissionais de ERPI’s vizinhas para irem à vacina de maneira a minimizar essa questão, sem fugir das orientações. Se porventura no local estivessem elementos das forças de socorro como bombeiros ou pessoas da Cruz Vermelha seriam considerados? Não foram considerados até esta altura. Agora já podemos, mas não no início da vacinação. Acompanhavam apenas as equipas. Quantas pessoas com mais de 50 anos com as patologias já referidas associadas bem como os idosos com mais de 80 anos vão ser vacinadas aqui na área do ACES – Estuário do Tejo? Estamos a falar de 18 mil 500 utentes para um universo completo de 235 mil pessoas, mas ainda deve crescer porque ainda aguardamos indicação dos médicos do privado. Quem não tiver médico de família mais dificilmente será convocado para a vacina? De todo. Posso dizer-lhe que as pessoas que hoje estão a ser aqui vacinadas são da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Alverca sem médico de família e não têm médico de família. Não fazemos distinção. E quanto aos imigrantes? Se tiver autorização de residência atribuímos um número provisório de utente e não haverá grandes dificuldades. Quanto aos outros que ainda não estejam completamente legalizados e penso que regra geral estamos a falar de pessoas ainda jovens, ainda têm, nesta fase, algum tempo para formalizarem a sua situação de forma a poderem ser convocados. |
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