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Valor Local debateu “Desafios na gestão da água e saneamento em tempo de pandemia”
Contámos com a presença de Águas do Ribatejo, SMAS de Vila Franca de Xira, Águas da Azambuja, Águas do Tejo Atlântico e ERSAR
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No âmbito do Dia Mundial da Água convidámos vários representantes do setor par refletir sobre os desafios que a pandemia impôs
|05 Abr 2021 11:53
​Sílvia Agostinho

A pandemia trouxe vários desafios ao setor do abastecimento de águas e saneamento. O Valor Local levou a cabo um debate com os vários sistemas e empresas da nossa região, em que ficou bem patente até que ponto a Covid-19 veio também trazer uma reviravolta aos perfis de consumo e a tudo o que está a montante do simples ato de abrir a torneira nas nossas casas. A nível do país um desafio estava sem dúvida ganho à partida: os portugueses praticamente estão todos ligados à rede pelo que  não foi difícil cumprir  o desígnio da higienização e desinfeção, e com isso prevenir males maiores a nível das estatísticas em comparação com o que aconteceu em países como o Brasil onde a falta de acesso a estes recursos fez galopar os números da Covid-19.  E isso mesmo foi sublinhado por Miguel Nunes, do departamento de gestão direta da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) durante o nosso debate que aludiu à “maturidade do setor”.

No dia e a dia e lidar com a pandemia não foi fácil para os sistemas da nossa região. Paulo Oliveira, presidente do conselho de administração da Águas da Azambuja (grupo Aquapor), não deixou de sublinhar que 2020 foi um ano sui generis. No início da pandemia, conta que era difícil garantir equipamentos de proteção individual e álcool gel porque já naquela altura “existia uma grande escassez”. A empresa também criou equipas em espelho e optou por teletrabalho no que respeita ao seu funcionamento administrativo com reforço do call center.

Paulo Oliveira observou que na questão das faturas a empresa optou por dilatar os prazos de pagamento, e atender através de marcação telefónica os munícipes que optam por pagar na loja. O administrador sublinha que a empresa tem mais clientes, porque “mais gente veio morara para o concelho”, mas os perfis de consumo também se alteraram com a pandemia – “Houve um aumento no consumo doméstico porque mais pessoas estiveram em casa, mas também notámos mais consumo empresarial na vertente industrial/logística do nosso concelho, mas consequentemente uma grande quebra nos serviços e comércio como restaurantes e lojas” que foram obrigados a fechar devido à pandemia. Este cenário descrito não fez com que a faturação da empresa divergisse daquilo que foi o ano transato (2019), até porque conseguiu “ganhos significativos no combate às perdas de águas”. A concessionária diz que “os trabalhadores da Águas da Azambuja estão de parabéns porque a qualidade de serviço foi garantida e até melhorada”.

Já no sistema intermunicipal da “Águas do Ribatejo” que serve os concelhos de Benavente, Salvaterra de Magos, Coruche, Almeirim, Alpiarça, Chamusca e Torres Novas questões como garantir equipamentos de proteção individual, assegurar horários desfasados de trabalho, bem como o teletrabalho foram matérias importantes, segundo Francisco Oliveira, presidente da empresa.

A pandemia veio mitigar algumas ambições da empresa quanto à redução das perdas de água e à aposta na tecnologia em prol tão só do funcionamento do sistema em condições normais de abastecimento e saneamento. Contudo “não deixámos de investir seis milhões de euros no sistema de saneamento e melhoria do abastecimento de água”. Os consumos domésticos aumentaram na casa dos três por cento, mas houve uma redução de 12 por cento no comércio e serviços. Deu-se ainda um aumento de cinco por cento de injeção de água na rede por parte deste sistema que ao contrário dos demais da nossa região também faz a captação de água no subsolo.

Esta empresa tem estado debaixo de fogo nos últimos tempos o que deu azo à constituição de um grupo informal de cidadãos que se afirmam lesados por conta do serviço da Águas do Ribatejo, e que já equaciona apresentar queixa no Ministério Público por conta dos famosos acertos nas faturas, e ao facto continuarem a surgir faturas com valores exorbitantes. Há até casos de pessoas com faturas de mil euros. Em parte há valores que se explicam por não ter havido contagem durante  o período de emergência do ano passado, mas há outros considerados inverosímeis, e segundo Francisco Oliveira tal pode estar relacionado com “roturas”, mas garante que “todas as situações dúbias foram e estão a ser corrigidas”. Francisco Oliveira garante ainda que “não foram feitos cortes e permitiu-se o fracionar das faturas”.

