Universo do Campino homenageado em Samora CorreiaExposição fotográfica patente no Palácio do Infantado
Sílvia Agostinho
03-09-2018 às 21:56 “Campino, do Campo à Festa” é o nome da exposição inaugurada no Palácio do Infantado em Samora Correia. A exposição fotográfica dá a conhecer trabalhos de nove fotógrafos. Em evidência a arte da campinagem, a devoção a Nossa Senhora de Alcamé, o ritual da ida às festas de Samora Correia. Este foi também o mote para o lançamento da candidatura do campino e da lezíria a património da Unesco que o município de Benavente está desde já a preparar, até porque e como salientou o animador cultural da Câmara, Joaquim Salvador, “os campinos vão a todo o lado mas são nossos” até porque nos dias de hoje já são poucos e a grande maioria nasceu e cresceu neste concelho. “Foi aqui que eles foram paridos!”, disparou já no seu habitual estilo teatral o também ator.
Os protagonistas da exposição são mesmo os campinos e o Valor Local falou com duas gerações sobre como é ser campino hoje em dia. Para Rui Moura que trabalha no campo desde sempre esta concretizou-se como uma homenagem “muito bonita” por parte do município de Benavente. Este campino como não podia deixar de ser também aparece retratado pela objetiva dos diversos fotógrafos convidados. Desde os 18 anos que abraçou a arte da campinagem. Trabalha na Companhia das Lezírias desde há oito anos. Cada vez há menos trabalho, refere Rui Moura, mas mesmo assim a profissão vai conhecendo a entrada de sangue novo nestas lides. É o caso de Pedro Pinedo, 16 anos, que um dia decidiu vir para a campinagem e é com orgulho que no dia da inauguração da exposição, 15 de agosto, vestiu a roupa de gala do campino. Ser campino é um trabalho duro. Todos os dias Rui Moura acorda às seis e meia da manhã. Chega ao trabalho às sete e um quarto – “Agarro no meu cavalo, recebo as ordens e vou à minha vida. Dou a volta ao gado. A nossa vida no campo faz-se de acordo com o trabalho que haja para fazer naquele dia”. Pedro Pinedo começou há pouco tempo por influência do avô, conhecido campino na região. “Desde pequeno que eu ando lá com eles (campinos) mas nos últimos tempos como o meu avô agora quer sopas e descanso tem carregado mais em mim”, diz acrescentando orgulhoso desta espécie de ritual de passagem à primeira liga da arte. Quando se pergunta aos dois se este é um trabalho bem remunerado, Rui Moura diz – “Dá para comer e não passar a fome. Consegue-se pagar as nossas contas! Mas depende dos patrões”. Para Pedro Pinedo o que gosta mais de fazer no campo é de montar a cavalo e andar com os colegas de um lado para o outro naquilo que é preciso fazer na Companhia das Lezírias onde, por enquanto, faz um part-time. Foi criado na Companhia, e ser um campino é algo bem visto pelos amigos, sendo que alguns deles também o são. Vestir num dia como aquele o traje de campino – “É um orgulho para mim porque significa que fui fardado pelo meu avô”. Rui Moura já se farda há uns anos, e é sempre “um orgulho”. A população do concelho, nota Rui Moura, dá valor aos campinos mas sente-se mais próxima das tertúlias pela componente da brincadeira e da “cowboyada”, diz. “Só nos dão mais valor quando são as entradas de touros e as recolhas, porque fora disso passamos despercebidos”, atesta. Rui Moura vai a várias festas na região como campino desde Santarém a Alcochete. A festa mais especial de todas é a de Benavente – “Tem uma boa envolvência”. “É uma festa muito boa e muito rija, principalmente quando é o dia da picaria e do jogo de cabrestos”.
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