Vasco Gargalo, cartunista de Vila Franca de Xira:
“Nesta profissão corremos riscos e fazemos riscos”

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Numa altura em que a profissão de cartunista nunca foi tão falada como agora, devido aos trágicos acontecimentos de Paris com a morte de vários profissionais do jornal satírico Charlie Hebdo, fomos conhecer Vasco Gargalo, natural de Vila Franca de Xira, e um dos mais  requisitados cartunistas nacionais. O vilafranquense assume que há alturas em que tem mais trabalho, todavia não se queixa de ter seguido a sua paixão como profissão.

Aos 38 anos, Vasco Gargalo lembra que o seu percurso estava traçado à partida. Os desenhos começou a fazê-los quando o pai comprava o jornal “A Bola”. Começou por desenhar algumas figuras do desporto, que num ápice ia, depois, mostrar ao pai, que lhe dava as indicações de como devia melhorar.

Vasco Gargalo lembra que tudo começou em casa. Quando usava o jornal que o pai comprava para fazer os primeiros desenhos. Jornal esse, sempre muito esperado, com trabalhos de Francisco Zambujal, uma das suas primeira referências. Anos mais tarde, o empenho que Vasco viria a colocar nos seus trabalhos valeu-lhe os primeiros prémios e o aplauso do público que ainda hoje lhe reconhece o trabalho e a dedicação.

Vasco Gargalo já participou em diversas exposições. O artista partilhou com os melhores do mundo o “Cartoonxira” em 2002 a convite da Câmara de Vila Franca e do organizador, o também cartunista “António”, com quem mantém uma relação profissional há vários anos, admirando o seu trabalho e o estilo.

Aliás, Vasco Gargalo salienta a importância do “Cartoon” sem palavras. Algo que é comum no colega António e também nos seus próprios trabalhos. Vasco diz que “é um desafio conseguir passar a mensagem sem palavras”, mas ainda assim é algo que vai fazendo nos seus trabalhos.

Ainda assim, Vasco salienta que trabalha em regime de freelancer. O artista explica que tenta fazer o mais variado número de coisas dentro da ilustração e do cartoon, até porque também ele sente a crise que atualmente paira na comunicação social. “Neste momento, vou-me dividindo entre os cartoons e caricaturas pela ilustração editorial, livros infantis e outros projetos artísticos. Tentando sempre construir, encontrar um caminho e um lugar num jornal de tiragem nacional através do meu trabalho.”

Recentemente, o vilafranquense esteve a representar o nosso país no Salão Internacional de Humor do Piauí, em Parnaíba, no Brasil. Uma viagem importante que deu para mostrar os seus trabalhos aos melhores cartoonistas brasileiros e estar junto dos ícones daquele país da América Latina.

Todavia, a vida profissional de Vasco Gargalo não fica por aqui, em 2009 venceu o “Prémio Stuart”. A iniciativa premiou um trabalho sobre “Personalidades portuguesas do século XX”, e foi publicado a 7 de Março de 2008 no Jornal Público.

O cartunista venceu um outro prémio, integrado nas festas da cidade de Lisboa dedicado aos santos populares. O artista confidenciou ao Voz Ribatejana que aquele concurso tinha sido lançado pela primeira vez. “O tema era livre mas tive a felicidade de ganhar com uma sardinha”, numa junção entre o fado e as festas de Lisboa. “Uma combinação feliz.

O massacre do Charlie Hebdo

A tragédia que vitimou cartunistas do jornal satírico Charlie Hebdo deixou uma marca profunda em Vasco Gargalo. “Este massacre tocou-me em particular, pelas vítimas que são cartunistas, pela liberdade de expressão e de imprensa que foi atingida, e pelo radicalismo e fanatismo praticado em nome de uma religião, provocando ainda mais a islamofobia na sociedade ocidental”, descreve. O cartunista é da opinião de que “com este atentado ao jornal satírico Charlie Hebdo, contudo, levantou-se a questão e dúvidas sobre a atual liberdade de expressão, em torno das fronteiras do humor. O humor mais que fazer rir, deve fazer pensar e com este atentado deixou-nos todos a pensar sobre este assunto.”

Cabu, Charb, Tignous, Wolinski e Honoré,  foram referências para muitos jovens cartunistas: “Nunca tive a oportunidade de contactar com estes excelentes cartunistas, mas ficam os seus desenhos que comunicam com o mundo inteiro para sempre.”

A liberdade do cartunista é condição essencial, mas também Gargalo conheceu a censura por parte de um jornal nacional – “Sim, uma vez rejeitaram um trabalho meu num jornal de tiragem nacional, nesta profissão corremos riscos e fazemos riscos. Podemos ser rejeitados ou reconhecidos pela nossa opinião nem sempre conseguimos agradar a todos, mas a magia é essa!”, descreve -  “Nesta área, comunicar ou expressar uma opinião através do desenho de uma forma inteligente e sublime tocando sempre na ferida sobre o tema a retratar, mais vale uma imagem do que mil palavras.”

Gargalo acredita que o acontecimento em Paris possa trazer outra luz para a forma como o público encara a profissão de cartunista – “Sou da opinião que provavelmente poderá trazer outro respeito, poderá enaltecer esta profissão, até mesmo, mudar algumas mentalidades relativamente a esta arte tantas vezes menorizada. Que a morte de uns façam-nos cada vez mais acreditar. Sempre!”

Miguel António Rodrigues/Sílvia Agostinho
25-01-2015

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