Em Vila Franca de Xira, nos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) também se optou pela rotatividade de equipas, e neste concelho “em contraciclo fizemos grandes investimentos sobretudo na telegestão de controle através do CCTV e rede de internet nos 53 reservatórios espalhados pelo município”, referiu António Oliveira presidente dos SMAS. O município lançou ainda a aplicação My Aqua que “obteve uma boa adesão porque devido ao confinamento mais pessoas recorreram a este serviço, onde é possível verificar e pagar faturas, mas também aumentou também o serviço em call-center.”

O também vice-presidente da Câmara de Vila Franca deixou o desabafo junto de Miguel Nunes da ERSAR que durante este último ano não se observou qualquer tipo de “facilidade” da alta para com os “sistemas em baixa”. O presidente dos SMAS não hesitou em demonstrar que cobrar dívida de um bem essencial como a água não é fácil nem popular, mas a legislação também “não ajuda nessa cobrança”. Só na dívida a seis meses os SMAS têm um milhão de euros na rua nesta altura referente ao ano de 2020, “já para não falar da dívida a um ano” e quando este tipo de setor exige investimento constante, e quando a Águas de Vale do Tejo /EPAL quer “receber mensalmente aquilo que lhe compramos”. Este ciclo “pescadinha com rabo na boca” preocupa o presidente dos SMAS porque se não se consegue cobrar como é que se consegue pagar?, deixou a interrogação. Miguel Nunes compreendeu o sentimento de António Oliveira mas referiu que o regulador não pode fazer nada. “É questão de existir um entendimento entre a alta e a baixa, mas no que respeita à legislação e quanto à cobrança não podemos fazer nada. Tem de existir um acordo entre as partes”.
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Eunice Cortês, diretora regional de operações da zona norte da Águas do Tejo Atlântico, referiu que também foram seguidas as mesmas regras impostas pela pandemia no âmbito da rotatividade de equipas, mas a Covid obrigou também “à contratação de mais trabalhadores no regime de trabalho temporário” para a operacionalidade do sistema “que foi bem sucedida”, e ainda recorrer ao aluguer de “contentores” para aumentar as áreas comuns.
Com mais pessoas em casa, a operadora em alta conseguiu “manter os mesmos níveis de serviço”. O coronavírus está presente nas fezes humanas e por isso conflui às estações de tratamento e como tal foi muito exigente “eliminar qualquer foco de contaminação” nas infraestruturas da Águas do Tejo Atlântico, nas ETAR.

OUÇA O ÁUDIO
Jornal Valor Local · DEBATE DESAFIOS NA GESTÃO DOS SISTEMAS DE ÁGUA E SANEAMENTO EM TEMPO DE PANDEMIA

​Secretária de Estado do Ambiente deixa mensagem ao setor

O nosso debate contou ainda com uma mensagem inicial por parte da secretária de Estado do Ambiente, Inês Santos Costa que apelou ao setor para continuar exigente no caminho da modernização no âmbito da metas do PENSAAR 2020. Numa altura em que a escassez dos recursos naturais está na ordem do dia, na sua opinião é tempo do setor reinventar-se e tornar-se mais resiliente numa ótica de circularidade na gestão e regeneração da água e do saneamento. O recurso mas também o produto água já está cotado em bolsa, e isso pode significar um ponto de viragem na forma como entendemos este serviço no momento atual em que todos têm de ser responsabilizados do consumidor ao Estado passando pelas empresas. A governante referiu ainda que o setor estará contemplado na estratégia do Plano de Recuperação e Resiliência que prevê a chegada de 45 milhões de euros de fundos europeus para Portugal.
 
 
Projeto Eco2Covid para saber como o vírus se comporta dentro das ETAR

A Águas do Tejo Atlântico em parceria com o Inova +, a Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e a Universidade de Coimbra está a desenvolver o projeto “Eco2Covid” que tem como objetivo analisar a água residual e monitorizar a vertente epidemiológica da população. No fundo, saber o que acontece ao vírus quando entra nas ETAR, e como é que ele se comporta dentro do processo de tratamento. Através de biossensores que desenvolvem uma coloração na presença do vírus é efetuado um mapeamento epidemiológico do coronavírus em que a informação vai sendo armazenada e ligada geograficamente com o objetivo de se conseguirem apurar estatísticas e informações ligados ao fenómeno da pandemia.
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